Verifica-se que, com excepção do chá, que acusa uma melhoria de 1083 t, no valor de 8836 contos, todos os restantes produtos de exportação sofreram uma substancial quebra, apenas se distinguindo a copra e o sisal, que, embora tenham diminuído as suas exportações em tonelagem (672-91 e 1854 t a menos), apresentam aumentos de 31 722 e 27 028 contos, respectivamente, o que se deve, como é óbvio, ao alimento do valor unitário destes dois produtos.

Como complemento do anterior, apresentamos seguidamente um quadro elucidativo do destino que tiveram os produtos exportados pela província durante cada um dos anos do quadriénio em referência:

Verifica-se aqui que a metrópole continua a ocupar o 1.º lugar, com uma percentagem de 48,38 sobre o total das exportações. Segue-se-lhe a União da África do Sul, que, em relação a 1958, ultrapassou a índia, passando a ocupar o 2.º lugar na escala dos consumidores e relegando esta para o 3.º posto, que então ocupava.

Quanto aos restantes consumidores, apenas é digna de registo a subida da Noruega e a descida das Rodésias e Niassalândia e do conjunto Bélgica-Luxemburgo, que passou em 1959 a ocupar o último posto, por troca com a Suíça. Finalmente, a terminar o nosso relatório sobre o panorama do comércio externo de Moçambique, e a fim de que melhor se compreenda o porquê dos números apresentados nos quadros que atrás ficam, achamos aqui cabimento para uma breve análise do que se passa com a agricultura e a indústria da província:

Como já anteriormente demos a entender, embora de uma maneira sumária, a agricultura tem na vida económica de Moçambique uma importância superior à das indústrias transportadora, transformadora e mineira, indústrias que, aliás, salvo a primeira, têm ainda horizontes relativamente modestos.

Nenhum produto agrícola tem na província maior reflexo na sua balança comercial e no volume das transacções com o nativo do que o algodão.

O desenvolvimento da cultura algodoeira em Moçambique iniciou-se em 1932, quando, pelo Decreto n.º 21 226, se instituiu na metrópole um grémio para o algodão das províncias ultramarinas. Até então a sua produção média anual em Moçambique não ia além de 1500 t; mas logo nos anos seguintes as exportações do produto começaram a elevar-se, atingindo no sexénio de 1933-1938 a média de 4804 t. Neste último ano, com a orientação da Junta do Algodão, e por força de uma maior expansão da cultura, as exportações elevaram-se de novo, atingindo no quinquénio de 1939-1943 a média anual de 9613 t. Em 1943 foi criado o Centro de Investigação Científica Algodoeira, e com o Decreto n.º 35 844 deu-se novo impulso à sua cultura. Em consequência, as exportações deram um novo pulo, atingindo rapidamente n média anual de 22 895 t no quinquénio de 1944-1948, e nos anos posteriores não cessaram de se elevar, alcançando na campanha de 1952-1953 uma produção da ordem das 40 000 t.

Em 1955, polo Decreto n.º 40 405, foram alteradas certas disposições do regime de concessão das zonas algodoeiras nas províncias ultramarinas: estabeleceram-se novas obrigações para os concessionários dessas zonas e elevou-se o preço do algodão 2$ por quilograma, de forma a permitir a fixação de mais altos preços ao produtor nativo, sendo o contingente de algodão a fornecer pelas províncias ultramarinas à indústria metropolitana de 46 000 t.

Na campanha algodoeira de 1956-1957 verificou-se, por sua vez, uma produção de algodão caroço do 108 000 t, a segunda melhor de sempre, sòmente ate hoje ultrapassada pela que teve lugar em 1952-1953, em que a produção atingiu as 125 000 t.

Em 1958 a produção baixou para 92 270 t e em 1959 para cerca de 92 000 t apenas. Todavia, é de notar que tais produções, embora menores do que a obtida em 1956-1957, não deixam de merecer certo relevo, porquanto, como se disse, a de 1957 foi verdadeiramente excepcional, se bem que absolutamente dentro das grandes possibilidades da província neste campo.

Aliás, do facto de estar assegurada a colocação quase total da produção da província no mercado metropolitano resultam perspectivas encorajadoras e de certa firmeza para o produto em referência.

Outro produto básico na economia de Moçambique é o sisal, de grande valor e ocupando também uma vasta área de cultura na província.

Mas, ao invés do que sucede na cultura do algodão, onde a natureza nacional do circuito produção-consumo assegura grande estabilidade de preços, a produção de sisal, na sua quase totalidade escoada para mercados estrangeiros, está sempre sujeita às flutuações dos preços internacionais.

As suas colações nas grandes bolsas de mercadorias do Mundo atingiram em 1947 níveis compensadores, e