De registar apenas o sensível aumento nas exportações para as outras províncias ultramarinas, aumento que, aliás, se resumiu, como se pode ver no quadro

anterior a este, ao incremento havido na exportação para Macau. Segue-se um quadro demonstrativo da oscilação da balança de pagamentos no último quadriénio:

Conforme se constata, fechou em 1959 a balança de pagamentos da província com um saldo positivo de $ 3 053 151,00 o maior entre os apurados no último quadriénio.

Este saldo revela, como subsequentemente veremos, uma tendência de bom sistema para o equilíbrio económico.

O movimento do comércio externo assumiu no valor das trocas uma oscilação que, embora mantenha deficitária a balança comercial da província, pressagia, contudo, uma melhoria cambial notável em relação ao passado.

A posição da balança comercial foi em 1959 a seguinte:

Exportarão ................$ 6 935 133,02

Ora, se considerarmos que o montante da exportação se achou aqui com bise em valores fiscais (que são inferiores aos valores reais em cerrais de 20 por cento), facilmente se entenderá que a balança comercial alcançou em 1959 uma- posição muito satisfatória, tanto mais que só 80 por cento dos valores recebidos figuram nas entradas.

É verdade que também nem todas as importações são pagas com fundos da província, mas até assim o quadro se nos mostro com boa perspectiva mesmo, porque, e tanto mais por isso, bem certo é, infelizmente, que os principais produtos de exportação de Timor estão atravessando um ciclo de cotações depressivas.

Mas comparemos aqueles números com os equivalentes de 1958. Temos:

Vê-se que as importações liquidadas pelo Fundo cambial decresceram em 1959, relacionando-as com as de 1958, exactamente de $ 89 408,29. O facto parece indicar, visto não ter havido praticamente restrições sensíveis das importações de bens de consumo e de apetrechamento, que se atingiu na província um estágio económico de relativo equilíbrio entre o progresso social que se processa e o surto do desenvolvimento das fontes de riqueza que rendem valores cambiais.

Não fora a deterioração das cotações do café nos mercados externos, e já agora podia a província, como sói dizer-se, «respirar fundo» quanto a divisas, pois os sinais do binómio importação-exportação ter-se-iam invertido, com a produção a servir de motor a um volume e a uma aceleração dos meios de pagamento que então talvez tivesse de vir a ser refreada para se Fugir ao perigo da inflação.

Cremos assim sinceramente que a economia de Timor está finalmente atingindo um meio termo salutar, proporcionado pelos, m ecanismos naturais dos mercados externos, situação que a manter-se, nos dará azo a receber a seu tempo e sem perturbações o provável período cíclico de uma supervalorização do principal produto de exportação da província: o café.

Posto isto, à semelhança do que fizemos para as outras províncias ultramarinas, e obedecendo ao critério já enunciado de que os números, só por si. pouco dizem quanto à capacidade económica de uma província, vamos seguidamente fazer uma breve resenha da agricultura e indústria de Timor, analisando-as sob o ponto de vista objectivo.

Para começar, diremos que Timor se encontra numa fase de desenvolvimento económico assente num mais intenso aproveitamento dos seus recursos agrícolas.

A longa distância a que se encontra da metrópole e a sua relativa pequenez física e demográfica têm contribuído para que o seu progresso seja lento. Mas as prospecções de petróleo, recentemente iniciadas e que se afiguram dever ser coroadas de êxito, repres entam uma esperança de que a situação ora existente se modificará nos aos vindouros.

A agricultura timorense orienta-se para uma cultura paralela dos géneros básicos de alimentação dos povos nativos e produtos para exportação: é a situação clássica de todos os países novos, com um restrito mercado interno, quer em capacidade, quer em diversidade.

O milho e o arroz são os géneros básicos da alimentação timorense, a que se sucedem, num plano mais modesto, o feijão, a mandioca e as batatas, enquanto, com se viu já, os principais géneros de exportação se resumem ao café, à copra e à borracha.

Desde há uns anos, porém, que deixou de haver na província importação de milho e arroz, o que bem dá uma ideia da extensão e importância da sua cultura, já que por falta de dados estatísticos não podemos apresentar números que a eles se refiram, o mesmo, sucedendo ao feijão, à batata e à mandioca, que, juntamente com outros produtos de menor importância, tornam a província auto-suficiente no respeitante ao seu consumo.

Todavia, esta auto-suficiência não exclui a hipótese de nos anos maus, se ter de importar este ou aquele género cuja carência seja mais acentuda, da mesma forma que não exclui também a possibilidade de se exportar o excedente das necessidades do consumo, como algumas vezes, parece ter já sucedido.

Todos estes géneros, chamados pobres, são produzidos pelos nativos em trabalho manual. Apenas na debulha do arroz começaram em 1955 a empregar máquinas, adquiridas pelo Governo da, província e distribuídas por alguns dos maiores centros produtores. E como o resultado obtido se tenha mostrado bastante satisfatório, continua o Governo a esforçar-se por generalizar tanto quanto possível o uso das debulhadoras e outros meios mecânicos, poupando assim aos nativos inúmeros dias