de penoso trabalho, que desta maneira poderão dedicar a diversas outras fainas.

Embora as características do meio timorense não sejam propícias à criarão de gado, avalia-se a sua existência em cerca de meio milhão de cabeças, de entre as quais bois, búfalos, cavalos e porcos são as espécies de maior relevo.

Em tempo idos chegou a exportação de peles a atingir os 100 t, mas hoje, devido às imposições sanitárias, está ela, reduzida a pouco menos que nada, pelo que a riqueza pecuária da província é agora reservada exclusivamente para consumo interno e como instrumento de trabalho agrícola, não oferecendo, por isso, qualquer interesse do pauto de vista de exportação.

À indústria de Timor mal ensaia os seus primeiros passos; o mercado interno muito restrito e a ausência de capitais e de técnica limitam a bem pouco os seus horizontes, pelo que há apenas a assinalar um muito reduzido número de estabelecimentos rudimentares: duas pequenas instalações para extracção do óleo de copra, pequenas fabriquetas de sabões -que satisfazem, contudo, o mercado interno, com um produto, ao que sabemos, de boa apresentação e qualidade-, refrigerantes e manteiga e queijo, também de boa qualidade, mas em volume que não chega para satisfazer as necessidades de consumo.

Por outro lado, a pesca, que poderia ser uma actividade prometedora, é também uma indústria de restrito desenvolvimento, pois poucos são os nativos que a ela se dedicam.

Espera-se, no entanto, que, quando se fizerem sentir os resultados da actual política de fomento florestal e agrícola, outras actividades industriais surjam, utilizando matérias-primas. A terminar, e em vista do que atrás ficou exposto, não podemos deixar de concluir que as perspectivas económicas de Timor se apresentam um tanto animadoras, se bem que, pelo menos por enquanto, seja ainda o sector agrícola o único produtivo, muito embora, do ponto de vista técnico, ele enferme de variados males, entre os quais destacamos, pelos seus nefastos resultados imediatos, a persistência da economia rudimentar, a resistência das forças de inércia à transformação de produtividade agrícola e a pouca ou quase nula animação do mercado de trabalho, originada, ao que sabemos, no facto de ser preferida a mão-de-obra a baixos salários, com a consequente obtenção de fraquíssimos resultados práticos.

Porém, o predomínio maciço da população rural (à roda de 96 por cento do total da população, segundo os últimos cálculos), se, por um lado, nos dá uma ideia de certo atraso social, garante-nos, por outro lado, grandes possibilidades de, em potência e a curto prazo, se cons eguirem importantes meios de acréscimo produtivo em todos os sectores da actividade económica da província.

Daqui o convencimento em que estamos da recuperação económica total de Timor. De tudo quanto ficou dito anteriormente podem tirar-se as seguintes conclusões:

1.º As contas mostram-se bem elaboradas e os resultados que delas constam estão conformes com os elementos que as instruem;

2.º A actividade financeira do ultramar decorreu normalmente;

3.º Os resultados obtidos, quer na gestão das receitas, quer na gestão das despesas, significam que continuaram a merecer o melhor acatamento as boas regras de administração.

Direcção-Geral de Fazenda do Ministério do Ultramar, 18 de Novembro de 1960.- O Director-Geral, Mário Marques Pinto.