pautavam a conduta dos Estados é de certo modo condicionavam a sua admissão na comunidade internacional. Era admissível asilar políticos em desgraça, mas não se admitia organizar bandos de guerrilheiros, para intervir em território alheio, alimentar programas de difamação, financiar a sublevarão de populações putrificas, fornecer armamento, preparar cientificamente revolucionários. Pois tudo se faz hoje e se apregoa com a altiva segurança de estar servindo grandes causas, ao mesmo tempo que se tem como norma Migrada a boa vizinhança e a não intervenção nos negócios internos dos listados. Está a abusar-se da hipocrisia do cinismo.

Oração.

Com eles desaparece na sociedade internacional o mínimo de confiança e de respeito mútuo, indispensável à vida.

Oração.

Aplausos

Entretanto, temos de continuar a nossa vida, executar os nossos programas, promover os nossos empreendimentos, tão firmemente, tão serenamente, como se não fosse já escândalo para o Mundo a pretensão de continuarmos a defender o que muitos vêem ameaçado e alguns julgam mesmo perdido, na esteira de acontecimentos recentes que, aliás, se processaram em linhas muito diversas. Não vejo que possa haver descanso para o nosso trabalho nem outra preocupação que a de segurar com uma das mãos a charrua e com a outra a espada, como durante séculos usaram nossos maiores.

Demorada avocação.

Esta nova tarefa, cujo peso nem sequer podemos avaliar, é desafio lançado à geração presente e vai ser uma das maiores provas da nossa história. É preciso ter o espírito preparado para ela; exigirá de nós grandes sacrifícios, a mais absoluta dedicação e, se necessário, lambem o sangue das nossas veias, como já foi em Goa e noutras partes. Esta é a nossa sina, isto é, a missão da nossa vida, que não se há-de amaldiçoar, mas bendizer pela sua elevação e nobreza.

Aplausos demorados.

Daqui a poucos anos - dois? três? quatro? - uma de duas coisas se observará em África: o progresso paralisado em muitas das suas extensões, com a, total ruína das economias, a degradação das populações e o horror das lutas intestinais, ou então tentativa ou experiências de colonialismo internacional, irresponsável e só por isso inumano, diante do qual o preto, diplomado ou não, será apenas uma unidade estatística. Então, muitos dos que, no alvoroço do momento, exigem a emancipação dos territórios portugueses, sem outra vantagem que desintegrá-los da Mãe-Pátria e com isso diminuir a resistência da Península, pensarão que prestámos grande serviço à Humanidade com o nosso exemplo às populações ultramarinas de todos os credores e cores tê-las defendido e poupado a novas do escravidão.

Oração.

Há já muito tempo que abandonei a controvérsia com a União Indiana a propósito de Goa. Parece-me que nos, inferiorizava este como diálogo de surdos e nada se adiantava em repetir indefinidamente as mesmas recusas às mesmas pretensões.

Apoiados.

O primeiro-ministro da União Indiana é, ao mesmo tempo que figura internacional de grande relevo, chefe de partido e de uma maioria parlamentar. Inventou a questão de Goa, que não existia; multiplicou depois os meios com que obtivesse satisfação às suas ambições, e não foi feliz. Vê-se, porém, obrigado a cada momento, na imprensa e nas Câmaras, a dar explicações, a reiterar promessas, a alimentar o fogo sagrado.

Apoiados.

A sua tese básica é que a geografia dita o direito político, cria, define e autentica a soberania. É evidente que o nosso Estado da Índia pertence geogràficamente ao Indostão, mas se por esse tanto devesse fazer parte da União Indiana, outros Estados ora independentes estariam condenados a ser absorvidos nela.

Em certo momento a China perfilhou a doutrina, aplicando-a, ao que parece, a regiões indianas do Himalaia; mas Caxemira continua privada de se integrar, como é sua vontade, no Paquistão, com certo escândalo mundial. Isto significa que a doutrina do primeiro-ministro não é segura nem domina todos os casos, e que para cada interesse tem de formular uma tese que o proteja ou sirva de base às suas reivindicações. É evidente que a situação criada não acredita uma nação como a índia nem os seus mais altos dirigentes.

Apoiados vibrantes.

Verificámos então que a União Indiana, para se refazer do prestigio abalado, tomou afincadamente na O. N. U. a chefia da oposição afro-asiática contra Portugal, na esperança de, multiplicando as dificuldades pelos vários territórios portugueses, sentir maiores facilidades para as suas pretensões quanto a Goa. E não só quanto a Goa, mas quanto ao Leste africano, em que tem postos os olhos. E quer também entregar Macau à China e o Timor Português à República da Indonésia, que mais de uma vez tem afirmado não lhe pertencer.

Foi no entanto para nós grande satisfação verificar que as dezenas de milhares de goeses do Quénia, mau grado os aliciamentos e pressões de agentes indianos o apesar da situação delicada em terra estranha, ainda há poucas semanas revelaram, na inauguração do Forte de Jesus, em Mombaça, e da estátua de Vasco da Gama, em Melinde, com a presença do nosso Ministro da Presidência, como era vivo e profundo e sincero e seu portuguesismo.

Nós respeitamos como grande potência asiática a União Indiana e ao pretendermos manter relações do boa vizinhança não cumprimos senão o nosso dever. Não fazemos estendal nem das revoltas, nem das fomes, nem das epidemias, nem das vítimas de todas as insuficiências. Nós temos obrigação de crer que o Governo faz os máximos esforços por não deixar morrer de fome o seu povo, por elevar-lhe o nível de vida, por diminuir as diferenças sociais. Mas não nos parece bem - e é