tinuava a apresentar índices de franco progresso, tendo a ritmo da expansão ultrapassado, na generalidade dos países, a média do último quadriénio.

Dois factores primaciais favoreceram aquela tendência: o desenvolvimento do consumo privado e a intensificação das exportações. Ambos permitiram que a expansão se processasse em clima de relativa estabilidade de preços.

Nesta segunda metade de 1960 mantêm-se, para a Europa, perspectivas de crescimento acelerado, embora a Comunidade Económica Europeia preveja, em relação aos seis países que agrupa, uma taxa de acréscimo da produção industrial inferior à verificada em 1959.

Quanto aos Estados Unidos da América, as preocupações dos economistas, de que o relatório ministerial da exacta conta, mão se filiam propriamente em factos denunciadores de recessão, como há dois anos, mas sim na falta de uma tendência expansiva bem nítida, ao contrário da que se verifica na Europa.

Parece que o fenómeno comporta uniu dupla explicação. Por um lado, a economia de além-Atlântico sofre a competição, cada vez mais forte, dos países europeus, que prosseguem aceleradamente os seus programas de industrialização e são favorecidos, entre outros factores, por menores custos de mão-de-obra. As dificuldades com que têm lutado as indústrias americanas de automóveis e de máquinas-ferramentas filiam-se, em grande parte, nesses factos.

Por outro lado, e não obstante uma balança comercial favorável, o escoamento de ouro dos Estados Unidos - que se observa desde Janeiro de 1958 e se tem ultimamente agravado - também vai actuar, até no plano psicológico, como elemento desfavorável a uma conjuntura francamente expansiva. Julga-se que essas saídas de ouro estejam, em certa medida, relacionadas, não só com a recuperação económica europeia, mas ainda com as taxas de juro mais altas que vêm sendo praticadas na maior parte dos países do velho continente.

O quadro seguinte ilustra as linhas mais salientes do que acaba de expor-se.

Fonte: Boletim das Nações Unidas.

À intensificação da actividade económica em 1959-1960 correspondeu o acréscimo do consumo de matérias-primas, que foi favorecer as exportações dos países produtores de bens dessa natureza.

A melhoria verificou-se principalmente nas quantidades vendidas, pois as cotações não subiram em ritmo paralelo e até, em alguns géneros, como o cacau, acusaram sensível contracção. No 2.º trimestre de 1960 baixaram os preços dos cereais, do açúcar, de algumas fibras (lã, sisal, juta), da copra, do chumbo e do zinco. O facto parece poder atribuir-se à tendência actual de se trabalhar com stocks muito menos avultados do que em épocas anteriores.

O comércio mundial (excluídos os países de Leste) teve em 1959-1960 um acréscimo apreciável. No 1.º trimestre do ano corrente a elevação foi superior a 20 por cento em confronto com período idêntico de 1959. Relativamente ao sector monetário e creditício, note-se, antes do mais, a relativa estabilidade das taxas de desconto nos principais países. Da lista seguinte, somente cinco utilizaram o agravamento da taxa - nomeadamente a República Federal Alemã - como meio de frenar a alta velocidade de expansão das suas economias.

A Suíça e Portugal continuam, neste capítulo, a praticar as taxas mais baixas do mundo.

Taxas de desconto dos bancos centrais

De uma maneira geral, não se verificaram em 1959-1960 pressões inflacionistas. Os preços por grosso e o custo da vida tiveram agravamentos muito moderados.

Pelo quadro seguidamente inserto, mais uma vez se confirma que, entre 1949 e 1959, a percentagem mínima de desvalorização monetária pertence a Portugal, com 0,5. Além do nosso país, apenas cinco registam taxas não superiores a 2 por cento.

Depreciação das moedas de 1949 a 1959

Fonte: The First National City Bank of New York, «Montlhy Review», Julho de 1960.