proposta) não acusam melhorias substanciais no panorama que acaba de resumir-se. Para um total estimado um 10 245 milhares de contos de capital fixo (preços de 1954), as aplicações em casas de habitação e transportes e comunicações somam 3923 milhares, isto é, 38,3 por cento - taxa igual à média de 1953 a 1958 -, o que significa que, em matéria de distribuição do investimento, do primacial relevo para o nosso fomento económico, não se registaram quaisquer progressos.

por efeito da insuficiência da produção agrícola. E, de facto, o índice dos produtos alimentares acusa evolução paralela, com agravamento ao redor de 3,5 por cento.

A subida dos preços por grosso provocou, correlativamente, naquele semestre, certa alteração do custo da vida, a qual, embora pouco pronunciada, foi superior à dos três últimos anos. O índice de preços no consumidor em Lisboa e Porto regista crescimentos de 2,9 e 4,6 por cento em referência ao mesmo período de 1959.

Também contribuiu para o agravamento do custo da vida, no corrente ano, o nível acrescido das rendas de habitação, sobretudo em Lisboa. O sector monetário continuou, de Julho de 1959 a Julho de 1960 a evidenciar sensível expansão.

No decurso daquele período, o alargamento de crédito outorgado pelo sistema bancário alcançou 3670 milhares de contos, ou seja, mais 600 000, números redondos, com referência ao período homólogo precedente.

Relativamente aos meios de pagamento, se à moeda em circulação (moeda legal + depósitos à vista) se adicionarem os depósitos a prazo - atendendo a que estes são susceptíveis de transmissão por endosso -, apura-se que o crescimento se aproximou dos 4 milhões de contos, ultrapassando a própria expansão do produto nacional.

Semelhante facto justifica a necessidade de se acompanharem de porto os seus reflexos na alterarão da procura em vários sectores dos bens de consumo e nas aplicações de capitais em imóveis. Neste último aspecto, importa notar que as transacções sobre prédios totalizaram 9 milhões de contos no biénio findo em 30 de Junho de 1960.

O quadro segu inte dá conta da evolução da procura interna, meios de pagamento e crédito distribuído no último sexénio.

Procura interna, meios de pagamento e crédito distribuído

O quadro precedente confirma que a taxa média de desenvolvimento do crédito se tem situado a nível quase triplo do da procura interna.

Deve acrescentar-se que a dilatação do sector creditício se mostra sobretudo notável na carteira comercial, pois nos empréstimos o descontos de promissórias pode considerar-se equilibrada. O movimento de desconto de papel comercial revela em 1959-1960 acréscimo de 10,6 por cento e um volume de operações cifrado em cerca de 50 milhões de contos. Mesmo tendo em conta o efeito multiplicador do prazo médio de vencimento, este quantitativo parece revelar certos excessos na utilização do crédito. A manter-se o mesmo ritmo do expansão, o montante daquelas operações ultrapassará, no próximo ano, o do produto nacional.

Sem dúvida que as exigências do crescimento económico frequentemente arrastam certa dose de inflação. Mas é evidente que se o alargamento do crédito se vai repartir, em grande escala, por operações não reprodutivas ou estimular o incremento de vendas a prestações, ou ainda a aquisição de bens importados em detrimento do consumo de produtos nacionais, as pressões inflacionistas daí resultantes poderão ser em apreciável medida, dominadas pelos meios de que dispõe a moderna política económica, e em particular a política monetária.

A Câmara Corporativa não tem dúvidas de que o Governo está atento a este problema e por isso se dispensa de alinhar sobre ele outras considerações. O mercado de capitais mostrou-se mais activo em 1959-1960 do que no ano anterior, acusando o valor das transacções sobre títulos uma progressão de 15,8 por cento.