O Sr. Augusto Simões: - Muito bem!

O Sr. Augusto Simões: - Muito bem!

O Orador: - O I Congresso Regionalista foi oportunidade para se reafirmarem as realidades e necessidades dos povos da região da comarca de Arganil conexionadas com: economia; cooperação municipal; educação e ensino; assistência, previdência e higiene; arqueologia, história, etnografia e folclore; obras públicas e turismo; colectividades regionalistas.

Não será desajustado afirmar que conheceram assim tratamento, mais ou menos sistemático, problemas de interesse geral para as populações rurais não só da comarca de Arganil, mas do Portugal das montanhas do interior.

Permita-me, Sr. Presidente, que mais uma vez destaque aqui a essencial idade dos pequenos melhoramentos rurais, das comunicações, da cobertura sanitária, do repovoamento florestal, da, pequena indústria e do incremento dos serviços.

O Sr. Augusto Simões: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. Augusto Simões: - Queria juntar à criteriosa enumeração que V. Exa. acaba de fazer com tanto cabimento ainda uma outra imperiosa necessidade: a da electrificação generalizada das vilas e aldeias do nosso distrito. Não uma electrificação tantas vezes teórica, em que só intervém o estabelecimento das linhas através das povoações, mas uma electrificação eficaz, extensiva a todos os lares, de modo que essa tão poderosa alavanca da civilização possa ser um decisivo factor no engrandecimento das nossas empobrecidas massas populacionais, conferindo-lhes facilidades que a vida moderna propicia.

O Orador: - Agradeço muito a V. Exa. e registo com agrado essa notação, que se me afigura, realmente, de grande interesse.

São notórias nos três concelhos da comarca de Arganil as carências de abastecimento de água. electrificação, arruamentos, eu momento, etc., ou seja daquele mínimo de comodidades de vida que não poderemos negar às comunidades primárias.

No que respeita às comunicações, repetirei que a estrada nacional n.º 2 não pode quedar-se em Alvares e que a consideração das estradas n.ºs 343 e 344 parece viver apenas na esperança, já um tanto desalentada, das populações serranas.

A deficiente cobertura sanitária da região apercebe-se se considerarmos a insuficiência da assistência médica. Para uma população de cerca de 47 000 habitantes, distribuídos por 1000 km2 de montanhas mal servidas por caminhos, têm existido apenas sete partidos médicos: três no concelho de Arganil, dois no de Gois e dois no de Pampilhosa da Serra.

A obra de repovoamento flor estal já realizada nesta região é notável. Será oportuno insistir pela sua intensificação, não se descurando, contudo, os problemas económico-sociais que um revestimento indiscriminado possa causar às populações nativas.

As autarquias o os particulares deveriam secundar o labor do listado nesta tarefa. Justifica-se, a tal propósito, uma campanha, que conviria fosse apoiada ajuda financeira e técnica do Governo.

A floresta constituirá a grande riqueza dos serras da cordilheira central. O potencial silvícola permitirá uma industrialização indispensável à fixação das populações.

Esta, industrialização deve, aliás, conhecer extensões em mais dois sectores: o revigoramento das unidades artesanais e o aproveitamento dos produtos agrícolas.

Uma palavra final para o problema da extensão dos serviços em benefício das populações serranas.

E menos avisado, segundo creio, persistir na concentração- de repartições e outras formas de actividade pública ou semipública em Lisboa, descurando, ou até suprimindo, serviços nas zonas rurais.

O Sr. Augusto Simões: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O problema reclama estudo cuidado v decisões positivas.

A extensão dos serviços, em medida adequada, à região da comarca de Arganil, além das indispensáveis utilidades que proporcionaria aos íncolas, fomentaria o reaparecimento de elites a alargaria as possibilidades dos mercados através de um incremento nos consumo.

Sr. Presidente: os tempos que correm, por força de acontecimentos que não provocamos, estão a pôr à prova a unidade e a capacidade dos Portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Graças a Deus que a Nação tem reagido numa fidelidade aos imperativos da história.

Por mim, porém, julgo que a manutenção deste ânimo resoluto recomenda que não se descurem certas exigências da conjuntura interno.

O Sr. Augusto Simões: - Muito bem!

O Orador: - Se atendermos às realidades económico-sociais, adivinhamos o interesse em atenuar duas desigualdades: uma respeitante à distribuição individual da riqueza; outra atinente aos desequilíbrios regionais.

Não poderemos supor uma constante adesão dos mais deserdados da fortuna, se não lutarmos persistentemente pela melhoria das sua a condições de vida ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... se não conseguirmos atenuar uma concentração de riqueza que gera desperdícios económicos e fomenta odiosa ostentação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - De igual modo, não deveremos consentir que os campos do Portugal, verdadeiros reservatórios do energias humanas, se transformem em desertos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Importa impedir que as suas populações se alterem. Só assim será possível à Nação fazer, mais uma vez, apelo a homens que na riqueza da experiência de gerações laboriosas e à sombra de uma vida austera