tidas do Sr. Deputado Sarmento Rodrigues e se associou aos sentimentos por ele tão eloquentemente expressos. As cinzas dos soldados brasileiros que tombaram em terra estranha no cumprimento do dever e ao serviço da pátria repousaram alguns dias na terra amiga da velha pátria lusitana e sob o céu carinhoso de Portugal, antes de volverem a repousar definitivamente na terra ardente do Brasil e sob a esplendorosa do Cruzeiro do Sul. Envolvo-os e acompanha-os o nosso respeito, a nossa, piedade e a nossa homenagem à bravura com que os soldados da pátria irmã imolaram as vidas em defesa de nobres ideais. São estes os sentimentos que julgo interpretar por parte da Câmara e que correspondem certamente aos que determinaram no Governo do Brasil o gesto patriótico e piedoso de fazer regressar ao seio amorável do Brasil os restos mortais dos seus filhos caídos longe do seu lar e da sua pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Henrique Tenreiro: - Sr. Presidente: vi na imprensa que certo Deputado da Grã-Bretanha, tentou atingir a honra do povo português - das forças armados que, em horas dramáticas para a Inglaterra, tão notàvelmente se cobriram de glória nos campos de batalha.

Sabemos que a voz malévola daquele membro da Câmara dos Comuns não significa, senão a opinião inconsciente de quem nunca leu a história e temos presente que, logo a seguir a tão lamentável atitude, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Londres encontrou justas palavras e momento oportuno para significar o apreço do seu país por Portugal ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e pelo papel que representa a nossa multissecular aliança. Nem por isso, todavia, entendo deixar de levantar aqui o meu indignado protesto contra a caluniosa afirmação de uma pessoa que linha obrigação de medir melhor as suas palavras.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não foi apenas na guerra de 1914-1918 que as forças armadas portuguesas inteiramente se irmanaram com as da Inglaterra. Vem de longe tempo essa fraternidade, que se encontra inscrita em páginas luminosas da história dos dois países e povos.

Tanto Exército como a Armada sempre souberam cumprir o seu dever para com a Pátria e, em vários cantos do Mundo como em muitos mares e oceanos, levantaram alto o firme a nossa bandeira.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os cemitérios da Flandres, da África e de tantos outros locais falam bem claro a tal respeito.

Mais silenciosos serão os mares, mas quantos heróis no seu fundo repousam!

Evocar a memória de todos era meu dever indeclinável no instante em que o seu sacrifício foi objecto de uma ignominiosa afronta.

O Deputado inglês que tal crime cometeu contra a história talvez se tivesse enganado quanto ao destino das suas palavras insidiosas. Nem assim causa menos indignação o sen intento. Por isso, subi a esta tribuna, que é a da Nação, para, em nome desta, repelir a afronta e assinalar a calúnia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Já toda a imprensa portuguesa, como a rádio e a televisão, se fizeram eco deste mesmo sentir e daqui lhes presto a minha homenagem por, mais uma vez, terem sido intérpretes das autênticas reacções da nossa gente. Saudáveis reacções essas, pois está no nosso sangue, que é como quem diz na nossa, tradição, nunca fugir às nossas responsabilidades.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esteja o perigo onde estiver e qualquer que seja a sua forma, nunca os Portugueses desertaram; antes firmemente o enfrentaram, firmes no seu posto, com os olhos nos destinos da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pode o tal Deputado estar seguro de que nem ontem, nem hoje, nem no futuro abandonaremos o nosso posto. Lutaremos sempre até ao fim. Assim o ensinam as tradições do nosso exército e da nossa armada, ao longo de uma história que nenhum outro país melhor tem. As nossas glórias são as da Nação, que perante as relíquias do passado, comovidamente se recolhe, e não é nunca sem um frémito de emoção que recordamos a figura egrégia do Decepado, um dos muitos que nunca soube fugir.

Fugir, Sr. Deputado inglês inventor de tal calúnia, só se fosse em virtude da náusea que a sua atitude nos provoca. Mas, mesmo assim, seria apenas pela impossibilidade de a tão longa distância não lhe podermos dar o correctivo que a sua afronta exigiria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Oportunidade foi, todavia, esta para às forças armadas portuguesas prestarmos as nossas homenagens - as homenagens que o País, tão gostosa como gratamente, deve à sua imperecível glória.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.