detrás vinha, acrescenta na proposta que «o Governo providenciará no sentido de reduzir ao mínimo despesas de carácter sumptuário». Muito bem! Corresponde isto precisamente no clima dum em que vivemos e a que já correspondeu a iniciativa desta. Assembleia quanto a remunerações exageradas e acumulações.

As razões contabilísticas da Câmara Corporativa, em clima normal, poderiam, porventura, convencer. Admito-o. Mas no clima em que vivemos as razões do Governo vencem. E em matéria militar é isso que interessa.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: subo a esta tribuna ainda dominado pela emoção profunda que nos causou a reconfortante oração do Sr. Presidente do Conselho aqui proferida no findar do mês de Novembro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Disse V. Exa. Sr. Presidente, ao encerrar essa memorável sessão, que se havia escutado na voz do homem abnegado que se devotou inteiramente às tarefas do engrandecimento da Pátria a voz da própria Nação.

Parece-me apropriado recordar neste momento as nobres e cabidas palavras de V. Exa. É que, ao ouvir a expressão serena de Salazar, todos os portugueses de hoje escutaram não só a voz das suas almas, como ainda toda a estrutura da nossa história multissecular, em cujas páginas está escrita uma epopeia tão grande e tão assombrosa que não a podem desconhecer, ainda que alguns ostensivamente o tentem, os governantes e os governadores do Mundo de hoje.

«Uma mão na espada e outra no arado», na expressiva afirmação do Sr. Presidente do Conselho, assim pudemos criar, desenvolver e consolidar toda a grandeza da nossa Pátria, juntando-lhe os territórios que fomos adquirindo, não a título gratuito, mas pelo elevado preço do sangue dos nossos mártires, da abnegação do grande escol dos nossos guerreiros, da devoção inconcussa dos nossos santos ou, numa palavra, pelo labor esforçoso de gerações e gerações de portugueses.

Atingimos, assim, este século de tão adiantada civilização, não como meros beneficiários do trabalho alheio, mas como cabouqueiros dos nossos próprios destinos, como honrados operários da nossa própria civilização.

Alvos de uma torpíssima incompreensão por parte dos povos havidos como amigos e de outros que tínhamos como indiferentes ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e de calculado ataque dos mais desvairados e insaciáveis bebedores de lágrimas que a humanidade já possuiu ...

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - ... por nos saberem colocados na torre de menagem onde se defende a civilização cristã contra a criminosa acomodação dos tíbios e contra a odienta arremetida dos prosélitos do neobarbarismo, os Portugueses de hoje têm plena legitimidade para lembrar a todos esses povos que, se continuarem a postergar, como tão impudicamente o estão a fazer no areópago internacional, os valores morais e os princípios imutáveis da justiça, sobre os quais se ergueram as pátrias e se cimenta a dignidade da pessoa humana, não poderão sobreviver, e não sobreviverão, a esse nefasto procedimento.

Vozes: - Muito bem!

inabalável autoridade de destacada figura do Ocidente que o mundo civilizado respeita e bem conhece, marcou a nossa firme determinação de não alienarmos qualquer dos nossos valores tradicionais. Nada ganharão em duvidar disso os que se comprazem em nos ofender.

Sr. Presidente: temos perante nós, em cumprimento dos preceitos constitucionais, a Lei de Meios para 1961. Diploma de transcendente importância, nele se estruturam os planos para mais um ano de governo, rumo ao bem-estar e engrandecimento da Nação. Como é louvável hábito do Ministério das Finanças, a que deu inicio o titular daquela pasta e hoje nosso ilustre colega Sr. Deputado Águedo de Oliveira, a quem saúdo, a proposta de lei de autorização das receitas e despesas não é um documento árido e frio, povoado de constelações de números, mas sim um documento conscienciosamente elaborado, em que, com a afirmação das linhas mestras da nossa situação económica e financeira, se demonstram as direcções a seguir.

Continua no Ministério das Finanças a mesma política de sanidade financeira que Salazar ali implantou há três décadas, e mercê da qual as receitas e despesas reflectem, sem artifícios, um equilíbrio a todos os títulos notável.

Têm variado muito as condições de vida nacionais e internacionais depois que essa abençoada política de equilíbrio começou; ela, porém, mantém-se invariável nos seus comandos, por serem sólidos os seus fundamentos orientadores.

.Não se tem projectado, para os Portugueses, uma vida artificial cujas consequências se sentiriam nas gerações futuras. Bem ao contrário, estas - e talvez seja o maior defeito da política actual - vão receber grandes empreendimentos e vultosíssimas realizações, completa ou quase completamente liberadas de passivos, e que, pelas suas específicas condições de rentabilidade, lhes propiciarão condições de vida bastante melhores do que as que nós temos tido para lhas podermos criar.

A proposta de lei em apreciação é, assim, um documento de alto merecimento, mercê do qual nos é dado conhecer que as funções do Governo não encontrarão dificuldades de maior, na estrutura geral da política traçada, dentro da normalidade prevista. De muito valor é também o erudito parecer da Câmara Corporativa