E não votou, e por lá se demorou, e ainda lá se encontra, porque a .necessidade de assistência espiritual à enorme colónia portuguesa da capital francesa impunha-se por tal forma que não houve coragem de a abandonar.

O padre Monteiro Saraiva, sozinho durante oito meses, assistido depois pelo padre Paula, mais tarde pelo padre Vaz Pinta, sem alojamento próprio, o que os levou a instalarem-se na missão espanhola, criou a Missão Católica Portuguesa, que em dois anos realizou obra, notável, que, se é digna do nosso respeito e do nosso aplauso, é também merecedora da nossa colaboração.

Instalados hoje num modesto apartamento nas imediações da Igreja de S. Francisco Xavier, onde exercem a sua acção religiosa, em Patris, porque no Bispado de Versa-lhes é feita na igreja de Villiers-sur-Marne, há que os auxiliar, fornecendo-lhes os meios indispensáveis ao exercício do seu apostolado de que ainda não dispõem.

A Missão Católica Portuguesa começou por fazer um profundo inquérito aos portugueses vivendo no Arcebispado de Paris e no Bispado de Versalhes através dos seus párocos, localizando os núcleos, de portugueses ali residentes e informando-se das suas necessidades espirituais e materiais.

Do estudo passou-se à acção, visitando-se os emigrados, portugueses nas. barracas onde dormem, nos restaurantes onde comem, nos cafés onde se reúnem, nos estaleiros, oficinas e fábricas ande trabalham.

Recebidos, de entrada, com indiferença por uns, com desconfiança e reserva por outros, com simpatia por alguns porcos; foi-se provocando o degelo, e a persistência e a fé doer padres da Missão foram aos poucos impondo a cristalina finalidade dos seus objectivos.

Na Igreja de S. Francisco Xavier, diante de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que a piedade de alguns portugueses permitiu oferecer, assiste-se à missa, reza-se e canta-se, ouve-se a palavra do Evangelho.

À acção dos padres da Missão se deve que muitas mulheres portuguesas que cá ficaram não tenham perdido os maridos, que tantas famílias não tenham ficado sem pão; um grande número de trabalhadores tem sido colocado, por seu intermédio; na Prefeitura da Polícia e nos tribunais têm-se resolvido casos e ganho causas que se considera. Em perdidas; na cadeia e no hospital, quantos emigrantes não devem assistência e uma palavra de conforto, a fé em melhores, dias e a esperança de reabilitação aos padres da Missão!

A par cesta obra espiritual, moral e social, há que referir a acção de carácter patriótico levada a cabo pela Missão Católica de Paris entre os nossos emigrantes.

Atirados para um meio tão diverso daquele em que viviam, envolvidos, na barraca, na oficina e no café - todo o dia -, em ambiente de propaganda de ideias e princípios que renegam a Deus e desconhecem a Pátria, sem preparação intelectual e sem bagagem de defesa, tudo é propício à sua descristianização e à sua desnacionalização, ao desenraizamento das doutrinas e dos conceit ao meio cosmopolita de Paris, se devia dispor também algures em Paris de uma Casa de Portugal onde se mantenha Portugal presente entre os portugueses que ali vivem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É imensa a boa vontade dos padres da Congregação do Coração de Maria, tem sido grande o auxílio dos portugueses de Paris e dos portugueses de Portugal, mas não basta: ao Estado cabe completar esta obra.

O Governo não deixará de ouvir este apelo, de que o ilustre Ministro dos Negócios Estrangeiros será o intérprete, já que, como embaixador de Portugal em Paris, teve a oportunidade de conhecer a obra da Missão Católica Portuguesa e de lhe dar o seu caloroso apoio.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa ao plano de constituições para o ensino primário.

Tem a palavra o Sr. Deputado Peres Claro.