de domínio mundial ou por mercê de um ódio rácico insistentemente cultivado, têm como bandeira e objectivo afastar da África a Europa? Como, Srs. Democratas comissionados? Como?

Desprestígio do regime político ter, apesar de tudo, apesar I e alguns democratas como estes e de outros comunistas não muito diferentes destes, ter conseguido resistir vitoriosamente ao assalto de tudo e de todos às províncias portuguesas dispersas pelo Mundo? Desprestígio do Regime ou do País?

Desprestígio do Ocidente, Sr. Presidente e Srs. Deputados!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Porque se procura então apresentar as questões como se de desprestígio do regime político se tratasse? Porquê?

Cuide não ser necessária grande meditação nem muita inteligência para o descobrir. A questão é nítida, tragicamente nítida.

Sem menosprezo pelo patriotismo de ninguém, o regime político e, especialmente, o Sr. Presidente do Conselho simbolizam perante o Mundo a intransigência obstinada, a preço da fazenda ou do sangue, do País perante a cobiça que paira sobre as nossas promissoras províncias ultramarinas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Atira-se aos quatro ventos, mentindo, confundindo deliberadamente, como se a culpa fosse do Governo, com as atitudes e consequências que bem se sabe resultarem lê uma firme determinação do País que ao Governo cumpre honradamente sustentar - a intransigente defesa do ultramar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Será honesto o procedimento? Será digna a atitude? O País que julgue.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas ainda não disse tudo - e não desejo furtar-me a nenhum problema ou dificuldade, já que a hora que vivemos assim o exige.

Há mais. O facto de o regime político português não vestir pelo figurino standard constituiria, em maior ou menor grau, causa das dificuldades do País no actual momento histórico da vida nacional. A circunstância de não se revestir, da forma de uma democracia pluripartidária, com muitos partidos e não menor número de chefes, entre os quais o partido comunista e o potência. Kruschtehev, a circunstância de o regime político português ser de feição autoritária e, por obra e graça da patriótica e desinteressada colaboração de alguns democratas ou pseudodemocratas e também, devo confessá-lo, de algumas excrescências inúteis, tão inúteis como escusadas, estar de novo a criar-se em certos meios estrangeiros a ideia de que é ditatorial, dificultaria o c poio internacional de que carecemos e estimularia a campanha contra nós.

Esta a acusação.

Como reconheci haver excrescência inúteis, e desde logo inconvenientes, como não é segredo para ninguém não poderem merecer a minha concordância algumas atitudes e procedimentos, especialmente certos sectarismos que tenho como contrários aos princípios políticos do Regime e aos supostos doutrinários que o informam, reconheço também não ser o ambiente do mundo, do mundo mais evoluído economicamente, propício ou muito favorável a regimes marcadamente autoritários.

Mas, além de não admitir que tenham, o direito de nos impor um figurino político, de partir, sem a menor hesitação, do princípio de que a cada um cabe escolher o figurino que mais lhe convenha, sem sujeição a outras razões que as próprias do país, observo que mesmo entre as grandes nações ainda não há muitos anos se verificou fenómeno inverso.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pois não vimos a França ter de apelar para o prestígio e autoridade de um homem quando a traição dos partidos e a ineficácia do sistema a iam atirando para o descrédito e incapacidade, de que procura agora refazer-se?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pois não são os governos de autoridade, no dizer do maior número dos doutrinadores políticos insuspeitos, exigidos pela necessidade de processar o desenvolvimento nos países subdesenvolvidos, onde a alternativa para um governo de autoridade é outro governo de autoridade, e pela grandeza dos problemas a resolver?

Pois não será claro ser a autoridade mais necessária quanto maior for a desproporção entre a potência económica e militar do país e a magnitude dos problemas que tenha de enfrentar?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Então haveria de ser no momento em que os problemas portugueses de defesa da integridade da Pátria exigem maior disciplina, vigilância e firmeza que teria justificação institucionalizar a divisão, fazer do dissídio meio de combate contra nós próprios?

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O momento, a gravidade do momento, - todos desapaixonadamente o entendem, toda a Nação o compreende -, exige unidade, unidade firme, decidida, à volta da defesa da integridade da Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E depois, acreditaria alguém de boa fé que, se o País se reduzisse a este rincão continental, algum país se poderia algum dia mostrar cortês ou