pela estrada fronteiriça que, através da campina, se dirige para o país vizinho, aspiram do mesmo modo a usufruírem dos benefícios da electricidade, por forma a despertarem das trevas em que vivem e a poderem contactar com o mundo civilizado, através da música e da palavra, transmitida pela rádio ou das imagens levadas pela televisão.

A electricidade constitui assim para aquela vastíssima região uma das suas mais justificadas aspirações, pois dela depende em grande parte o seu progresso e o bem-estar das suas laboriosas populações.

Temos de dispensar todo o carinho e desvelo às nossas aldeias, pois é nelas que se encontram os mais fortes exemplos de lealdade e se radicam os mais nobres sentimentos de pureza e abnegação do povo português.

Sr. Presidente: ao pintar, com a maior honestidade e realismo, o panorama da Barragem Marechal Carmona, convém, todavia, salientar que, embora a obra realizada não tenha ainda produzido quaisquer resultados económicos lisonjeiros, revela, pelo menos, o mérito de no aspecto social ter melhorado a situação dos trabalhadores, dando-lhes possibilidades de melhor nível de vida, por virtude de um substancial aumento de salários e melhor certeza de emprego, pois desapareceram as crises cíclicas de trabalho, que, ao contrário, se transformaram em permanente falta de mão-de-obra, o que nas épocas de mais intensivo labor nos campos cria ao proprietário as mais sérias apreensões.

O Sr. Ernesto Lacerda: - Apoiado!

O Orador: - Daqui resulta que sobretudo o médio e o pequeno proprietário luta com as maiores dificuldades financeiras, pelo que, em presença das fracas produções verificadas e da baixa cotação dos produtos agrícolas, não pode fazer face ao crescente aumento dos encargos e à constante alta de preços de tudo o que tem de comprar para o amanho da terra, limitando assim as iniciativas e os investimentos necessários à desejada intensificação cultural e ao previsto aumento da produtividade.

Esperam os proprietários regantes da campina, desejosos de contribuírem para a solução dos prementes problemas de ordem social e económica e de colaborarem com o Governo da Nação na grande obra de ressurgimento material do País, que sejam atendidas as suas legítimas aspirações, como é de justiça.

Com efeito, a Barragem Marechal Carmona só poderá levar na água derramada pelas suas majestosas comportas através da imensa campina de Idanha-a-Nova a certeza de uma efectiva utilidade desde que se organizem planos estruturais de culturas, se garanta aos proprietários a colocação dos produtos a preços remuneradores, se lhes conceda uma assídua assistência técnica no aspecto agronómico e pecuário e se lhes faculte a indispensável assistência financeira que lhes permita modernizar a exploração agrícola e criar iniciativas capazes de extraírem do regadio os resultados que se previram nos trabalhos preliminares que justificaram a concepção e execução da obra.

Sr. Presidente: o futuro da nossa agricultura será o que for o futuro de Portugal.

E o futuro de Portugal será heróico e glorioso, como foi no passado, firme e resoluto, como é no presente, pois Deus continuará a abraçar e a proteger os nossos destinos e a lição de Salazar há-de continuar a defender a honra e a dignidade dos Portugueses na salvaguarda inflexível da soberania, nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Peço a palavra, para interrogar a Mesa.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Melo Machado: - Peco a V. Ex.ª, Sr. Presidente, o favor de me informar se já chegou à Mesa o resultado de um requerimento que fiz ao Sr. Secretário de Estado da Agricultura para que me fossem fornecidas as conclusões de um inquérito feito à Cooperativa dos Produtores de Leite de Mafra.

Se não chegou, peço a V. Ex.ª o obséquio de insistir pela sua remessa, e lamento que aquele Sr. Secretário tenha uma certa relutância em mandar esses elementos, que me são indispensáveis.

O Sr. Presidente: - Informo V. Ex.ª que esses ciumentos ainda não chegaram à Mesa.

O Sr. Melo Machado: - Muito obrigado a V. Ex.ª

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta do lei sobre viação rural.

Tem a palavra o Sr. Deputado Brito e Cunha.

sca das felicidades que o atraso dos meios rurais tem ainda forçosamente de negar-lhes».

É com estas palavras que abre o relatório do plano de viação rural; embora longa a transcrição, nela vimos vantagem, por definir orientação a que muito nos apraz fazer justiça e encerrar doutrina que, por mais de uma vez, tem por nós sido defendida nesta Assembleia.

O facto tem sido citado nesta tribuna, mas nem por isso deixarei de o referir nem quereria eximir-me a dever que reputo obrigação: o de assinalar a constância posta pelo Governo em abordar, em diplomas do maior interesse e projecção para a vida nacional, os problemas-chave da vida das populações rurais, o carinho que tem posto no seu estudo, a cadência da sua publicação, a regularidade com que têm sido submetidos à apreciação da Assembleia Nacional.

É digno de registo, merece ser salientado, o manifesto propósito em se apreciar em todos os aspectos a economia das populações rurais, estruturando-os através de uma série de medidas que se completam, inte-