E assim milagrosamente se reanimou ou reacendeu o facho luminoso que durante muitos anos orientou o Sanatório Rodrigues Semide na sua actividade, agora engrandecida e actualizada dentro dos modernos conceitos em que se fundamenta a diagnose e a terapêutica da tuberculose.

A lotação, que era de 98 leitos, as mais das vezes não aproveitados pela carência de recursos, atinge neste novo ciclo de vida hospitalar 240 camas, transformando o Semide numa completa unidade sanatorial, pronta a manter em alto e eficiente nível a luta anti-tuberculosa.

Sr. Presidente: submetidos à ordem natural que os desígnios da Providência instituíram, os homens passam e a sua obra fica e perdura através das gerações como prece de agradecimento dirigido a Deus, em louvor daqueles que a morte levou para a eternidade do seu destino e, como Manuel Pinto de Azevedo, se desdobraram generosamente na prática dos mais nobres actos de caridade e de benemerência, ao lado de quem enfileira Calem Júnior, como grande provedor da Santa Casa à data. da inauguração do Hospital-Sanatório Rodrigues Semide, e tantos outros inteiramente dignos do lugar que ocupam em corações portugueses agradecidos.

Mas a obra do Semide neste novo ciclo da sua existência continua na perpetuidade e na plenitude da sua grandeza pela fé e pela dedicação de homens como o Dr. Domingos Braga da Cruz, João Santos Ferreira e José Joaquim Calem, cuja vida é exemplo de dedicação ao Porto, inteiramente credor do destaque agradecido que aqui lhes deixo, lição a aprender pelos vindouros na luta por um mundo melhor, onde reviva a saúde e a paz, a maior ambição dos portugueses no período de hoje e de sempre.

Galardão bem merecido, é tributo a pagar pelo Porto à Santa Casa, que tantos benefícios tem dado à sua população.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Martinho da Costa Lopes: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: queria apenas proferir duas palavras para pôr em relevo nesta Câmara a grandiosa e eloquente manifestação patriótica que os habitantes da nossa mais longínqua província do Extremo Oriente, sentindo-se profundamente indignados contra a indecente conjura internacional de que é alvo o nosso país nos bastidores da O. N. U. e tendo acompanhado com dolorosa mágoa os trágicos acontecimentos que cobrem de luto a família portuguesa, em terras angolanas, entenderam levar hoje a efeito, na capital da província, junto do governador de Timor, major Temudo Barata, a fim de que exprimirem, por um lado, o seu mais veemente protesto de indignação contra os actos de banditismo praticados por hordas de selvagens a soldo do comunismo em terras portuguesíssimas de Angola, por outro a sua inteira solidariedade com o Governo da Nação e a sua fé inquebrantável nos destinos da Pátria, comum.

Sendo as nossas províncias ultramarinas, por forca da nossa Constituição Política, partes integrantes da fiação Portuguesa, supérfluo se torna, salientar neste lugar que toda a afronta dirigida a qualquer parcela do ultramar português constitui um verdadeiro atentado contra a vida da própria Nação Portuguesa, porquanto todas elas são, de facto e de direito, membros vivos e inalienáveis de um só e mesmo corpo, que é Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E assim como no corpo humano, quando um membro padece, todo o organismo se ressente, assim todas as lágrimas e tristezas de Angola são lágrimas e tristezas de Timor, de Macau, da índia, em suma, de Portugal inteiro.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É por isso que o povo timorense, que nunca hesitou um momento sequer nas horas de perigo em derramar o seu sangue generoso em defesa do território sagrado da Pátria, interrompe hoje o seu labor quotidiano, desce as montanhas que o cercam e, concentrando-se em frente do Palácio das Repartições, manifesta publicamente ao Governo local a sua incontida indignação e repulsa, às atrocidades cometidas em Angola por bandos de malfeitores e assassinos vindos do exterior.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: ao cruzar os mares para levar o facho luminoso da fé cristã às regiões mais distantes que devassavam as caravelas lusas, Portugal não explorou gananciosamente em seu único proveito as riquezas que encontrava, deixando o nativo na miséria, não exterminou a tiro os aborígenes, como certos povos o fizeram, para espalhar a população branca, não admitiu a discriminação racial, de que tanto alarde fazem certos países que se dizem civilizados, não espezinhou o homem de cor, só por ter uma pigmentação diferente da dele.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

uma nação pequena, sim, mas grande na história da civilização dos povos.

A esses que nos acusam, se fossem sinceros, bastar-lhes-ía uma simples observação imparcial da vida portuguesa, surpreendendo-a nos suas relações sociais, para se aperceberem de que a acção político-administrativa. desenvolvida por Portugal nas suas províncias ultramarinas não é um mito, uma ficção jurídica mais ou menos feliz, mas sim a própria realidade concretizada em factos rotineiros de vida social perfeitamente ao alcance de todos quantos queiram observar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assim, poder-se-ia verificar facilmente que nas nossas escolas crianças brancas e de cor se acamaradam perfeitamente nos mesmos bancos de estudo, que os nossos liceus, Universidades e demais escolas