O procedimento da O. N. U. em relação às nossas províncias ultramarinas fomenta e origina, directa ou indirectamente, os morticínios do Norte de Angola. Poderemos nós calar perante tais crimes e complacências e considerar amigos aqueles que concorreram para tal? Ao menos os Russos, por serem inimigos declarados, nunca nos enganaram.

Sr. Presidente: a lepra dos preconceitos democráticos que correi as nações ocidentais instalou-se também nessa incrível organização, foco de perturbações, que é a O. N. U. Ela transformou-se num parlamento mundial em que os vícios do parlamentarismo, com todas as suas corrupções, baixezas e compromissos vergonhosos, se estadeiam à luz do dia. Grande parte dos seus membros representam países artificialmente formados, ainda há pouco tempo saídos do estado selvagem, sem civilização e sem história. Se um indivíduo para exercer os seus direitos políticos deve atingir a maioridade, como se justifica que os tais países acabados de nascer possam logo ter representação na O. N. U. em igualdade de votos com países de civilização multissecular? Não admira, pois, que a O. N. U. se tenha transformado num dos piores parlamentos do Mundo e num foco de perturbações.

Sr. Presidente: vou terminar. Tenho esperança que em breve, perante o descalabro do mundo ocidental, uma onda de bom senso ilumine as suas grandes nações e que estas, arrepiando caminho, saibam defender eficazmente a civilização cristã. Até lá, a Portugal e à Espanha, intemeratos defensores da civilização ocidental, compete-lhes aguentar firmes e sem desfalecimentos. Oxalá que o acordar do Ocidente se não faça esperar.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continuam em discussão as Contas Gerais do Estado (metrópole e ultramar) e as da Junta do Credito Público relativas ao ano de 1959.

Tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Galo.

Páginas que, inconfessàvelmente, voltam, sem embargo de serem património de todos, porque Portugal oferece sempre à Humanidade o fruto intacto do seu labor honrado e exemplar; páginas que voltam, mas que todo este admirável e portentoso alvoroço que se ergueu do Minho a Timor se encarregou de repor sob os olhos de todos os cantos do Mundo. Infelizmente, não estamos em tempo que nos permita dizer pura e simplesmente; «Deixemos passar a caravana!».

É que toda a prudência (que se chama também «sabedoria») terá de ser o nosso alimento do dia a dia, porque as armadilhas sucedem-se. Mas os Portugueses de todo o Mundo saberão vencê-las - na inspiração do exemplo soberbo, nobre e tenaz dos patriotas insignes que têm esmaltado e esmaltam ainda a nossa história!

Sr. Presidente: dizia-me, há pouco um amigo (pie muito prezo que uma proposta de lei de meios, ou uma apreciação das Contas Gorais do Estado, quando na sua discussão, ambas permitem que se fale de tudo, desde que questões fabris, para podermos enfrentar melhor (e a curto prazo) tudo quanto, em matéria de tensões sociais, possa emergir daquelas questões. E referir-me-ei a certas conclusões extraídas do Colóquio sobre a posição de Portugal (perante a cooperação das economias europeias, promovido pela Associação Industrial Portuguesa.

Quem assistiu a esse Colóquio teve ensejo de apreciar um curto mas notável trabalho do Sr. Dr. Sedas Nunes, categorizado assistente do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (trabalho a que deu o título de «Dois Aspectos da Modernização da Economia Nacional»). Nesse trabalho lê-se: «O desenvolvimento industrial do País é susceptível de, só