espírito de todos aquilo que se passa com, exactamente, o mais representativo produto das exportações portuguesas - considerados todos os mercados - de há boa dezena de anos: o café angolano.

Porque assim é, vou permitir-me dar à generosa atenção de todos os meus prezados colegas algo do bastante que tenho aprendido com a convivência íntima que de há mais de vinte anos tenho com João Ildefonso Bordalo, grande defensor dos interesses angolanos, citado na oportuna e útil intervenção a que aludi, e cujo substancial livro Em defesa da Economia Nacional é, principalmente, um livro de imenso e útil combate a favor do café de Angola.

Sr. Presidente: ocorre-me perguntar se a economia cafeeira angolana, nos aspectos fundamentais da exportação do produto,- está em condições desafogadas. Responder-se-á, sem dúvida, que não está. Muito longe disso, até. Os números que irei citar o confirmarão.

Realmente, Angola tem exportado o seu café verde para todo o Mundo segundo o quadro a seguir:

Toneladas

o que nos diz que houve um aumento na tonelagem exportada de 56 por cento de 1951-1954 para 1959. Vejamos, porém, os respectivos valores. São eles:

Milhares de contos

o que revela ter havido uma diminuição de cerca de 6 por cento, quanto a valores, de 1951-1954 para 1969. E isto quer dizer que o preço de cada tonelada exportada desceu drasticamente no decurso daqueles períodos. Desceu exacta e sucessivamente de 25,7 contos por tonelada para 19,3 e para 15,6! Uma descida no preço unitário da ordem dos 40 por cento! Mas, se a posição geral do caso é desagradável, não menos o é quando se considera, o caso especial da metrópole perante o café verde que compra em Angola. De facto, as vendas de café verde por Angola, à metrópole mostram-nos o seguinte quadro:

Toneladas

Média anual de 1951-1954... 9 595

isto é: um aumento entre os períodos extremos, de apenas 1 por cento. Contudo, os valores dão-nos, para os mesmos períodos:

Milhares do contos

Média anual de 1951-1954 .. 164

o que significa uma descida nos valores de mais de 12 por cento. E isso diz-nos que a tonelada de café verde foi exportada por Angola para a metrópole a um preço médio que passou de 17,1 contos para 14,8.

É claro que podemos ir mais longe nestas considerações, entrando no campo das chamadas a razões de trocas gerais e especiais (nestas últimas utilizando exactamente o termo café verde). Se considerarmos o valor de todas as mercadorias exportadas e importadas por Angola, virá:

Milhares de contos

Média anual de 1951-1954 ... 3 108

isto é: houve um acréscimo, entre os períodos extremos, de uns 15 por cento.

Milhares de contos

o que significa ter havido, entre os períodos extremos, um acréscimo de uns 51 por cento. E ficaremos a saber que o coeficiente de cobertura das importações pelas exportações desceu de 124 por cento para 95 por cento. Porém, se entrarmos em linha de conta com a tonelagem movimentada, teremos:

Valor de 1 t exportada por Angola:

Contos

Média anual de 1951-1954 .. 6,2

o que nos diz ter havido uma descida, entre os períodos extremos, de 42 por cento, algo promovida pelas grandes exportações que têm sido feitas ultimamente de minério de ferro, cujo preço unitário é, como se sabe, baixo.

Valor de uma tonelada importada por Angola:

Contos

Média anual de 1951-1954 ..... 6,6

isto é, um aumento, entre os períodos extremos, de cerca de 32 por cento! Então, o coeficiente de cobertura de 1 t importada por 1 t exportada desceu de 74 para 42 por cento.

E, nesta ordem de ideias, passemos às exportações e importações angolanas com referência à metrópole. Teremos:

Exportações totais de Angola para a metrópole:

Milhares de contos

Média anual de 1951-1954 .. 609