de uns e de outros contendem entre si de tal forma que estamos tentados a chamar-lhe um único problema, embora com diversas faces.

Vozes: - Muito bem !

ue ela representa para Angola: são dois terços da produção daquele produto, que representam cerca de 1 milhão de contos, e que urge não deixar perder.

Subordinadas como estão as soluções económicas ao restabelecimento da ordem, como já frisámos, repetimos a esperança de ver voltar em breve a tranquilidade a Angola.

O esforço a fazer é grande, é mesmo enorme a tarefa a cumprir. Mas quanto maior mais ela é digna de quem a levar a cabo, e, estamos certos, está em boas mãos e há-de consumar-se, como o esperam os portugueses de Angola, e todos os outros portugueses, que patriòticamente não permitirão divisões quando a Pátria tanto necessita da unidade e da força do conjunto de todos os seus filhos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: em Janeiro do ano passado, trouxe a esta Assembleia um problema que afligia a lavoura alentejanã e que estava já a causar à economia nacional prejuízos sensíveis - a presença da chamada «mosca mediterrânica» nos olivais e a necessidade imediata de lhe ser dado combate.

Quis o Sr. Secretário de Estado da Agricultura ter a gentileza de, passado tempo, me mandar fornecer nota da actividade desenvolvida, desde 1924, pelos serviços técnicos oficiais, na qual se verifica que, por falta de fundos e outras circunstâncias fortuitas, foram várias vezes interrompidos os estudos, a que a nossa entrada para a F. A. O., em 1953, deu a continuidade que se impunha e permitiu o intercâmbio de ideias, sempre necessário. Acrescentava essa nota, justificando afinal a minha intervenção: «Se, até à data, a divulgação dos métodos de luta à mosca da azeitona não foi empreendida, isso deve-se à circunstância de se ter considerado conveniente aguardar os resultados das investigações, que há poucos anos se iniciaram, acerca dos possíveis inconvenientes de ordem toxicológica que poderiam advir para os consumidores do azeite proveniente das zonas tratadas.

Das favoráveis conclusões, extraídas daquelas pesquisas, pode concluir-se que a situação se apresenta razoàvelmente esclarecida e esse o motivo porque só na próxima campanha se dará início à divulgação dos novos métodos de combate à mosca da azeitona. A luta será árdua, bem o sabe esta Secretaria de Estado, mas será vencida, se todos, olivicultores e técnicos oficiais, souberem compreender a sua missão e o largo alcance económico de tal empresa».

Devo acrescentar, e com muito agrado o faço, que de facto, e desde então, os serviços oficiais desenvolveram intensa actividade no combate à mosca da azeitona e com resultados que se podem considerar de muito satisfatórios. Bem haja, por isso, o Sr. Secretário de Estado da Agricultura.

Sr. Presidente: com a permissão de V . Ex.ª, desejava trazer aqui um outro caso de azeitonas e azeite, que pretendo apenas encarar, como me compete, sob o aspecto político.

Assisto anualmente na minha região aos leilões de lãs que o grémio da lavoura realiza, com visível proveito do produtor e do industrial, compreendendo ser aquela uma das actividades específicas dos grémios da lavoura. Porque não se faz o mesmo com as azeitonas? Porque se insiste em criar, extra grémios e em nada a eles sujeita, cooperativas de olivicultores?

Somos um país tão pequeno que os figurinos que importamos nos moldam fatos quase sempre desajeitados. Por isso se entendeu, ao que julgo, procurar figurino próprio, com tradições e moldes apropriados às nossas medidas. Daí a organização corporativa, que continua a apontar-se como a que melhor nos serve. Porquê então as cooperativas estimuladas para além dos grémios da lavoura? Se os grémios da lavoura falharam - e parece que dos grémios foram os que menos falharam -, porque se continua com eles? Eu ainda poderia perceber que numa região onde os olivicultores não estivessem agremiados e onde o lagar industrial ficasse a muitas léguas de distância se lhes estimulasse o engenho na procura de uma forma de associação em que, favorecendo-se, favoreceriam a própria economia nacional. Agora fomentar-se o aparecimento de cooperativas de olivicultores, paredes meias com o grémio, onde eles estão inscritos e com lagares industriais, não parece bem. E não parece bem até porque se ouve falar hoje muito em concentração industrial.

O nosso individualismo, o nosso feroz individualismo, não sei se alguma vez será capaz de domar-se a um plano económico de conjunto. Por culpa dele talvez, não temos uma ideia assente sobre aquilo que nos convém e vão-se improvisando soluções ao sabor dos pontos de vista de cada um. Será ideia generalizada, ao que julgo, a de que a concentração é a fórmula capaz de melhor servir os interesses gerais dos povos. Mas cada terra continua a pretender um hospital tão grande quanto possível; cada câmara a querer um matadouro tão apetrechado quanto necessário; cada um a querer explorar como lhe apraz a indústria que lhe apetece e forjando empenhes quando alguma dificuldade se lhe opõe. Por outro lado, as indústrias que, integrando-se num pensamento que supunham definitivo, se apetrecharam convenientemente, protestam contra o deferimento de pedidos que, têm como prejudiciais da própria economia geral e outras continuam a pedir um regulamento que se lhes promete e se lhes nega, como a dos proprietários de empresas tipográficas, por exemplo.

Mas de quem hoje quero aqui falar é dos lagareiros industriais.

Sr. Presidente: estimulados por um recrudescimento de plantações de olivais, a prometerem futuras grandes colheitas, os lagareiros industriais reapetrecharam-se, aumentando sensivelmente a capacidade de laboração