E para Moçambique

Os números transcritos são bem eloquentes.

Quem se der, por outro lado, ao trabalho de os confrontar, por exemplo, com elementos relativos a 1938, o que facilmente se pode fazer recorrendo ao Anuário Estatístico do Ultramar, aperceber-se-á da importância do caminho percorrido nas últimas décadas.

Mas o que está feito é uma pálida imagem daquilo que se impõe realizar.

Permita-me, Sr. Presidente, que posse assim a debruçar-me sobre o futuro.

Angola e Moçambique, como territórios novos, apresentam perante o desenvolvimento económico características comuns a um tipo sui generis:

1.º Predomínio da agricultura e dos serviços, com uma incipiente industrialização;

2.º Reduzido rendimento por habitante ocasionado pelas debilidades estruturais e, em alguns sectores, por uma agricultura de produtividade baixa;

3.º Baixa taxa de formação de capital, com ausência de um sistema bancário que apoie a sua distribuição, e deficiente orientação nos investimentos;

4.º Povoamento reduzido, com inevitável projecção na amplitude do mercado interno. Coexistem, aliás, os dois sistemas de economia (de subsistência e de mercado);

5.º Porte influência das transacções externas - mercadorias e serviços - no desenvolvimento da economia local.

A preponderância de meia dúzia de produtos torna vulnerável a economia das províncias, acentuando mais a sua dependência.

Mas tanto Angola como Moçambique, repetimo-lo, se abrem à nossa capacidade de criadores de novos mundos.

Para que se fique com uma ideia, embora muito geral, das possibilidades imediatas do desenvolvimento de Angola, passamos a transcrever uma súmula, baseada em elementos oferecidos pela Direcção-Geral de Economia do Ultramar aquando das conversações luso-alemâs de Setembro de 1960 sobre actividades susceptíveis de financiamentos ou investimentos:

1) Produção de frutas destinadas aos mercados do Norte da Europa (ananases, abacaxis, bananas, citrinos e mangas) e de conservas de frutas (fomento da produção hortícola nas zonas de povoamento europeu com o objectivo de indústrias de conservas).

2) Criação de gado e produção de carne congelada para consumo local e, sobretudo, exportação.

3) Criação de caracul para aproveitamento das suas utilidades.

4) Indústria de lacticínios. - As importações anuais de lacticínios atingem 70 000 contos em Angola;

5) Montagem de rede frigorífica para apoio à produção e comercialização dos produtos resultantes do desenvolvimento do sector primário.

Moçambique, constituirão dois notáveis pólos de desenvolvimento económico de todo o continente africano.

O potencial hidroeléctrico de Angola parece estar proporcionado com a grandeza da província.

11) Metalurgia. - Será oportuno salientar o que a propósito da electrossiderurgia se escrevia no Relatório Final Preparatório do II Plano de Fomento (vol. IX - ultramar):

Semelhante (antes chamara-se a atenção para o alumínio) é o aspecto económico do problema da siderurgia, que se deseja instalar na província de Angola para tratamento dos minérios da província, o que assegurará novo e forte consumo de energia eléctrica de Cambambe.

sectores passíveis de investimentos ou financiamentos:

1) Exploração de recursos florestais, nomeadamente no Norte de Moçambique, e industrialização com base nos mesmos.