parte do D. R. I. L. (abreviatura já tristemente conhecida do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) e atacam na sombra, sinistramente, o próprio país que lhes dá guarida, como se demonstra pelas recentíssimas confissões de um malfeitor, de nacionalidade estrangeira, a quem o D. R. I. L. pagou para praticar actos de terrorismo contra a Embaixada do Brasil em Portugal, com o propósito de perturbar as fraternais relações entre os dois países.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por aqui poderá ver o Brasil quais são os seus amigos verdadeiros, que lhe dão palmas sinceras, e o j que escondem os punhais para se servirem deles depois das palmas que duo.

Verifiquei e verifico que se exploram no Brasil e em relação a Portugal estas palavras vazias: ditadura de Salazar.

Eu próprio encontrei aqui e ali, à venda, no Rio de Janeiro, brochuras inflamadas por fora e por dentro contra essa imaginária ditadura.

Mas Portugal tem a sua Constituição, o Poder encontra-se limitado pela moral, existem tribunais que julgam com plena independência, tanto que revogam por vezes decisões do Governo e impedem a execução de outras, anda-se à vontade na rua, trabalha-se em sossego, cada qual pensa como quer, circulam pelo País algumas publicações em que os seus autores discordam do regime, e Salazar, essa decantada figura de ditador, não passe, afinal, de um humaníssimo governante, pleno das dádivas do bom senso e da inteligência, profundamente culto e profundamente cristão...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... tão grande na simplicidade do saber como na bondade do querer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se o Brasil não admite despotismos de uma raça contra outra - não deixamos de estar com o Brasil.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se o Brasil não tolera privilégios ou realezas de cor - ainda continuamos a estar plenamente com o Brasil.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: contei alguns factos, algumas certezas, e fiz algumas reflexões.

Guardei a esperança para o fim.

Espero, na verdade, que o Brasil continue a ser a pujante afirmação de um povo que se repartiu por duas pátrias sem deixar mutilada a árvore comum.

Espero que o Brasil continue a ser tão português como Portugal é tão brasileiro diante dos perigos que sobressaltam o Mundo.

Espero que o Brasil de hoje possa construir livremente o Brasil de amanhã, dominando as suas distâncias como nós dominamos o mar que dele nos separa.

Espero que o Brasil continue, sem embargo, a sua e nossa mensagem étnica, como nós a pretendemos continuar no Portugal do outro lado do mar que povoámos de almas e preces.

Espero que as fronteiras do Brasil permaneçam tão sagradas como as nossas.

Espero que no vasto território do Brasil, na terra aproveitada ou na imensidade a aproveitar, nos meios plenos de civilização ou nos conjuntos populacionais mais atrasados, alguns deles só agora conhecidos, nunca se possa acender qualquer foco de perturbação provocado pela cobiça ou pela inveja alheia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

presença amiga de Portugal em pontos vitais para a segurança do próprio Brasil, como seja o de Angola,