alarmado e inquieto desses ignorados produtores, bons í» leais colaboradores do Estado Novo. Não têm eles possibilidades de outras actividades compensadoras, tanto mais que continua, a meu ver, a cometer-se o erro da centralização industrial à volta de Lisboa, que, embora dê satisfação à comodidade dos dirigentes dessas indústrias, não dá ao resto do País facilidades de desenvolvimento e provocará, assim o creio, preocupações de ordem social e económica, cujas repercussões se poderão sentir em breve.

Congestionamento populacional, crise de habitação e, sobretudo, graves problemas morais e sociais a reflectirem-se na família, ainda o melhor esteio de uma sociedade organizada.

É tempo de encarar o problema, frontalmente e seguir rumos diferentes daqueles que até ao presente têm sido estabelecidos.

Entretanto, para que o aspecto económico do País se modifique e se oriente em ordem ao bem-estar das populações impõe-se, pelo menos, aproveitar os recursos locais e tirar deles o proveito que resulte de tal aproveitamento.

O turismo está na primeira linha do meu pensamento, desde que ele se não confine apenas a uma região privilegiada e se estenda até onde existam motivos de atracção.

Ora o Norte do País foi bafejado pela Natureza, para nele se exercer uma forte acção das entidades responsáveis e chamar assim até lá todos quantos nos visitam.

A panorâmica da região é incontestavelmente das mais interessantes de Portugal.

Bastará uma digressão pelo vale do Douro, derivando para a Beira-Douro, percorrer os arredores de Lamego e lá se cuedar para apreciar os seus monumentos artísticos e históricos para se reconhecer a necessidade imperiosa de criar ali uma região de turismo e patentear ao viajante uma parcela do território cheia de encantos e atractivos.

E se tal se fizer já se terá conseguido a possibilidade do desenvolvimento económico desta esquecida região de turismo nacional.

Claro que para tal se impõe a abertura de novas vias de comunicação, canalizadoras dos que viajam e fomentadoras da economia regional, que redundará na melhoria da própria economia nacional.

Será fastidioso repetir aqui o que já expus em anteriores intervenções sobre as necessidades rodoviárias da região da Beira-Douro e, também, a propósito da criação da região turística centralizada em Lamego.

Quero crer que os investimentos que o Governo viesse a fazer na execução destes problemas seriam compensados, a breve prazo, pelo desenvolvimento económico que

daí resultaria e> de que o Estado não deixaria de ser o maior beneficiário.

Como disse no princípio destas ligeiras considerações, a leitura do notável relatório do ilustre Deputado Eng.º Araújo Correia sugere-nos uma grande série de problemas, todos eles aliciantes e dignos de serem tratados e estudados.

Lamento não ter possibilidades de um estudo mais desenvolvido e dar assim a minha achega para um conveniente ajustamento dos princípios que informam a economia nacional, na sua aplicação às regiões mais desfavorecidas.

Assim, a terminar estes ligeiros apontamentos, quero aproveitar o ensejo para apresentar as minhas vivas felicitações ao ilustre relator e dar a minha aprovação às contas em discussão, esperando que o Governo, acompanhado da generosidade do povo português, saberá vencer as dificuldades que porventura se lhe deparem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

A próxima será amanhã, com a mesma ordem do dia da de hoje.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 25 minutos.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Américo da Costa Ramalho.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Camilo António de Almeida Gama Lemos de Mendonça.

Fernando António Munoz de Oliveira.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João da Assunção da Cunha Valença.

João Pedro Neves Clara.

Joaquim Mendes do Amaral.

Joaquim Pais de Azevedo.

Jorge Pereira Jardim.

José Venâncio Pereira Paulo Rodrigues.

Laurénio Cota Morais dos Reis.

Manuel José Archer Homem de Melo.

D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis.

Ramiro Machado Valadão.