O Sr. José Sarmento: - V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. José Sarmento: - Concordo plenamente com a opinião que V. Ex.ª acaba de manifestar, mas é necessário que tenhamos melhores vias de comunicação para que os estrangeiros que visitam a região se possam transportar de um lado para outro. Essas vias de comunicação, além de deficientes em extensão, em muitos pontos dm alto interesse que seria conveniente visitar estão num estado de conservação que deixa bastante a desejar.

O Sr. Augusto Simões: - Infelizmente!

O Sr. Sarmento Rodrigues: - Isso verifica-se tanto em relação aos estrangeiros como aos nacionais.

O Orador: - Estou inteiramente de acordo com as palavras do Sr. Deputado José Sarmento e, como adiante refiro no desenvolvimento da minha exposição, considero que o turismo não pode ser obra de um só sector.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Temos a iniciativa oficial e a iniciativa privada: as instalações hoteleiras, as estradas, os caminhas de ferro, a electricidade. . -

Mas, como uma política de turismo para ser eficiente não pode ser obra de um só sector, interessa que aos motivos juríticos se associem boas condições de circulação instalações hoteleiras que assegurem comodidade e economia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Saraiva de Aguilar: -V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Faça favor.

O Sr. Saraiva de Aguilar: - Estou a ouvir com muita atenção V. Ex.ª Na verdade, existem já as três pousadas a que V. Ex.ª acaba de fazer referência, mas permita se que informe que está prevista uma pousada em Vila Nova de Foz Côa e parece até que o Secretariado Nacional da. Informação, Cultura Popular e Turismo pediu já ao Ministério das Obras Públicas a sua construção.

O Orador: - Agradeço a informação de V. Ex.ª, porque tudo o que contribua para enriquecer as infra-estrutuns do turismo da região será motivo de satisfação paia todos nós.

Nessa zona do Nordeste do País encontrará o turista, para além do conforto e dos tonificantes ares, o ambiente repousante onde se esmorecem os abalos nervosos de uma vida intensa nos aglomerados ruidosos.

Quanto à pousada de Alijo, gostaria a Câmara Municipal que o Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo a comprasse e integrasse na sua rede, para que ela possa sempre dar satisfação completa aos fins para que foi criada e não fique sujeita a vicissitudes de administração local, com minguados orçamentos.

O Sr. Augusto Simões : - Se V. Ex.ª me dá licença isso quer dizer que um dos aspectos que se toma necessário considerar é o das finanças municipais, isto é,, proporcionando-lhes meios que lhes permitam .colaborar largamente e a bem do desenvolvimento do turismo nacional.

O Orador : - Tem todo .o interesse a observação de V. Ex.ª, com a qual cencordo inteiramente.

Para criar boas condições de circulação turística interessa que a Junta Autónoma de Estradas faça o revestimento betuminoso e beneficie vários troços das estradas da região, tais como Régua-Pinhão, na estrada nacional n.º 222, Pinhão-Favaios, na estrada nacional n.º 322, Favaios-Sanfins-Balsa, na estrada n.º 323, etc.

Interessa também que a C. P. melhore os horários e ponha mais material circulante na linha do Douro, estabelecendo um serviço de automotoras directas e- de longo curso entre o Porto e Barca de Alva, e aumente o material circulante para que os passageiros não continuem a ter que viajar de pé em carruagens pejadas de gente.

Vozes : - Muito bem, muito bem !

O Sr. José Sarmento : - Já aqui tenho feito referência às péssimas condições em que se encontram os transportes ferroviários na linha do Douro.

Sob o ponto de vista de horários, basta que se diga que para fazer um percurso que não deve exceder 130 km se gastam quatro horas, como é, por exemplo, o tempo gasto na ligação Porto-Vila Real.

Trata-se, na verdade, de uma velocidade muito reduzida e julgo que os serviços ferroviários no Douro são os piores do País.

O Sr. Bagorro de Sequeira : - E, quanto a material ferroviário, julgo que classificar como sendo dê 1.ª classe as carruagens em uso é um verdadeiro exagero. É uma coisa horrível, pois que elas nem de 3.ª são.

O Orador : - Agradeço muito a VV. Ex.º as considerações produzidas, as quais só vêm reforçar a necessidade de melhorar o serviço da C. P. na linha do Douro.

Ainda para o movimento internacional dos turistas no Nordeste do País interessaria que. nas zonas fronteiriças de Portugal e Espanha se melhorassem e aumentassem as passagens de fronteira, procurando facilitar o turismo.

As barragens do Douro podem ser aproveitadas para sobre elas passarem estradas, nomeadamente em Miranda e possivelmente em Bemposta.

Dentro de poucos anos o turismo será a indústria mais rendosa do agregado nacional.

Como acontece com outras indústrias, também é indispensável descentralizar o turismo ...

Vozes : - Muito bem, muito bem !