o Mundo e outro inundo se está a gerar o velho Portugal, por graça de Deus, seguro do seu norte, pode outra vez ir à frente, no papel de pioneiro e apóstolo, a ensinar aos homens incertos do seu rumo o caminho da verdade e da salvação.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Mas para que o Regime continue e se projecte, para que a nossa razão e a nossa força se imponham e alastrem domina dominadoramente, para que a doutrina informe as almas e toda a grei sinta e coopere num grande ideal colectivo, é preciso que quem tem na sua mão o comando saiba comandar, queira comandar e, efectivamente, comande e comande bem.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Para isso há que entregar os comandos a mãos lúcidas e firmes e, ao mesmo tempo, dispostas para a acção» e para a luta, de fé ardente e comunicativa.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - E, ao mesmo tempo ainda, leais e fiéis à doutrina e aos que do mais alto comandam.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - É preciso uma renovação de processos que sacuda certo torpor em que temos vivido. E para renovar os processos será preciso, porventura, em grande parte, renovar os homens.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - Assim esperamos e assim é necessário, mais do que nunca, nesta hora particularmente grave.
Deixar perder o Regime não seria só deixar malograr este magnífico e ingente esforço de restauração e de engrandecimento nacional, que já custou tantos sacrifícios e canseiras. Seria deixar resvalar o País para a desordem mais negra e para a noite sangrenta dos ódios em fúria e das matanças dos canibais. Seria deixar perder altos valores do nosso património histórico, sobre os quais pairam, nesta hora, as cobiças dos fortes e que iriam levados, para sempre, nos ventos da desordem. Para sempre, porque seriam irrecuperáveis.
Salazar anunciou ao País a remodelação do Governo. Quero daqui dizer, respeitosamente, que o País tem, mais do que nunca, os olhos postos na sua escolha. Que, mais do que nunca, essa escolha pode ser decisiva. Decisiva para o Regime e decisiva para o País. neste transe solidários nos seus destinos.
E um instante crucial na vida da Nação. Mas a Nação confia e espera. Não se lhe vá dar uma decepção, que, nesta hora, poderia ser mortal decepção.
Queremos que os colaboradores de Salazar estejam à altura dos desígnios de Salazar, que são também os desígnios da Nação.
O Orador: - Queremos partir confiados o resolutos para uma nova arrancada revolucionária.
Queremos um novo surto de fé e de renovação.
Acabamos de ganhar uma batalha para a Pátria. Não queremos agora que se perca tudo nesta outra balai ha que se está a travar.
Salazar é dos que não crêem na fatalidade dos ventos da história, doutrina de teóricos de gabinete, de que se servem políticos impostores para as suas manobras e as suas cobiças e a que se encostam os impotentes e os laxos para encobrirem a sua incapacidade ante os problemas para que não têm ombros e excedem as suas forças.
A história é, em grande parte, construída pela vontade do homem, ...
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador: - ... e há encruzilhadas em que da opção e da livre escolha de um homem podem estar suspensos, para muito tempo e. porventura, para sempre, a sorte e o destino de um povo. Esta é uma. Nas mãos de Salazar, mais uma vez, está o futuro da Nação, o nosso d estimo colectivo.
Que Deus ajude Salazar a responder vitoriosamente ao desafio da história.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: muitas vezes se tem levantado no meu espírito o problema de saber se os milhares de portugueses que se perdem por ano, por emigração para o estrangeiro, se perderão também espiritualmente, isto é, se eles continuam a sentir-se e a pensar como portugueses. E tenho sempre imaginado que bela semente eles seriam para fazerem florir, em terras distantes e variadas, a cultura portuguesa. Embaixadores permanentes das nossas coisas, os portugueses emigrados poderiam ser uma força enorme, testas de ponte de uma penetração que interessaria também a exportação e a política.
Acontece, porém, que a gente que sai de Portugal é quase toda de reduzida cultura, e, assim, facilmente é absorvida pelo modo de ser das terras onde vive « bem pouco abona a favor do que realmente valemos no aspecto cultural. Em vez de embaixadores, têm afinal os portugueses emigrados de ser assistidos, para não perderem ao menos a sua língua. Assim temos agido?
(Assumiu a presidência o Sr. Deputado Soares da Fonseca).
Sr. Presidente: leio ao acaso algumas notícias recortadas de jornais nossos:
ver nestas aspirações uma necessidade nacional que importa, satisfazer sem. demora? (Diário da Manhã de .1.5 de Novembro de 1959).