Na sua maior parte, os emigrantes portugueses em França gozam de uma situação económico-social satisfatória. Percebem em geral os salários que os trabalhadores franceses da mesma categoria recebem, e esses salários podem permitir-lhes a satisfação das suas necessidades.

A generalidade dos nossos emigrantes vive em condições modestas e muitas vezes até rudimentaríssimas. A preocupação de poupar para conseguir pecúlio ou para enviar dinheiro à família ou investi-lo de qualquer forma em Portugal e, nalguns casos, a boçalidade e falta de luzea de numerosos levam muitos a viver naquelas condições, sacrificando o conforto, a higiene e a alimentação.. Assim é que há uma parte que habita em barracas miseráveis, ou em casas paupérrimas, ou aglomerados em quartos, numa mistura e até promiscuidade lamentáveis.

Mas há também aqueles que, sejam simples operários ou sejam os que se dedicam a profissões mais elevadas, mantêm um nível de vida bastante decente e equivalente ao dos melhores trabalhadores franceses ou estrangeiros da mesma categoria social ou da mesma actividade profissional.

Cultura portuguesa. - Não consta existirem quaisquer escolas, cursos ou outras formas por que se ministre o ensino da língua portuguesa.

Funcionam nas Universidades de Paris, Estrasburgo e Rennes leitorados e cursos de Português, mas que não se destinam propriamente a portugueses, isto é, a componentes da colónia portuguesa.

Deve-se, porém, fazer referência às tentativas quê começa a empreender a Missão Católica Portuguesa, recentemente criada, em Paris, e que, sob a chefia do Rev.º P.e Monteiro Saraiva, já tem promovido algumas reuniões de portugueses, durante as quais se exibem documentários cinematográficos portugueses e se fazem ouvir discos de música popular portuguesa.

Área do Consulado em Marselha

Profissões. - Trabalhadores (pedreiros, carpinteiros, mineiros, operários, electricistas, mecânicos, agricultores, comerciantes, industriais, religiosos, estudantes, marítimos, etc.

Nível social e económico. - Bastante modesto.

Cultura portuguesa. - Dois leitorados - o do Centro de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade de Montpellier e o da Universidade de Aixen Provence. Em Nice, uma cadeira «Camões, no Centro de Estudos Portugueses, e umas aulas em Marselha, dadas pelo leitor de Português em Aix.

Área do Consulado em Bordéus

Número a próxima fio dos componentes (Ia, colónia portuguesa. - O número de portugueses que vivem na área daquele distrito consular pode ser avaliado em cerca de 18 000.

Composição (Ia colónia portuguesa no que se refere a profissões. - Os portugueses residentes no distrito consular encontram-se disseminados por toda. a sua área, sendo maior o número dos que vivem nas zonas rurais do que os que vivem nos centros urbanos. Mas, quer nos campos, quer nas cidades, não existem regiões de apreciável concentração da nossa colónia.

Constam inscritos: 3000, dos quais 1800 ficam sempre em regra. Alguns dos componentes da colónia vivem com a família, que mandaram ir de Portugal. Outros, em menor número, constituíram ali uma família, seja contraindo matrimónio com portuguesas, seja com francesas, espanholas ou italianas.

Profissões. - Quanto à profissão, a grande maioria da colónia emprega-se na construção civil, seja como pedreiros, pintores, estucadores, cimenteiros ou simplesmente ajudantes de pedreiro.

Outros, nos grandes centros mineiros da região do Loire ou na região do Tsère, operários cerâmicos na região de Digoin (Saône e Loire), operários de produtos químicos em Saint-Fons (Rhône).

Nível social e económico. - Estes portugueses ganham correctamente a sua vida; alguns já possuem a. sua vivenda própria e outros bens; em geral, vivem honesta e correctamente. No .entanto, há alguns, recentemente chegados, que mostram o seu descontentamento com o ordenado, pois que este não lhes dá para viver e para sustentar a família (a maior parte destes falam em regressar a Portugal).

Estados Unidos da América Área do Consulado-Geral em Nova Iorque

Colónia portuguesa. - Quanto ao número de portugueses naquela área, há que ter em conta que quase todos, com o andar dos tempos, se vão naturalizando, uma vez que só assim conseguem obter do meio as condições de trabalho que os não desfavoreçam. Aqueles que ainda o são ou nunca deixaram de o ser nem sempre se inscrevem no Consulado, podendo, porventura, computar-se à volta de 25 por cento os que o fazem. De uma maneira geral, e tendo em conta que, por mais exacto que se pretenda ser, nunca poderá evitar-se uma margem de arbítrio, os cálculos reputados melhores computam em 8000 o número de portugueses e descendentes que vivem no estado de Nova Iorque, em 15 000 o dos que vivem em Nova Jérsia e em 10 000 a 12 000 o dos que vivem em Connecticut. Provêm eles das mais variadas origens, tanto do continente como dás ilhas adjacentes e da província de .Cabo Verde, havendo núcleos substanciais da região de Aveiro (Elizabeth e Newark, N.º J.), de transmontanos (Bridgeport, Coim.), de cabo-verdianos (Bridgeport, Conu., Jersey City, N.º J., Brooldyn e Yonkers, N.º Y., etc.) e de açorianos e madeirenses em Connecticut, Nova Jérsia e Nova Iorque.

Profissões. - As profissões em que se ocupam são as mais variadas: operários fabris e de construção civil (Yonkers, N.º I., Bridgeport, Conn., estado de Nova Jérsia), empregados de escritório, construtores civis, comerciantes, etc.