daquilo que consideram as suas reivindicações, exigindo que elas se efectivem com a rapidez do pensamento com que as realizam ou formulam. Novas descobertas da ciência e novas técnicas criaram necessariamente novas concepções de vida; outras exigências vieram sobrepor-se a normas fixadas e imprimir um aumento vertiginoso de realizações que não se compadecem com medidas cautelosas, reflectidas, ponderadas. O jovem não compreende que a marcha seja lenta e a execução demorada, por isso mesmo que a obra tem de ser sólida e duradoura, para ser eficiente e produtiva. O jovem quer mais e quer depressa. Imagina, idealiza, ambiciona e deseja a realização rápida de impossíveis.

Se assim é, que fazer então? Em primeiro lugar, importa não só compreender a juventude, mas convencê-la de que ela será a nossa esperança e a continuidade de nós próprios...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ...que é a pensar nela e para ela que nos esforçamos por melhorar as suas condições de vida; que nos preocupamos seriamente com a juventude e que desejamos ir ao encontro das suas aspirações. Importa incutir à juventude confiança nos seus destinos, satisfazer pelo exemplo a inquietação dos seus anseios, esclarecer com verdade as suas dúvidas e angústias, formar o seu carácter por uma acção constante de vigília e de dedicação.

A juventude, que constitui a maior riqueza de uma nação, não pode ser abandonada e entregue a si própria, aos seus desvarios e irreflexões.

Para combater algumas das causas que podem explicar o alheamento e a indiferença dos jovens pelos problemas nacionais é forçoso e inadiável dar à juventude o que ela na realidade precisa para se informar, esclarecer e doutrinar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Permeável a influências e doutrinas aliciantes, a juventude deixa-se facilmente arrastar para campos ideológicos que uma literatura nefasta e dissolvente espalha, alastra e contamina, num campear desenfreado, que não cessa de crescer e prosperar, negando e destruindo os valores imutáveis e sagrados, que são património da cultura e da civilização das nações que souberam consolidar-se à sombra de elevados e nobres ideais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: é absolutamente necessário e indispensável promover uma vasta acção de esclarecimento e de doutrinação à juventude.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Essa tarefa, que é urgente, terá de ser confiada à Mocidade Portuguesa, que num plano de actuação firme, decidida e eficiente realize um trabalho de renovação mental, de enriquecimento dos consciências, de verdadeiro e inequívoco sentido nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Será a divulgação pelo livro, pela revista, pela imagem, pela palavra. Mas para tal campanha impõe-se desde já profunda e radical reforma na organização e funcionamento dás bibliotecas escolares, com aquisição de obras informadoras dos valores artísticos, culturais e religiosos, ao nível da capacidade receptiva dos alunos e criteriosamente escolhidas.

Nas principais cidades do País deverão construir-se casas de espectáculos, dirigidas e orientadas por entidades ligadas ao ensino, com salas para exposições, bibliotecas, salas de jogos, onde possam promover-se sessões culturais, com projecção de filmes apropriados e de interesse educativo, exposições de pintura, concertos musicais, etc.

A par destas realizações, um objectivo primordial deverá sobrepor-se a todos: a criação de actividades com vista no conhecimento e divulgação das nossas províncias ultramarinas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Agora que, mais do que nunca, aqueles territórios constituem o ponto de convergência das nossas preocupações e reclamam toda a nossa atenção, para lá deveremos encaminhar a juventude. Mas importa criar, nela a consciência esclarecida do que constitui para nós, como riqueza económica e força moral, a nossa presença em terras de África e da Ásia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Impõe-se, para isso, a criação no ensino secundário de uma cadeira de formação ultramarina e, como complemento dela, o estabelecimento de centros de informação, onde a juventude possa encontrar todas as publicações e elementos informativos sobre a vida e actividades do ultramar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: a juventude tem de se interessar conscientemente pela vida portuguesa em terras de além-mar. Só o contacto directo com essas terras poderá, efectivamente, criar uma atitude de compreensão e de apego às causas que defendemos e às razões por que nos batemos em África. Angola precisa de muita gente, mas precisa de gente de qualidade, preparada tecnicamente é certo, mas também com a verdadeira noção dos motivos que nos obrigam a fixar-mo-nos lá.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Conhecer terras da nossa África é sonho de muitos jovens. Tornar esse sonho realidade é dar um passo em frente no caminho para a formação dessa consciência ultramarina que se impõe e urge realizar sem demora.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como consegui-lo? Entre outros meios, temos os cruzeiros ou viagens organizados em barcos das carreiras normais. Mas se, em vez dessas viagens, que têm sido tão raras, a Mocidade Portuguesa dispusesse de um navio seu com salas de aula, gabinetes, laboratórios e todas as instalações necessárias ao seu funcionamento, adaptado a uma verdadeira escola, com o seu corpo docente recrutado entre o professorado,