que asseguraria o ensino no decurso das viagens, toda a juventude teria oportunidade de conhecer as nossas terras de além-mar.

Nesse navio assim apetrechado continuariam as aulas, com todas as vantagens para os alunos, que realizariam os seus trabalhos sem prejuízo para o seu aproveitamento escolar.

Permutas entre estudantes metropolitanos e ultramarinos seriam um admirável meio de intercâmbio, que alargaria os laços de camaradagem e contribuiria para a compreensão humana no âmbito das relações inter-raciais.

O Sr. Antão Santos da Cunha: - V. Ex.ª deve estar satisfeito pelo eco de aplausos que encontrou da parte desta Assembleia para as considerações que tem estado a fazer.

No entanto, como vejo que V. Ex.ª está a chegar ao fim do seu discurso, quero dar também o meu aplauso, muito veemente, ao que V. Ex.ª acaba de afirmar, mas permita-me que às considerações de V. Ex.ª eu acrescente uma pequena nota: é que todo esse plano mira se não tivermos a coragem, de afastar do ensino aqueles que não aderem aos princípios citados por V. Ex.ª É pelo exemplo que temos de conquistar a juventude, mas não podemos conquistá-la com os exemplos e as ideias daqueles que não professam essa doutrina, que, pelo contrário, hostilizam com ideário muito diferente.

Eu não ficaria de bem com a minha consciência se não fizesse esta pequena intervenção em aditamento ao que por V. Ex.ª foi dito.

O Orador: - Estamos de acordo. Trata-se apenas de uma intervenção de carácter geral, porque tenciono voltar ao assunto.

A ideia que aqui lanço foi-me sugerida pela existência do navio inglês Dunera, que há cerca de dois meses esteve no Tejo e foi visitado por autoridades escolares dos liceus de Lisboa. Trata-se de um navio adaptado a escola, que durante todo o ano realiza cruzeiros de dez a quinze dias pelos mares da Europa. No programa para o corrente ano estilo previstos vinte cruzeiros, seis dos quais com escola por Lisboa.

Está a realizar-se no País uma subscrição nacional para a compra de um novo aviso Afonso de Albuquerque.

Que excelente oportunidade para uma campanha destinada a converter em realidade um sonho que seria uma esperança para a juventude!

Não quero deixar calar o entusiasmo que a sugestão poderá vir a criar no seio da juventude, à espera de que lhe sejam dados meios para, se valorizar experimentalmente e para se tornar mais operante e mais activa na participação das tarefas que lhe estão destinadas.

Oferta generosa à juventude portuguesa, seria também uma eloquente resposta ao Mundo, que não compreendeu ainda o idealismo da nossa acção civilizadora.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

lídimos representantes da Nação, defensores activos e conscientes dos interesses legítimos da grei.

Perante este conceito, e dando cumprimento à missão que nos cabe, como Deputado pelo Porto e seu distrito, queremos, Sr. Presidente, em meia dúzia de palavras, referir-nos à situação angustiosa, sentida e vivida por muitos dos seus habitantes durante uma longa, semana; situação grave, delicada, criada pela queda de chuvas torrenciais, dando causa, a impetuosos e violentas inundações, que em toda a bacia hidrográfica do nosso Douro, com seus afluentes, tão intensamente se fizeram sentir, arrastando para uma situação de miséria e de dor centenas de famílias, elevando-se a centenas de milhares de coutos os prejuízos materiais, geradores de sérios problemas, de solução demorada e custosa.

As nossas palavras não podem nem sabem traduziras calamitosas, trágicas e gravíssimas consequências que a cheia do rio Douro ocasionou, tantas e tão profundas são as destruições e as ruínas a que o cataclismo deu origem.

Desde a fronteira nordeste até ao Porto, a senda destruidora da água, em indomável torrente, em corrente tempestuosa e arrasadora, semeou a ruína, a desolação, a miséria e até a morte, destruindo na sua fúria, violenta e impetuosa, campos de cultura e habitações, arrastando na vertigem de uma louca velocidade tudo quanto se antepunha à sua vertiginosa marcha para o oceano, deixando profundamente vincado nas zonas marginais o vestígio inapagável de prejuízos materiais de cômputo difícil de avaliar, e muito mais de solver.

Era aterradora na sua grandeza apocalíptica u contemplação da cheia acusada pelo rio Douro, cheia que superou em grandeza a de 1909, que deu motivo à vinda ao Porto do Chefe do Estado de então: o rei D. Manuel; a do então, como a de agora, de consequências tão trágicas como nefastas, que só podem bem avaliar e compreender os que assistiram à sua desenvoltura e sentiram os seus maléficos efeitos, perdendo fazenda, e muitos o próprio lar humilde onde viviam, que com tanto esforço haviam adquirido.

O Porto, Gaia e outras terras durienses, como Tua, Pinhão e Régua, sentiram e viveram horas de tragédia, e horas iguais viveram todos os povos ribeirinhos, vilas e aldeias, que assistiram ao aniquilamento das suas propriedades e das suas culturas, à perda irremediável de bens com tão grande dificuldade adquiridos.

E o próprio Estado sentiu e reconhece a inclemência do temporal, forçado como é a dar pronto remédio a prejuízos materiais da maior valia, como sejam o