O Sr. Presidente: - Informo o Sr. Deputado Amaral Neto de que está na Mesa a resposta ao pedido de informações feito na sessão de 15 de Dezembro do ano findo.

O Sr. Amaral Neto: - Peço a palavra, Sr. Presidente, para um requerimento.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa a palavra.

O Sr. Amaral Neto: - Requeiro que essa resposta seja mandada, transcrever no Diário das Sessões.

O Sr. Presidente: - Será publicada no Diário. Tem a palavra o Sr. Deputado Cardoso de Matos.

O Sr. Cardoso de Matos: - Sr. Presidente: como é do conhecimento público, realizou-se hoje o funeral do que foi o distinto general Silva Freire e de alguns dos seus briosos colaboradores, que, em circunstâncias trágicas e quando tanto ainda era de esperar no prosseguimento da obra a que se devotavam, no desempenho das suas missões, pereceram no brutal desastre do Chita do, em Angola, província que lhes fica devendo o dom maior que o homem pode sacrificar a um ideal - a própria vida. E foi como idealistas que Angola os chorou e chora, porque bem sabia que, para além das obrigações que o dever lhes poderia cometer, exigiam de si próprios esforços maiores em prol de uma causa que era deles e de todos nós.

Curvamo-nos perante o seu sacrifício e lembramos respeitosamente os seus nomes, certos de que se juntarão na história pátria aos de tantos outros que, através dos séculos, por ela se têm sacrificado também, engrandecendo-a tanto no seu património material como no moral.

Paz às suas almas e que a Pátria os recorde sempre como exemplo de virtudes a seguir, que, aliás -e injusto seria não o proclamar -, encontrámos e continuamos a encontrar em toda a parte onde o português conserva as qualidades dos seus maiores, as virtudes ancestrais que fizeram de um Portugal pequenino unia grande nação plurirracial, orgulho de todos nós, mas invejada de tantos, como os tempos presentes, por forma tão evidente, nos estão provando.

São estas e tantas outras vidas que se perdem em defesa da Pátria que temos de recuperar em espírito, bastando que nos unamos, que cerremos fileiras, que todos como um só e sem desfalecimentos prossigamos a obra a que se devotaram.

Não há tempo para dissidências nem o momento as consente. Aqui, como em qualquer outra parcela do todo nacional, é obrigação a que a ninguém é permitido eximir-se o ter presente que irmãos nossos, como os malogrados oficiais que citámos, suportam sacrifícios que vão até ao da própria vida na defesa de um património comum que todos têm de defender, sem excepções.

Tem-no compreendido assim a gente de Angola e todos os que nela permanecem e a ela continuam acorrendo, quer militares, quer civis. Sabe-se dos devotados sacrifícios que todos estão fazendo nas suas vidas e nos seus haveres. Ao lado dos militares, cuja meritória acção já destacámos, lutam muitos civis, numa extraordinária manifestação de querei- que é justo destacar também.

São estes exemplos, são estes sacrifícios, são tantas vidas e haveres perdidos por irmãos nossos que queremos apontar a todos, pedindo, quando não exigindo,

que sejam respeitados e seguidos, ou então o homem deixa de o ser, porque perdeu o respeito por si próprio. Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

como cidadão sempre interessado no evoluir da causa pública do meu país, recordar uma sessão de propaganda eleitoral a que assisti, vai talvez para doze anos, no Palácio dos Desportos, em Lisboa. V. Exa em um dos oradores, e depois de ter rebatido, com elevado poder de síntese, os aspectos principais da propaganda contrária, acabou por concluir nestes termos: «Então parece que a oposição o que discute são homens. Pois bem... se são homens, peço meças». Sr. Prof. Mário de Figueiredo: quando um homem público, em plena campanha eleitoral, pode pedir «meças» é porque, além de estar seguro da sua capacidade intelectual e da sua firmeza de carácter, tem a alma limpa e a consciência tranquila perante os seus concidadãos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sempre admirei e procuro seguir na vida os homens que têm tais qualidades.

Srs. Deputados: depois de ter bem apreciado o valor das intervenções de VV. Exas, considero um acto de coragem, para não lhe chamar ousadia, propor-me falar pela, primeira vez nesta Assembleia com tão pouco tempo de preparação. Bestam-me duas atenuantes: a primeira é que não fica mal a um militar ser corajoso; a segunda é que, sem menosprezo para V. Exa, é muito maior o risco que correm os meus camaradas que cumprem missões de soberania nos territórios portugueses. Uma coisa é certa: podem VV. Exas contar com a minha independente, leal e sincera colaboração durante os trabalhos desta legislatura. Presidente: o quadro de uma acção psicossocial a realizar pelas forças armadas desenvolve-se sempre tendo por objectivo a conquista da confiança das populações. Se é assim, é porque essa confiança foi abalada ou perdida. O fenómeno que faz perder essa confiança é a chamada guerra revolucionária.

Para melhor realçar o que pode ser a acção psicossocial das forças armadas importa fazer um ligeiro apontamento sobre o significado da guerra revolucionária. Esta guerra é hoje em dia uma das grandes preocupações dos países com responsabilidades em ter-