Para tanto, não me pouparei a esforços, trazendo a esta Assembleia e nos Poderes Públicos competentes as achegas que repute necessárias para a resolução dos problemas cia província.

Mas Cabo Verde é pouco conhecido, ou melhor, Cabo Verde é para aqueles muitos que nunca lá estiveram o arquipélago das ilhas desafortunadas - o arquipélago da fome!

Ora é preciso acabar com este conceito, que nos leva em linha recta ao «não vale a pena», ao derrotismo, que nada soluciona.

indispensável conhecer as ilhas, é necessário contactar com esse portuguesíssimo povo que serve em Angola, que se bate em Angola, que se faz herói em Angola e que morre em Angola única e exclusivamente porque Angula é Portugal!

É preciso compreendermos a amorabilidade da minha gente por Portugal para prosseguirmos mais afincadamente na senda de progresso que há uma dezena de anos se vem processando nas ilhas, graças à acção do Governo, que não se tem poupado a esforços para melhorar as condições de vida no arquipélago.

Para isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é preciso lá irmos Aliás, julgo que nós, os portugueses, temos de conhecer-nos todos melhor para nos mantermos mais unidos, se possível, a fim de alcançarmos com maior eficiência os objectivos que nos propomos: a unidade da Nação e a coesão dos povos que a constituem.

Temos de dinamizar a nossa acção para que nos seja mais fácil - a qualquer um de nós - atingir as razões aqui aduzidas pelos Srs. Deputados nas suas intervenções em prol das regiões que constituem o círculo que os elegeu.

Portugal precisa de conhecer Portugal.

Nas funções públicas que exerço em Cabo Verde - na propaganda e informação da província - tenho recebido, por dever de ofício, e não raras vezes, jornalistas e até estadistas estrangeiros curiosos por conhecer as ilhas e quanto ali se passa. Poucas vezes, em doze anos, lá estiveram portugueses com idêntica finalidade.

Não critico, nem me oponho, que continuem a visitar as ilhas os estrangeiros que as queiram visitar. Nada temos ali que esconder. Apenas seria recomendável que nos visitasse gente de boa fé, e não os especuladores de sensacionalismos doentios ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... que ali vão com o único propósito de registar o que não fizemos, sem querer reparar no que está realizado e representa esforço, sacrifício, trabalho e persistência. Não me esqueço, por exemplo, de um jornalista do Texas a quem só interessava fotografar um cão tinhoso, enquanto eu lhe mostrava as obras de hidráulica realizadas em Santiago, ou uma mulher com uma perna entrapada, quando lhe chamava a atenção para o posto agro-pecuário de S. Jorge dos Órgãos. Não lhe interessavam as nossas realizações. Apenas queria focar o lado miserável da vida, como sé a miséria fosse apanágio exclusivo de Cabo Verde e não existisse em toda a parte, incluindo a própria América.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Com gente deste jaez temos nós de tomar cautelas especiais e dispensamos, com o melhor agrado, a sua curiosidade pelas ilhas.

Mas, dizia eu, se não me oponho à visita de estrangeiros de boa fé, não posso deixar de lamentar a ausência dos nacionais.

Na verdade, o desconhecimento das ilhas envolve uma tal série de erros de apreciação que nós quase nos envergonhamos quando ouvimos falar de Cabo Verde.

Os estranhos, chamados pelo escândalo das ilhas onde supõem que ainda se morre de fome, apenas procuram o tal sensacionalismo mórbido para parangonas nos seus jornais ou revistas, sem curarem de saber das dificuldades vencidas e sentirem quanto de fraternidade existe entre o todo português. O nosso desconhecimento das ilhas tira-nos a coragem para desmentir as atoardas engendradas sobre Cabo Verde.

Pois é preciso que todos estejamos aptos a desfazer os falsos conceitos formados acerca das ilhas. É preciso podermos dizer, alto e bom som, com pleno Cabo Verde seria desejável, na verdade, que ao falar-se da ilha do Sal se não dissesse ironicamente que é «uma ilha com uma árvore ao fundo», quando é certo que temos ali o maior porta-aviões do Atlântico Sul, a servir de base para três continentes, e, sobretudo, a permitir-nos viajar por todo o Portugal de África sem sair do próprio Portugal. O Sal é uma dádiva de Deus a unir-nos sem que tenhamos de pedir autorização a quem quer para estabelecermos as ligações entre o Portugal europeu e o Portugal africano.

Gostaria que os portugueses de todas as latitudes conhecessem essa ilha e pudessem compreender as razões