trópole ao ultramar e dos Deputados do ultramar às regiões da metrópole representadas nesta Assembleia.

Como não faço parte da Comissão do Ultramar, ofereço-me para apresentar, se for julgado necessário, sugestões acerca da execução da proposta.

Ofereço-me também, desde já, para servir de cicerone aos Srs. Deputados que se desloquem a Cabo Verde.

Meus senhores: sei, calculo, que as deslocações representarão sacrifício para os Srs. Deputados que venham a constituir as missões, mas os resultados que daí advirão justificam esse sacrifício.

Veja, Sr. Presidente, quanta utilidade se V. Exa., depois de conhecer a terra e as gentes, de se inteirar da sua cultura e do seu desenvolvimento intelectual, de perscrutar as suas dificuldades económicas e financeiras, nos pudesse dar, com o seu saber e experiência, uma orientação para o estatuto político e administrativo das ilhas, precisamente agora objecto das nossas preocupações!

Veja V. Exa., Sr. Dr. Veiga de Macedo -não é vingança por me ter trazido aqui, palavra que não é -, mas veja quanto ficaria facilitada a sua tarefa de principal responsável pela execução da política nacional, se V. Exa. contactasse com as pessoas, conversasse com elas, as conhecesse melhor, para melhor escolher quem representasse essa política em Cabo Verde.

Veja V. Exa., Sr. Prof. André Navarro, de quanta valia não seria a presença de V. Exa. em Cabo Verde, onde o País despende avultadas somas em obras destinadas a melhoramentos agrícolas e sobre que V. Exa. poderia dar uma opinião autorizada, com o seu saber e mestre.

Veja V. Exa., Sr. Dr. Alexandre Lobato, ou V. Exa., Sr. Dr. Francisco Tenreiro, filho adoptivo de Cabo Verde sem nunca lá ter ido, quão grato seria para V. Exa. e para nós um contacto com a cultura cabo-verdiana e com os homens que criaram a literatura das ilhas, de que VV. Exas. têm sido fortes esteios de divulgação.

Calculem VV. Exas., que nunca estiveram em Cabo Verde, o que será sentir que, no dizer do exigentíssimo João Gaspar Simões, em nenhuma província do ultramar português - quer Moçambique, quer Angola, qualquer que seja a efervescência dessas duas províncias ultramarinas - se nos depara um ambiente culto da riqueza e da genuidade do meio intelectual cabo-verdiano.

E V. Exa., Sr. Comandante Henriques Jorge? Oh! Como gostaria que V. Exa. visse com os seus próprios olhos que não há exagero nenhum quando me refiro às condições precaríssimas em que se fazem as ligações entre as ilhas!

Vá V. Exa. a Cabo Verde, Sr. Comandante. Converse com os que se têm de deslocar entre as ilhas; fale com os exportadores, sinta com eles a necessidade premente de um navio nos mares das ilhas e compreenderá melhor quanto me confrange, quanto me dói, ver gorados os esforços que o governador e os Deputados têm feito para obter tão desejado barco.

Sr. Dr. Folhadela de Oliveira: V. Exa., se não é o mais novo de todos nós, parece. E na mocidade que depositamos a maior esperança de prosseguir a obra ingente de Portugal.

Pois vá V. Exa. a Cabo Verde. Vá, como jovem que é, ver que as ilhas não são o que tantos pensam. Será V. Exa., no regresso, o mensageiro da nossa esperança !

E pronto, meus senhores. Se o meu sonho se realizasse, estaria tapado, como se diria em linguagem académica. O aviãozinho com que posso contar não leva mais gente e eu tanto gostava de os levar a todos ...

Não posso contar com um barco, por enquanto ...

Mas o intercâmbio não deve parar. Há que continuá-lo de modo que todos possam ir a Cabo Verde, como a Angola, a Moçambique, ao Minho ou ao Alentejo e ao Algarve.

Verão, meus senhores, como no fim da legislatura estaremos mais unidos. A coisa pode parecer um disparate ou um sonho. Aceito, como disse, que será um sacrifício, mas acreditem que será uma grande lição para todos nós. Ficaremos a saber melhor o que fomos, o que somos e o que podemos ser ainda.

E então estaremos mais aptos e mais fortes do que nunca para nos defendermos e para continuarmos orgulhosos do nosso portuguesismo.

Sr. Presidente, para começar desde já esse contacto que preconizo, embora ainda o seja de forma indirecta, tenho a honra de oferecer a V. Exa. duas antologias, em prosa e poesia, rios escritores cabo-verdianos e peço licença para mandar distribuir aos Srs. Deputados as mesmas obras, que também tenho muita honra em lhes oferecer, com o pedido que encarecidamente faço a todos de as lerem e meditarem.

Se a minha proposta não tiver execução, terei dado pelo menos um passo para que VV. Exas. conheçam melhor a minha terra e a sua gente, o seu drama e, apesar de tudo, a sua fé no futuro.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

uma das primeiras necessidades, imperiosa e urgente, que se definisse, de uma vez para sempre, e que se decretasse, se tanto fosse preciso, que os grémios da lavoura não são empresas comerciais nem industriais e sim apenas elementos básicos da organização corporativa da agricultura, de fins morais e sociais, e que, mesmo na parte em que fazem fornecimentos aos seus associados, não prosseguem fins especulativos ou de lucro. Por isso - acentuava eu- «não podem, não devem, não é justo que estejam sujeitos ao imposto de contribuição industrial ao Estado, nem ao imposto de licença de estabelecimento comercial e industrial às câmaras municipais». E acrescentei então: «Neste momento, em que