Algodão. - A província exportou, em 1960, 44 406 t de algodão em rama, no valor de 681 535 contos. Esta tonelagem pode ser aumentada com relativa facilidade, desde que se dedique à cultura desta rica fibra um maior cuidado de natureza técnica.

O algodoeiro não deve ser cultivado em todos os terrenos, mas apenas naqueles indicados tecnicamente como próprios para a sua cultura, devendo as terras ser tratadas com fertilizantes e as plantas defendidas por insecticidas contra as pragas que as costumam atacar.

Á média ti e algodão caroço que se tem colhido por hectare tem sido da ordem dos 300 kg e, por vezes, até muito menos. Mas, com os cuidados preconizados pela técnica, não será difícil para a província levar para o dobro a sua produção actual. E fácil calcular os grandes e benéficos reflexos que isso teria na vida económica do plantador, além dos benefícios que traria à economia de Moçambique a entrada anual, para alimentar e impulsionar todas as suas actividades, de unia elevada cifra, que andaria à roda de 700 000 contos.

Não resta dúvida de que é preciso melhorar, sem delongas, as condições em que é feita a cultura do algodão. E a economia de Moçambique que o reclama.

Castanha de caju. - De castanha de caju exportámos, no mesmo ano, 55 848 t, no valor de 199'915 contos. Mas em 1958, porém, os números foram mais elevados: a exportação atingiu 95 973 t, no valor de 353 317 contos.

E este produto uma das grandes riquezas de Moçambique, como os números que acima ficaram atestam com a eloquência das suas elevadas cifras. Mas no dia em que toda a castanha seja industrializada em Moçambique e se faça a exportação da amêndoa e de óleo extraído da sua casca, penso, sem receio de cair em exagero, que o valor dessa exportação andará à roda de 500 000 contos.

De há longos anos se trabalha com afinco para se obter o descasque pelo processo mecânico, em substituição do processo manual que é utilizado presentemente.

Posso dizer que está neste momento em experiência, numa fábrica do Norte da Itália, a primeira instalação mecânica, de invenção portuguesa, para o descasque da castanha de caju. Se essas experiências forem satisfatórias, como tudo parece indicar, teremos em breve a primeira máquina, aplicada à indústria, para o descasque da semente daquela rica anacardiácea. A actual produção de castanha de caju pode ser consideravelmente aumentada, pois as zonas arenosas do Sul do Save e do Niassa são regiões próprias para a cultura e desenvolvimento do cajueiro.

Além da amêndoa, possuidora de elevada percentagem de vitaminas e de larga aplicação nas indústrias de doçaria e confeitaria, da casca extraí-se um óleo de várias aplicações industriais e com o sumo do pedúnculo prepara-se uma bebida refrigerante aromática e de sabor agradável. Com o caju também se podem preparar compotas, conservas e passas.

A província já possui algumas indústrias de extracção de amêndoa de caju pelo processo qualquer caso, sem que possa sofrer contestação- que está à vista de toda a gente.

Esses esforçados colonos de Moçambique, a quem aqui aproveito a oportunidade para render a minha homenagem e o preito da minha sincera admiração pela grande obra que realizaram a favor de um Portugal maior, esses esforçados colonos, como ia dizendo, quantas vezes sem dinheiro, sem recursos técnicos, isolados na penosa vida do mato, lutando contra a doença e as duras condições do clima, apenas animados pela sua grande fé e pela sua grande esperança, mas que venceram, porque se lançaram energicamente ao trabalho e conseguiram assim ver triunfar os seus esforços. Deve-se, em grande parte, a esses anónimos e infatigáveis lutadores de Moçambique o engrandecimento e o progresso daquela nossa grande província e a prova dada ao Mundo de que os portugueses sabem lutar e vencer em qualquer parte.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador:-Mas nem sempre, infelizmente, esses bravos lutadores conseguiram vencer. Muitos fracassaram, muitos ficaram na estrada, quebrados, vencidos, a morderem o pó da derrota. Muitos deles, ou talvez todos eles, teriam alcançado a meta do triunfo se tivessem tido, no início do seu trabalho, o amparo do crédito. E não se pense que teriam sido precisos grandes créditos, volumosas importâncias, para amparar e auxiliar cada um desses cabouqueiros da economia moçambicana.

E preciso evitar o fracasso das iniciativas que forem lançadas. É preciso aproveitar todos os esforços, fazer triunfar todos os esforços, para que nada se perca, para que todo o trabalho se transforme em resultado positivo. Reclama-o a economia de Moçambique e reclama-o sobretudo a hora grave em que vivemos.

É preciso amparar, sem perda de tempo, os pequenos obreiros da economia moçambicana. É preciso não esquecer que da soma de todos os seus esforços e de todo o seu trabalho resultará uma grande obra de ocupação económica e de verdadeira e efectiva valorização da economia de Moçambique.

É preciso não esquecer o pequeno agricultor, o pequeno criador, o pequeno industrial - precisamente aqueles que, pela sua modéstia, não têm influência, no inundo dos negócios, para conseguirem o crédito de que necessitam para o triunfo das suas actividades. E para estes pequenos obreiros de Moçambique, pequenos mas tão valiosos, que é preciso criar com urgência um banco de crédito agro-pecuário e industrial, com administração e sede em Moçambique e com gente de Moçambique a orientar e a conceder os financiamentos tão necessários para o impulso das nossas actividades económicas. Este banco poderia ser fundado e trabalhar depois em estreita colaboração com o Banco