tamento completo e na maior perfeição possível os sentidos, acima e praieiro que tudo, religioso, moral e intelectual que hão-de dar fornia, acentuar e dirigir todas as outras manifestações da evolução consecutiva das realizações económicas.

O Sr. Ubach Chaves: - Muito bem!

O Orador: - E, assim, são os valores, quantitativo e qualitativo, dos homens que educam, instruem e trabalham o único penhor de desenvolvimento eficiente nas províncias do ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não se trata, pois, de simples problema de emigração; não deve ser uma população em inferioridade de condições do meio em que vive que vá procurar, em ausência temporária, possivelmente em alternativa com países estranhos, compensação que lhe permita regressar à sua parcela natal.

Não é tão-pouco uma transferência com a finalidade de subtrair uma população a influências prejudiciais em determinada região de ordem política ou económica para novos espaços onde possam ser desenvolvidas as possibilidades positivas e, eventualmente, inibidas as de carácter negativo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Deve ser, na realidade um movimento extenso, mas seleccionado, directriz histórica de actuação, em finalidade coesiva tão particular, que se pode considerar apanágio de Portugal.

Com certeza que deverá meditar-se e aproveitar as experiências realizadas na execução e princípios do povoamento, não no simples aspecto de exploração económica, de domínio ou absorção das populações aborígenes, mas, pelo contrário, em interpretação inicia], da qual as outras vantagens serão simples derivadas, de elevação e aperfeiçoamento de aspectos subdesenvolvidos, em direcção, concreta e definida, da educação e cultura, e em eficaz auxílio económico, a resultar a prazo mais ou menos largo, em diferenciação local, justa e equilibrada, merecida e meritória.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não é possível, sem cultura altamente especializada, abrir espaços novos, indicar orientações; mas é permitido antever as dificuldades, considerar a complexidade do estudo e soluções, pelas muitas e inter-relacionadas facetas que se apresentam.

É indispensável elenco de técnicos especializados enviado em escalonamento determinado pelas necessidades mais prementes e convenientemente assegurar a sua eficiência, mas impõe-se a colaboração de escolha de intelectuais que determine as exigências sobrenaturais, morais e culturais dos portugueses de além-mar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem a preparação dê homens nem o condicionamento do meio onde vão viver podem estar à mercê do improviso; nada de perfeito se pode improvisar, pois mesmo. a solução de emergência, embora aparentemente espontânea, quando eficaz, é sempre resultante de laboriosa preparação remota.

E assim pode sugerir-se à criação de organismo do Governo que, por comissões a desenvolver estudos no plano conveniente, pela possibilidade de simplificar aspectos burocráticos e por dotações próprias e adequadas, fosse capaz de atingir a finalidade do povoamento em causa.

E este o pensamento que tenho u honra de apresentar ao Governo, e peço e agradeço a V. Exa., Sr. Presidente, que, no seu elevado critério, lhe imprima a orientação julgada mais conveniente.

Pedir tudo e tudo conceder não é de mais para a grandeza da causa que defende da mutilação premeditada, cruel, desumana, uma das raras nações decididas a manter e desenvolver a única, insofismável, ética capaz de salvar, hoje, toda a humanidade.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Fernando Frade: - Sr. Presidente: sendo esta a primeira vez que tomo a palavra, desejo começar por apresentar a V. Exa., muito ilustre Presidente desta Assembleia e homem público, os meus respeitosos cumprimentos e render-lhe o preito das minhas homenagens.

A todos VV. Exas., Srs. Deputados, as minhas calorosas saudações e sentimentos da mais alta consideração.

Para muitos dos presentes, direi mesmo para a quase totalidade, não sou mais do que um ilustre desconhecido; ilustre somente por força do mandato que o eleitorado de Moçambique me conferiu.

Pertenço a uma família há longa data radicada em Moçambique; em Moçambique passei a minha primeira mocidade; foi lá que iniciei praticamente a vida profissional e onde nasceram cinco dos meus nove filhos.

Com estas curtas palavras tenho unicamente por objectivo patentear a força dos meus sentimentos em relação a sua parcela do território nacional e em que grau portanto desejo vê-la prosperar em paz.

Prosperar em paz.

Eis como em três palavras se consubstancia uma ansiedade, um objectivo. Este é o meu objectivo e estou certo o de tantos os que vivem e trabalham em Moçambique, independentemente da sua cor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Temos paz nas terras da costa do Indico e é inegável que algo temos feito pela sua prosperidade. Mós cabe formular a seguinte pergunta: como será possível manter essa paz e a nossa presença civilizadora?

Eu sei que ela depende em grande medida da iniciativa de quantos nos querem mal, mas, em igual proporção, se não maior, da força das convicções, da veemência do desejo e da fulgurância e urgência da nossa acção.

O passado recente já nos fez ver que não basta afirmar mil vezes, que queremos continuar a ser portugueses para que o Mundo entenda e aceite as nossas razões e que, portanto, nos deixe completar a nossa missão em paz.

Importa agir em todos os sectores em escala correspondente a imensidade e grandeza de uma missão e de um território. Importa planear e realizar num ritmo correspondente à época em que vivemos.