para suportar certas pressões ocasionais que se geraram no sistema pelo comportamento das suas responsabilidades ú vista em conjugação com o nível de crédito que já vinham concedendo, e com a realização de algumas operações, em substituição do mercado financeiro.

Crédito concedido pelos bancos comerciais (Milhares de contos)

De qualquer forma, se a evolução ultimamente observada encontrou, por um lado, resposta adequada nos mecanismos simultaneamente flexíveis e eficientes do nosso sistema bancário, importa, por outro, acompanhar o processo com cuidada e redobrada atenção, para que não se operem pressões que ponham em causa o próprio funcionamento do sistema nem se criem dificuldades que entravem o desenvolvimento económico do. País. E, se esta tarefa virá certamente a exigir pronta e adequada acção da entidade orientadora da política monetária, não se esquece nem se menospreza o espírito de cooperação que tem sido característica do nosso sistema e que virá certamente nu futuro, mais uma vez, a afirmar-se.

O financiamento do desenvolvimento económico Pêlos elementos estatísticos actualmente disponíveis, não se torna possível calcular o volume de poupanças efectivamente constituídas no decurso deste ano, nem a sua aplicação, quer directa, quer indirecta, na formação bruta de capital fixo e no financiamento de stocks. Parece, no entanto, sobretudo, que, devido a razões que se reconduzem a motivos de precaução e especulação, se terá presenciado no decurso deste ano um reforço da tendência para o entesouramento. Assim se poderá explicar, pelo menos em parte, a redução observada nos depósitos à ordem - que assumem, como se sabe, em determinadas instituições, a natureza de verdadeiros depósitos-poupança -, embora simultaneamente se tenha registado ligeiro aumento dos depósitos a prazo. Por outras palavras, admite-se que parte apreciável do rendimento formado, e não aplicado em consumo, tenha ficado inactiva, o que significa afrouxamento do afluxo de recursos disponíveis para investimento.

Por outro lado, e em conjugação com este movimento, parece ter-se desenhado tendência crescente de canalização das poupanças formadas pura o investimento imobiliário.

Admite-se, porém, que o comportamento anteriormente referido, e que parece ter-se esboçado numa primeira fase deste ano, não tenha persistido nos últimos meses, a avaliar por alguns elementos já hoje disponíveis, e para o que terá contribuído a acção que quer directa, quer indirectamente, foi levada a cabo pela Administração Financeira. Assim, com vista à normalização do mercado financeiro, foram publicadas em 30 de Junho algumas providências (Decreto-Lei n.º 43 767) sujeitando a fis-realização as entidades que se dedicam u actividade de mediadores na compra e venda de bens imobiliários e nu realização de empréstimos com garantia hipotecária, dada a importância que assume tal actividade na colocação de capitais alheios. Ainda, e no intuito de atenuar a excessiva aplicação em investimentos imobiliários e de contribuir para a manutenção de um afluxo adequado de capitais para empreendimentos mais significativos de um ponto de vista de desenvolvimento económico, foi publicado na mesma data o Decreto-Lei n.º 43 768, que determinou, em especial, um alargamento da participação de títulos emitidos por entidades particulares no caucionamento das reservas matemáticas, de garantia e de seguros vencidos das empresas seguradoras, a possibilidade de as obrigações do Banco de Fomento Nacional caucionarem até 50 por cento as referidas reservas e, ainda, a aplicação destas, no mínimo de l õ por cento, em títulos da dívida pública portuguesa. Para manter sem grande perturbação o financiamento do desenvolvimento económico, a Administração Financeira traçou uma linha de orientação, através da Caixa Geral de Depósitos e d" Ba tico de Fomento Nacional, que permitiu suprir algumas das dificuldades registadas no comportamento do mercado financeiro.

Indica-se seguidamente a acção desenvolvida por aquelas duas instituições de crédito. Com efeito, e de harmonia, aliás, com a sua orientação tradicional de actuar tanto quanto possível como elemento de estabilização conjuntural, a Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência exerceu acção preponderante, não só pela expansão de crédito concedido sob a forma de empréstimos - expansão quase dupla da que se havia processado em período homólogo do ano anterior -, mas também pela intervenção no mercado financeiro, através da tomada de títulos.

Na verdade, durante os primeiros oito meses deste ano verificou-se uma intensificação da acção directa exercida pela Caixa Geral no fomento da actividade económica através de uma expansão de cerca de 237 000 contos, no volume de crédito concedido, a que acresce um aumento de cerca de 148 000 contos nas operações com o sector corporativo e lê coordenação económica. No conjunto, regista-se pç is um acréscimo de cerca de 385 000 contos, que se repartiu em maior ou menor escala por todos os sectores da actividade, embora com particular significado no que se refere ao crédito outorgado às indústrias transformadoras.

Em relação às restantes operações de crédito, constituídas, na sua maior parte, por empréstimos hipotecários, observou-se um acréscimo de 51 000 coutos, o qual, embora reduzido em valor relativo, não terá deixado de exercer influência moderadora nas taxas de juro, designadamente nos empréstimos realizados fora do sistema bancário.