Rica de consequências é a imparcial e objectiva lição do Episcopado Português. Leva-nos ela insensivelmente a reflectir sobre as injustiças, sofismas e duplicidades que vai fomentando esse monstruoso mito do anticolonialismo, bastarda floração imperialista de um sentimento humanitário gerado no pós-guerra em face de povos subdesenvolvidos, desigualdades raciais e nações oprimidas:

É a condenação que ele faz do racismo branco e a apologia do racismo negro, a insistência na autodeterminação para grupos terroristas sem expressão populacional, e o seu esquecimento em relação à Hungria, velho pais cristão; ...

O Sr. João Ubach Chaves: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- A decisão e persistente firmeza da O. N. U. em enviar tropas e munições para o Congo falece perante a extorsão de Goa e a integração do seu povo civilizado num país subdesenvolvido. E assiste-se na O. N. U. a repetidas afirmações de que em Angola ameaçamos gravemente a paz e que constituímos - dizia-se ontem - um dos mais importantes problemas do Mundo.

Indica-nos a pastoral, como postulado de acção, o amor da família, da Pátria e, através delas, da humanidade, na tarefa comum aos outros povos de erguer um mundo cristão, sem nos perdermos num falso humanitarismo, que nos desencarne do meio natural a à maneira daqueles que dizem anuir a humanidade, desprezando os homens».

À juventude vai um especial apelo para a realização da tríplice obra: tornar Portugal mais rico, mais humano e mais cristão, pormenorizada esta trilogia de aspirações na promoção dos portugueses a um maior bem-estar material, social, moral, intelectual e espiritual, aspectos da realização do reino de Cristo e de comparticipação na sua obra redentora.

Neste eloquente apelo à juventude, em que se lhe sugere que caminhe «ao serviço dos grandes ideais, pelos quais é belo morrer na vanguarda de Portugal, fazendo florir no ultramar a civilização cristã», fala-se com tristeza daqueles que, transviados por caminhos de negação ou de dúvida, adoram falsos ídolos, no culto de «vãs ideologias abstractas» a que tudo sacrificam: liberdade, independência, autonomia, autenticidade.

À juventude portuguesa se dirigem sem dúvida os mais belos trechos deste notável documento. Anuncia-se nele a preocupação de criar um instituto superior que, a nível universitário, preencha a evidente e saliente lacuna da ausência de estudos teológicos superiores em Portugal. Saudemos com entusiasmo esta decisão e este desejo do Episcopado Português, pelo alto serviço que se propõe prestar à Nação. Será ele, afirmo-o convictamente, complemento indispensável da Universidade na sua função orientadora, onde não pode nem deve admitir-se que através da técnica, da cultura, da arte ou das humanidades se sugira à sinceridade inquieta da juventude tudo o que negue ou deforme os constantes da nossa civilização: Deus, Pátria, família.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nomeia-se sucintamente nesta pastoral a importância do ensino secundário para a juventude, aludindo-se à necessidade de encarar com vistas largas o ensino secundário particular em moldes que favoreçam a formação espiritual, orientação esta que é de apoiar inteiramente.

Em parêntesis, que nada tem que ver com o documento a que me venho referindo, desejo salientar que três disciplinas do ensino secundário - a disciplina de Moral, a de Organização Política e Civil e a de Filosofia -, tendo especial importância na formação da juventude do ensino secundário, exigem o dever que imperiosamente se impõe neste momento de cuidar a quem se entrega o seu ensino e de como são ensinadas em intensidade e orientação de programas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Este apelo à juventude cria aos homens responsáveis do País um caso de consciência: têm-se vivido suficientemente os problemas da juventude portuguesa e tem-se perante eles agido com eficácia? O insuspeito Maritan dizia que o «anti» é sempre insuficiente. Tem-se porventura insistido mais perante a juventude no que 'se deve condenar ou negar do que em sugerir-lhe um ideal construtivo, difícil, cheio de sedução, ideal que sirva um mundo novo a perigosamente erguer;

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os dois aspectos são necessariamente complementares. Nesta hora de revisão de valores e atitudes, a ser vivida sob o signo da austeridade e da firmeza, há que erguer mais os olhos para a nossa juventude.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Costa Guimarães: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: em consideração ao facto de que é esta Assembleia o lugar mais apropriado para, em expressão da voz do povo, evidenciar tudo o que represente crítica, elogio ou até sugestão, em correspondência, aos seus mais legítimos sentimentos, obrigações e interesses, e fazendo-o no integral e lógico cumprimento do mandato responsável que o mesmo povo nos confiou e que devemos honrar e cumprir pelo nosso melhor, com fé