espírito de unidade que, forçosamente, tem de dominar todos os bons portugueses de modo a formarmos um amplo quadrado, um amplo quadrado que possa resistir às investidas dos que, a todo o custo e pelos mais miseráveis processos, em todas as frentes, querem destruir a existência desta velha nação - para a necessidade mais do que nunca premente, dizia, de olharmos a sério pelos centros populacionais de portugueses que em todo o Mundo, nas mais distantes latitudes, podem e devem ser os grandes agentes da nossa verdade com que, no estrangeiro, temos de fazer face à ofensiva que contra nós, sem descanso, se desenvolve.

Vozes: - Muito bem!

nacional com que se pudesse apresentar numa festa em sua honra organizada, pois a nossa embaixada ou legação não a possuía, por há muito ter sido esfarrapada pelos ventos glaciais, que ao fazê-lo, e pelo visto, tinham também gelado o portuguesismo do coração dos que ali nos representavam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Lá do cimo do continente americano chega-nos notícia de que uma autoridade consular obstinadamente se negou a tomar parte numa determinada festa em que bons portugueses não queriam, a exemplo de colonos de outras nações, que o nome de Portugal fosse esquecido.

Em Paris, que continua sendo o centro do Mundo, calculam-se em mais de 25 000 os portugueses que ali trabalham sem qualquer espécie de controle da nossa parte senão aquele que forçadamente as autoridades consulares são obrigadas, sem qualquer protecção oficial e completam ente abandonados à propaganda do partido comunista, que, como aqui foi dito há dias, exerce sobre os nossos trabalhadores ali residentes séria pressão e já considerável e cada vez maior influência.

O tempo, Sr. Presidente, em que os diplomatas usavam punhos de renda e casacas de cetim todos sabemos ter passado. O tempo em que os embaixadores de Sua Majestade se deslocavam em coches dourados, mirando de longe a populaça e limitando-se a pisar os salões dos palácios, não é forçosamente aquele em que

vivemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Hoje torna-se necessário, na diplomacia como em todos os campos onde se deseja o triunfo, uma acção vigorosa, atenta e contínua.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A presença de Portugal em Paris -não me refiro à acção que na propaganda turística a Casa de Portugal tem desenvolvido - é, sob o ponto de vista oficial, distante daquilo que seria de desejar. E é preciso que a presença de Portugal ali se efective de maneira a fazer face à propaganda que na imprensa, na rádio e em todos os órgãos de informação é feita contra nós. Precisamos, além do mais, de não deixar corromper totalmente a massa de portugueses que para ali foi arrastada pelas necessidades da vida, que por vezes é dura para muitos, vida dura que os de vida fácil muitas vezes esquecem.

O que têm feito as entidades oficiais nesse sentido?

Paris é a cidade da luz, é uma cidade que a todos nos encanta e alicia e porventura nos faz esquecer os mais instantes e sagrados deveres.

Que eu saiba, e gostaria de ser desmentido, só a Missão Católica Portuguesa, de Paris, desajudada do Estado e dos seus representantes, se tem preocupado com os portugueses humildes que ali abundam cada vez mais.

Já por duas vezes nesta sala se apelou para o Governo no sentido de, a exemplo do que faz a vizinha Espanha, que exuberantemente e pelos mais variados meios protege, auxilia e subsidia a missão de padres espanhóis que trabalham no meio dos seus compatriotas, acompanhar condignamente, como é seu dever e o interesse nacional reclama, a magnífica acção que ilustres sacerdotes da Congregação do Coração de Maria - os padres Joaquim (Monteiro Saraiva e José Vilaça Vaz Pinto, este meu conterrâneo- desde 1958, data em que o primeiro fundou a Missão, vêm desenvolvendo em prol do levantamento do nível religioso, social e patriótico dos portugueses que se estendem por toda a vasta região de Paris e Versalhes.

O Sr. Nunes de Oliveira: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Sim senhor, com todo o prazer.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Apenas umas breves palavras, para corroborar aquilo que V. Exa., e muito bem, está a dizer.

Conheço alguma coisa da acção que vem desenvolvendo em Paris a Missão Católica Portuguesa, no aspecto religioso, social e patriótico, junto dos portugueses emigrados.

Pena é que lá se encontrem somente dois padres e, mesmo assim, a viver e trabalhar com as maiores dificuldades, sendo a sua presença apenas possível pelo auxílio generoso que lhes tem sido dispensado por algumas entidades particulares.

Essa acção é tanto mais útil na medida em que todos sabemos do amparo que os núcleos comunistas procuram facultar aos trabalhadores português, com o fim evidente de os aliciar.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Nunes de Oliveira: - E é assim que muitos portugueses começam a militar no partido comunista e alguns se perdem irremediavelmente.

Vozes: - Muito bem!