Teremos assim, com carácter de premência, o problema existente da falta de casas de renda económica, visto que, presentemente, afora as casas do Património dos Pobres, não tem o concelho uma só casa de bairro económico.

Como é natural, não englobo nesta designação a existência de 72 habitações da Federação das Caixas de Previdência.

Parece-me que não seria exagero dizer que para a solução de emergência deste problema necessário será construir já 3000 casas.

Sei estar adjudicada a construção de um bairro de casas económicas na Quinta do Cedro e que S. Exa. o Ministro das Obras Públicas prometeu mandar construir imediatamente 30 casas para os deslocados da zona ribeirinha. Será esse o começo da resolução de tão aflitivo caso?

Sr. Presidente: não desejo alongar esta minha intervenção para além do que fica dito, e por isso mesmo deixo sem referência os importantes problemas da urbanização da orla marítima, verdadeira sala de visitas do concelho, onde um be m-elaborado plano de aproveitamento turístico poderia fazer dali proveitosa fonte de receita; o problema do saneamento da vila; o problema do abastecimento de água às zonas urbanas; o problema da industrialização do concelho e tantos outros que aguardam a vez de serem objecto de estudo.

Assim, pois, termino, e ao terminar quero deixar aqui os agradecimentos e as esperanças que o povo de Gaia alberga em seus peitos de portugueses, portugueses que são no seu acrisolado amor à Pátria e às suas certezas, agradecimentos que formulam ao Governo da Nação, esperanças que põem em SS. Exas. os Ministros das Obras Públicas, Interior, Educação Nacional e Saúde e Assistência, na certeza de que dos seus estudos sobre os planos que foram presentes resultará em breve a solução das suas mais ambiciosas aspirações.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Jorge Augusto Correia:-Sr Presidente: era já minha intenção tratar do assunto que vou abordar, mas o nevoeiro que ontem pairou sobre Lisboa e que a cobriu de uma névoa espessa veio lembrar-me a necessidade urgente de desta tribuna chamar a atenção do Governo, e em particular de SS. Exas. os Ministros das Obras Públicas e das Comunicações, para uma grande aspiração dos algarvios, grande aspiração e, ao mesmo tempo, problema do mais alto interesse nacional, que é o do aeroporto de Faro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ainda que o encarássemos somente sob o aspecto de aeródromo de emergência, mesmo assim seria problema da maior relevância. Mas, além desse aspecto, outro há, que é o desenvolvimento do turismo, certo de que, sem a criação daquele aeródromo, o Algarve não se pode desenvolver conveniente e turisticamente, perdendo-se assim, para a província e para a Nação, um manancial de divisas, visto que o Algarve é sem dúvida, uma das zonas mais privilegiadas do País, do ponto de vista turístico.

Chamo, portanto, a atenção do Governo para este magno problema.

Noutra ocasião abordarei, relativamente ao turismo, o mesmo problema, mas para já impõe-se tomar medidas urgentes para a sua efectivação.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Tenho o prazer, até porque vou tratar brevemente do problema das ligações aéreas com os Açores, de informar V. Exa. de que o projecto do aeroporto de Faro está já devidamente aprovado para começarem as obras imediatamente este ano.

O Orador: - Congratulo-me com a notícia que V. Exa. me dá.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Moreira Longo.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Soube disso porque pedi essas informações à Aeronáutica Civil.

O Orador: - Mas se V. Exa. o diz, só tenho que agradecer a SS. Exas. os Ministros.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Gamboa de Vasconcelos: eu supunha que o Sr. Deputado Jorge Augusto Correia já tinha terminado as suas considerações e, por isso, até já dei a palavra a outro orador.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: -É que estive à espera de uma oportunidade para interromper o Sr. Deputado Jorge Augusto Correia, mas entretanto ele acabou as suas considerações.

O Sr. Presidente: - Mas eu não recuso a V. Exa. a oportunidade.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Em só para informar que no orçamento da aeronáutica civil, dos 285 000 contos que o Conselho Económico lhe destinou no Plano de Fomento, grande parte é para a construção dos aeroportos de Faro, Porto, Funchal e Lisboa.

O Orador: - Oxalá que essa informação venha a ser um facto.

O Sr. Presidente: - Quer o Sr. Deputado Gamboa de Vasconcelos dizer que estão postas as condições para ser brevemente satisfeito o pedido formulado pelo Sr. Deputado Jorge Augusto Correia.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - Exactamente.

O Sr. Presidente: - Felicito o Sr. Deputado Jorge Augusto Correia.

O Orador: -Está de parabéns o Algarve inteiro.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Moreira Longo: - Sr. Presidente: os jornais de hoje, que só li há momentos, trazem-nos duas notícias que chamam a minha atenção e me parecem dignas de certo relevo, especialmente a primeira.