O Orador: - Elisabethville pode testemunhar à evidência o poder de fogo da O. N. U., que nenhum veto diminuiu ou impediu.

Ninguém duvide, pois, nem mesmo aqueles que não viram um só soldado de capacete azul fazer frente, em Goa, às tropas de Nehru, de que a O. N. U. tem um poderoso exército que se autodetermina perante as autodeterminações territoriais, conforme o vento sopra- do quadrante leste ou oeste, e que a «Carta» indica perfeitamente, logo de início, nas sessões do plenário ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Sr. Presidente e Srs. Deputados: é a altura de os homens de bem se erguerem contra esta dramática farsa.

É a altura de o nosso país virar, mais uma vez, as costas ao areópago da ficção e da mentira.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sei que o nosso representante se retirou já da bancada dessa assembleia de energúmenos para não ter de assistir a mais uma triste e berrada pantomina, anãs é preciso ir mais longe, é preciso abandonar definitivamente aquele mistificador palácio de vidro, onde se vê claramente que não triunfa a paz nem a justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não tenhamos medo de sanções nem de mais usurpações.

Ali, com excepção da Espanha e do Brasil, ninguém é nosso amigo. Todos conspiram na sombra contra nós. Todos esperara apenas a morte da nossa firmeza de ânimo para nos devorarem o corpo, como abutres.

Saibamos, pois, ser dignos de nós próprios e contemos apenas com os próprias forças.

Elas nos bastaram quando em 1928 tudo parecia perdido.

Elas serão mais do que suficientes agora que soubemos amealhar, com honra e proveito, os benefícios de mais de 33 anos de lutas e canseiras.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: a minha alma de açoriano, isto é, de português que no meio do Atlântico intimoratamente guarda há mais de 500 anos as virtudes ancestrais da raça, não me consente que termine este apelo à coragem e ao espírito de sacrifício dos portugueses «de aquém e de além-mar», sem agradecer, mais uma vez, à Providência a dádiva de Salazar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sem o seu génio, sem o seu saber e sem a oferta total da sua vida a Portugal, não era possível, neste momento, erguer altiva a nossa fronte.

Foi ele que nos ensinou o caminho da redenção no passado, é ele que nós conduzirá ao triunfo no futuro.

Unamo-nos, pois, à sua volta, com o ardor da nossa fé e o calor da nossa confiança e todos veremos que, com o auxílio de Deus, que o ilumina, a Pátria será salva.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Continua em discussão a base XXVI da proposta de lei sobre o emparcelamento da propriedade rústica.

Tem a palavra o Sr. Deputado Sales Loureiro.

O Sr. Sales Loureiro: - Sr. Presidente: depois das doutas intervenções ontem realizadas pelos ilustres colegas Deputados Eng.º Vitória Pires e Drs. Alberto de Araújo e Ernesto Lacerda, fica-me a convicção de que o erro em que se labora, no que concerne à coercividade, é o de na sua execução tomar-se a parte pelo todo, o de considerar-se como regra o que mais não é do que excepção.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A coercividade só será aplicada num âmbito restrito e nos casos previstos no articulado da proposta do Governo, assim como nos da alteração apresentada pelo distinto Deputado Dr. Borges de Araújo e mais nove signatários. Os métodos coercivos, no mecanismo da proposta, só hão-de entrar em acção quando a má fé de uns, o egoísmo de outros e o capricho criminoso de uns tantos sejam obstáculos à realização do bem comum e do interesse nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E estes últimos, hoje como ontem, aqui como em qualquer parte, não se compadecem com sentimentalismos que, embora em certos casos compreensíveis, atentam com a legitimidade de um diploma, cujos fins visam a diminuir a quase miséria de uma classe, que é repositório das melhores virtudes da grei.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Temos de ter em conta que a proposta em discussão, embora não sendo panaceia para todos os males da nossa agricultura, como já referi, vem não só abrir novos horizontes às perspectivas económico-sociais dos nossos pequenos proprietários, como ainda aos dessa prestimosa classe dos trabalhadores rurais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nesta época, em que a Pátria luta pela sobrevivência, não são as meias medidas que resolvem os seus problemas!

Vozes: - Muito bem!