garantias de segurança, eficiência prática, duração, rapidez na execução dos trabalhos, de se refugiar na honestidade ou isenção de quem decida a forma dos contratos ou coordene a fiscalização. E este risco fatalmente havia de conter em si sementes de desânimo. Uma solução que o povo tivesse de olhar como monopólio ou favor constituiria fraco prémio ao entusiasmo esperançoso com que toda a região de Manica e Sofala acorreu às umas em apoio do Governo que a defendia.

A passagem de S. Exa. o Ministro do Ultramar pela Beira, num momento crítico, em que em todos os peitos ardia a indignação e a expectativa da invasão da província irmã, foi uma verdadeira lufada de ar fresco; falaram pela sua boca, pensaram pela sua cabeça, e sentiram pelo seu coração de português muitos milhares de almas generosas de, todas as cores e feitios. Bem pode dizer-se que soube, com a sua clareza, dinamizar um portuguesismo nato e até em vias de expressão activa.

A honestidade de Sua Excelência, que tem no Exmo. Sr. Governador-Geral, almirante Sarmento Rodrigues, perfeito equivalente, atrevo-me a confiar estas preocupações do povo, que, indubitàvelmente, reconheceu já que o resto da comunidade portuguesa lhe dedica todo o seu carinho, e deste lhe entrega provas concretas, pela mão dos dois grandes portugueses.

A outra notícia, de indiscutível mérito na apreciação, é a da visita de Sir Roy Welensky, presidente do Conselho de Ministros da Federação das Rodésias e Niassalândia, à nossa província de Moçambique. Levam-no ali, na expressão do noticiário, interesses de permuta económica, da amizade e compreensão do povo rodesiano à nossa presença, e não sei se mesmo o estudo das possibilidades de uma conjugação de esforços no campo da defesa comum. Oxalá que através da visita de Sua Excelência possamos também nós colher as provas expressas do apreço que felizmente nos dedica o seu povo. Angola e Moçambique são pontos chaves na defesa do centro do continente.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Olívio de Carvalho: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: é talvez o professor do ensino secundário o que tem a tarefa mais pesada, de entre todos os graus de ensino. É sobre ele que recaem as maiores responsabilidades, visto que é a ele que a escola primária as transmite ao entregar-lhe crianças no limiar da adolescência para que ele as prepare e entregue à Universidade - e esta queixa-se muitas vezes das suas deficiências. É para ele que a sociedade se volta

quando critica a falta de cultura ou de preparação os jovens alunos dos liceus.

Situado no ponto intermédio do nosso sistema educativo, o ensino secundário, que deve assegurar ainda a sua finalidade própria, é obrigado a receber e a amortecer todos os remoques que lhe vêm dos outros graus.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O papel do professor do ensino secundário é particularmente importante e delicado, em especial no plano técnico.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas este plano é largamente ultrapassado pela evolução das ideias em matéria pedagógica e pela evolução social.

A família, por seu lado, exige cada vez mais que a escola a liberte de certas funções para as quais já não tem competência, nem vagar, nem sequer vontade de exercer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A sociedade, cada vez mais especializada e evoluída, reclama para a servir indivíduos de competências cada vez mais precisas e aprofundadas, mas também indivíduos dotados de uma vasta cultura geral e de uma formação moral elevada, de um carácter capaz de se projectar do plano individual sobre os planos profissional e social.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ora o que está a passar-se nos liceus no que respeita ao recrutamento do pessoal docente tem tomado ùltimamente aspectos tão graves, com tendência para se avolumarem, que é forçoso, e urgente denunciar um estado de anomalia que, a não se remediar, trará as mais desastrosas consequências na preparação e formação da juventude.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na realidade, se para todas as profissões específicas se exige preparação adequada, como pode admitir-se que a grande maioria dos indivíduos que actualmente exercem o ensino nos liceus não possuam a habilitação pedagógica para o exercício da função docente?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Esta situação, que tende a agravar-se de dia para dia, deu origem a um desequilíbrio funcional no recrutamento do pessoal docente, de tal modo estranho que os professores diplomados com o Exame de Estado estão a constituir excepção dentro de cada liceu,...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... pois o seu número é muito inferior ao dos indivíduos que exercem o professorado na qualidade de professores de serviço eventual.

Vozes: - Muito bem, muito bem!