Tive hoje, Sr. Presidente e Sr s. Deputados, a grande satisfação de ler ma imprensa que o Governo aprovou na última sessão do Conselho de Ministros paru as Questões Económicas o Plano de fomento da produção pecuária, a iniciar no corrente ano.

Nas várias alíneas referidas nesse importante documento consideram-se os pontos que se me afiguram tornar eficiente a execução do Plano, tais como: fornecimento de sementes seleccionadas- de plantas forraginosas, crédito, assistência técnica, facilidades de utilização de raças precoces próprias para produção de carne e de leite, liberdade de circulação de carnes e toda uma série de medidas tendentes à efectivação de uma política de preços que, procurando remunerar convenientemente a produção, salvaguarde os interesses do consumidor.

O Sr. Azevedo Coutinho: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Tem a bondade.

O Sr. Azevedo Coutinho: - Era para manifestar também o meu reconhecimento e agradecimento ao Governo por esta medida, que é de facto de uma extraordinária importância, felicitar a lavoura por esta facilidade que lhe é prestada e felicitar o Sr. Prof. Vitória Pires pelo mérito da sua intervenção.

O Orador: - Agradeço a V. Exa. a generosidade das suas amigas palavras. A intervenção não tem mérito nenhum, o plano estava a ser estudado há muito tempo.

O Sr. Azevedo Coutinho: - De todos os modos, há motivo para satisfação geral e para felicitações.

O Orador: - Sr. Presidente: as disposições referidas constituem um todo, que julgo equilibrado, e levam-me ti considerar da mais alta importância e da maior oportunidade o Plano de fomento da produção pecuária.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quero dirigir ao Governo, nomeadamente aos ilustres Secretários de Estado da Agricultura e do Comércio, as minhas homenagens e a mais alta admiração pela obra de inestimável valor nacional que pretendem levar a efeito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Faço ardentes votos para que o Plano de fomento da produção pecuária tenha a eficiência que o Governo e todos nós muito desejamos e fico confiante que sob a superior orientação das duas Secretarias de Estado assim há-de certamente suceder.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sales Loureiro: - Sr. Presidente: de quando em vez é o País alertado por intentonas, rebeliões e boatos, que, nem por serem acções espúreas e locais, hão-de deixar de merecer a melhor atenção do Governo.

O recorte das manifestações, a traça comum que as define, o ambiente que as circunda e os comparsas que nelas comparticipam denunciam a sediciosa origem e obrigam-nos sèriamente a acautelar o futuro.

Assaltos como os do quartel de Beja, manifestações como as de 31 de Janeiro, embora limitadas, no momento em que a Pátria sangra na sua carne e na sua alma, são crimes da mais nefanda traição!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E tanto mais hediondos se revelam os crimes quanto mais neles se fazem participar elementos jovens, que, abandonados a si próprios, aceitam de mãos ignóbeis a vil moeda da perfídia.

Vozes: - Muito bem, muito bera!

O Orador: - Agentes a soldo do estrangeiro, aproveitando o desacerto de uma juventude sem rumo, e de cuja impreparação somos todos responsáveis, vêm num labor de autêntica clandestinidade exaurir as melhores raízes espirituais de uma boa parte da Nação.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Dissipam-se no vício as melhores energias, avilta-se ou inverte-se a escala dos valores e as inteligências obscurecidas de autênticos paranóicos dos nossos dias dementam-se nas lucubrações abjectas de existencialismos ocos; ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... presos os corpos ao ritmo gangsteriano de rocks, afogando um ou outro laivo de consciência no banho imundo da vodka.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E a culpa toda desta juventude, sem alma, verdadeira excrescência do nosso tempo, tem-na, primeiro que tudo, a família, que renunciou à sua sagrada missão, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... capitulando cobardemente, num neutralismo pragmatista, que forçosamente a há-de perder.

Não se pode buscar desculpa para a culpa própria na afirmação de que os tempos mudaram!

Os tempos podem mudar, mas ao homem, como homem, compete-lhe ficar, permanecer igual a si próprio, fiel ao seu destino, livre na sua determinação de querer em si o que é intemporal e, logo por essência, eterno !

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ai do Mundo e do homem quando este se deixa abandonar ao sabor de todas as marés e virações! ...

Perde-se o homem e com ele o sentido da vida, que é luz, a acendalha perene, divina, do próprio Universo.

Assim, só num reencontro do homem consigo mesmo, através de uma vida morigerada, segundo o fio atávico da tradição e em ordem nos valores éticos e metafísicos, que constituem o substrato do nina civilização, está a realização integral do homem como valor social, como valor humano!

E dessa tarefa não pode escusar-se o Estado, já que a escola tem uma função supletiva da família, quando visa à preparação do futuro cidadão.