Mesmo quando a, família falha, é no Estado que compete substituí-la na nobre missão de educar...

Não é, pois, em vão que surge entre nós um departamento governamental que se chama Ministério da Educação !

Mas educar não é apenas conduzir, preparar homens para a vida, é ainda torná-los úteis à sociedade e à Pátria!

Assim o notou o legislador quando atributou o Ministério da Educação dessa expressiva palavra que apelidou de Nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas, insistentemente, perguntamos:

Terá sido sempre nacional a educação que se ministra nos vários estabelecimentos de ensino?

Apontados certos desvios, concretizadas determinadas influências, que por nefastas e dissolventes são antinacionais, terá sido operosa e prestante a nossa acção educacional ?

Deixamos as perguntas em suspenso, certos de que aã respostas não hão-de agradar por completo nos quê tudo querem pela Nação !

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A frente do Ministério da Educação Nacional encontram-se dois dos melhores ornamentos da nossa intelectualidade - estadistas de saber e cultura, que à Pátria têm oferecido os revérberos da sua lúcida inteligência, os proventos da sua rara formação moral e espiritual!

Mas o Ministério e o Subsecretariado, assoberbados com problemas de índole vária, não poderão pelo seu articulado realizar a ingente tarefa que os problemas da juventude tornam cada vez mais complexa!

Assim, sem esquecer toda a relevância do papel da Mocidade Portuguesa na formação de um escol verdadeiramente nacional, dado o limite da sua acção, parece-nos ser chegada a altura da criação de um Subsecretariado da Juventude e Desportos, subordinado ao Ministério da Educação Nacional!

Tal Subsecretariado abrangeria uma compartimentação que exige especial controle e aturada atenção.

Certos indícios recentes de carácter subversivo, o significativo telegrama que o Conselho Juvenil da U. R. S. enviou ao Sr. Ministro da Justiça, e que é uma apóstrofe de calúnias e mentiras, demonstra que se pretende subverter, desnacionalizar a juventude, fazendo ruir pelos alicerces a nossa frente interna.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso se exige no aludido telegrama: «A cessação imediata das repressões em Portugal e libertação dos presos políticos. Liberdade do povo e juventude de Portugal. Liberdade colónias escravizadas».

O Sr. Brilhante de Paiva: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Brilhante de Paiva: - Sr. Presidente: é apenas para pôr uma dúvida. Terá sido a mocidade escolar da união Soviética quem se atreveu a mandar esse telegrama? Não terá sido efectivamente o próprio Governo da União Soviética que se tenha servido do nome da juventude?

O Orador: - Não custa a crer o que V. Exa. admite, sabido como é que o partido na U. R. S. S. comanda todos os actos, todos os homens, como todos os acontecimentos.

Cura, pois, a Rússia com particular carinho, como vimos, das nossas liberdades, que ela com um descaramento inaudito vem malsinando dia a dia!

Sente ela com afagos de madrasta os problemas da nossa juventude e das nossas a colónias escravizadas»!

Repudiamos o biberão do leite moscovita, porque mata o homem pela carência dessas mesmas vitaminas que, como atrás vimos, é pródigo em nós ofertar.

Os objectivos do referido telegrama, como inteligentemente o notou em esclarecido editorial o jornal Ô Século, são por de mais evidentes: provocar «agitação na mocidade portuguesa e alarme perante o Mundo».

Diz ainda o articulista daquele jornal: e Só os ignorantes ou estúpidos podem crer numa liberdade preconizada pelo país que nos tempos actuais escraviza, sem protesto do Mundo, nações civilizadas»!

O que permanece insofismável é a abusiva intervenção de um estado sem qualquer autoridade nos negócios internos de Portugal.

E a esse atrevimento inaudito dos que nos apunhalaram em Goa e no Conselho de Segurança a resposta do País não pode ser outra senão a de que rejeitamos, repelimos, com a maior veemência e firmeza, a intolerável afronta, de uma nação sem escrúpulos que, em cada minuto que passa, calca aos pés a desacreditada Carta das Nações Unidas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tudo isso, porém, revela que somos alvo de uma campanha alicerçada, na guerra ideológica e racial, de extraordinárias proporções, e de que só poderemos sair vencedores se a nossa frente se mantiver coesa e indissolúvel !

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E para tanto temos de robustecer o espírito da nossa juventude para a luta que cada vez mais se avizinha de nós, e da qual importa que saiamos vencedores.

Há que educar os nossos jovens no amor aos ideais sublimes que fizeram da Pátria lusa um exemplo de vitalidade sem par no Mundo desagregado que nos cerca.

Indispensável se torna a criação em cada Faculdade de lima cadeira de Formação Portuguesa, ...

Vozes:- - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... para que os nossos universitários se orgulhem do chão ditoso em que nasceram e não esqueçam de vez os rudimentos de uma formação que, sem continuidade, se perde na poeira do esquecimento!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Há que estabelecer centros de estudos políticos e ultramarinos em todos os meios académicos, para que do debate público das ideias e das doutrinas resultem espíritos sólidos, esclarecidos, imunes às mais deletérias doutrinas!