O Orador: - Sr. Presidente: a análise na distribuição geográfica da população do continente e das ilhas revela que a mesma é bastante desequilibrada. A diversidade nas densidades por distritos é disso testemunho bem eloquente:

Fontes: Anuário Demográfico de 1960 e Resultados Prováreis do X Recenseamento Geral da População, do Instituto Nacional de Estatística.

A evolução nas últimas décadas tem acentuado uma concentração no litoral, sobretudo na região de Lisboa.

Para se ter uma ideia da população atraída ou repelida nos vários distritos do continente transcreve-se o seguinte quadro, relativo ao período de 1940-1950 (cf. a publicação da junta de Colonização Interna considerações sobre o Êxodo Rural e Agrícola):

Estas tendências mantiveram-se no censo de 1960, como se pode concluir do seguinte passo da publicação Resultados Prováveis:

Efectuada a comparação dos dados prováveis relativos a 1960 com aqueles que se referem ao censo do 1950, ressalta que em 169 concelhos com uma população de 6166406 houve um aumento de 744 722 (12,1 por cento) e que em 134 com uma população de 2 335 624 se deu uma diminuição de 116 342 (5 por cento), donde resulta para os 303 concelhos, com uma população de 8 502 030, uma variação total de mais (528 380 habitantes, ou seja mais 7,4 por cento.

É de assinalar que os concelhos que viram diminuída a sua população são, predominantemente, aqueles que constituem as regiões interiores do continente. Na faixa do litoral continental sómente 11 concelhos, dos quais 6 no distrito de Faro (Albufeira, Loulé, Olhão, Silves, Tavira e Vila do Bispo) e 5 de outros distritos (Caminha, Murtosa, Óbidos, Santiago do Cacem e Sines), acusaram decréscimo.

São bem conhecidos os inconvenientes económicos (custos de congestionamento), sociais (proletarização moral e material das massas), demográficos (baixas taxas de natalidade e até saldos fisiológicos negativos) e políticos (cinturas vermelhas) do urbanismo. Mais do que isto: em Lisboa prolifera, mercê do êxodo rural, um sector terciário, próprio de economias subdesenvolvidas, de nefasto valor económico e social.