Fonte: Anuário Demográfico de 1960.

Podemos, em suma, afirmar que os nossos territórios ultramarinos se enquadram nus seguintes tipos, quanto ao aspecto demográfico:

2) Territórios de recepção: Guiné, Angola, Moçambique e Timor;

3) Territórios sui generis: S. Tomé e Príncipe e Macau.

Gabo Verde, cujas oscilações populacionais se relacionam com as crises, poderá talvez comportar um óptimo de população da casa das 180 000 almas. Daqui que nas condições normais de crescimento demográfico se possa aceitar uma transferência anual de 4000 pessoas.

O Estado da índia, cuja densidade em 1950 andava à volta de 150 habitantes por quilómetro quadrado, tem alimentado com a sua população emigrante as mais variadas paragens, desde as cidades do subcontinente asiático à costa oriental da África. A recente ocupação dos territórios do Estado da índia pelo inimigo estrangeiro mais justifica que se estude a possibilidade de dirigir a população de Goa para outros territórios nacionais, nomeadamente Moçambique.

A Guiné, com uma densidade modesta relativamente às possibilidades económicas da província, permitirá, mesmo sem perturbações para o seu normal crescimento demográfico, uniu presença bem mais desejável de população branca.

A densidade de Angola era de 3 ,3 habitantes por quilómetro quadrado em 1950. Se a província tivesse nessa época a densidade de Moçambique, albergaria, em vez de 4 000 000 de habitantes, mais de 9 000 000; e se tivesse a densidade apurada nesse mesmo ano para a Guiné Portuguesa, comportaria mais de 17 000 000 de habitantes!

O panorama de Moçambique, em comparação com o de Angola, é, por sua vez, mais de simples diferença de grau do que de estrutura. A insignificante densidade de 7,3 habitantes por quilómetro quadrado indica que, se aceitássemos uma taxa de crescimento de 2 por cento, seriam necessários 40 anos para que a densidade de Moçambique igualasse a que a Guiné possuía em 1950!

Timor, com uma densidade de menos de 30 habitantes por quilómetro quadrado e melhores perspectivas quanto aos recursos do subsolo, necessita sobretudo de presença branca qualificada que enquadre o esforço e o patriotismo dos seus habitantes.

Quanto a S. Tomé, que, no seu estilo de plantação, já fez apelo a mais de 40 000 imigrantes para mão-de-obra e ainda hoje exige cerca de 20 000, tem-se socorrido sobretudo de Cabo Verde e de Moçambique. Mas o crescimento natural da província (2,9 por cento) leva a pensar que depois de 1980 dispensará o recurso a fontes exteriores. Isto significará igualmente a importância de reformas e valorizações nos sectores empresariais e no unindo autóctone.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Finalmente, Macau é uma terra característica na intensidade da presença chinesa, na exiguidade do território, na possibilidade de convivência de civilizações. E porque tudo aqui é maravilha, o próprio senso positivo do demógrafo terá de ser arreado.

Sr. Presidente: o Decreto-Lei n.º 41 169, que modificou a orgânica e os quadros do Ministério do Ultramar, criou a Direcção-Geral de Economia.

Esta Direcção-Geral passou a dispor da Repartição de Povoamento, cujas atribuições vêm especificadas no artigo 33.º do referido diploma: Organizar, coordenar ou apreciar planos de povoamento;

2. Proceder, na metrópole, à admissão de colonos ou colaborar com as entidades de outros Ministérios a quem esse serviço estiver atribuído, e organizar, em colaboração com a Direcção-Geral da Administração Política e Civil, os programas de emborque;

3. Assegurar o expediente e administração de algumas das verbas referidas no Decreto-Lei n.º 38 200 (estudos e projectos de colonização no ultramar; educação de futuros colonos em estabelecimentos adequados; passagens de colonos pobres e suas famílias, bem como de famílias de sargentos e praças do Exército e da Armada);

4. Superintender nos assuntos relativos à emigração nas províncias ultramarinas e povoamento de algumas das suas regiões.

Simplesmente, a estrutura orgânica desta Repartição e as próprias disponibilidades nunca lhe permitiram realizar uma obra compatível com a magnitude das tarefas de povoamento ultramarino.

Ainda assim, o número de colonos que embarcaram com passagens pagas, no período de 1945 a 1961, ultrapassa os 50 000, como se infere dos seguintes números, gentilmente cedidos pela Repartição de Povoamento, dados, aliás, com algumas reservas para o período de 1945 a 1954: