O Sr. Gonçalves Rapazote: -13 preciso aparecer quem escreva de novo as Geórgicas.

O Orador: - Discordo, inteiramente do Sr. Deputado António Santos da Cunha na parte em que diz não estar disposto a apoiar a criação da escola em. Idanha-a-Nova, porque, se realmente não há tendência para a agricultura em escolas não devidamente especializadas ou localizadas num ambiente rural que atraia os estudantes das escolas agrícolas à terra, menos se encontra essa tendência desde que atiremos esses estudantes para escolas técnicas ou industriais localizadas em centros urbanos e, portanto, sem o ambiente de rusticidade que desperte o interesse nus jovens pelas tarefas da agricultura.

Portanto, o ambiente rústico é necessário para dar à escola a sua razão de sei- e poder fornecer técnicos agrícolas experientes.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. António Santos da Cunha: - Sei perfeitamente que não é no meio das avenidas e em palácios que se pode fazer o ensino agrícola, mas ...

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção do Sr. Deputado Franco Falcão para o facto de estar a atingir o limite do tempo regimental.

O Orador: - Sr. Presidente: eu, isoladamente, tenho estado dentro da hora regimental, mas, como V. Ex.ª tem tido ensejo de observar, tenho sido honrado cora intervenções de ilustres colegas a que não tenho querido deixar de corresponder.

É talvez por isso que estarei a ultrapassar o limite do tempo regimental.

O Sr. Presidente: - Devo dizer a V. Ex.ª que a questão não se pode pôr assim ...

O Orador: - Mas eu não posso enjeitar a honra que me tem sido concedida.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª não a enjeita e eu também não, mas não podemos continuar assim.

O Orador: - Perfeitamente, mas se V. Ex.ª me dá licença vou terminar.

Á divulgação das escolas do ensino agrícola nos seus diferentes graus reveste-se da maior acuidade no momento em que grande número de técnicos têm de ser mobilizados para a execução dos grandes planeamentos e reformas de reorganização agrária em que o Governo está empenhado.

De resto, a intensificação do ensino agrícola não tem apenas como objectivo a formação de técnicos destinados aos serviços oficiais, mas oferece ainda a vantagem de elevar o nível profissional daqueles que, a respeito dos insucessos e da dureza da terra, a não abandonam.

Aparecerão assim os técnicos proprietários, os técnicos rendeiros e os técnicos dirigentes de empresas, que, pondo directamente em prática os seus conhecimentos ou transmitindo-os aos trabalhadores do campo, melhor poderão utilizar os objectivos económico-sociais da exploração agrícola.

A campina de Idanha-a-Nova bem merece uma escola de regentes agrícolas, a bem das aspirações e anseios daquela importante zona e a bem do progresso da lavoura nacional.

É preciso dar à campina movimento e vida educativa, como processo de qualificação e especialização do trabalho agrícola, que desperte na mocidade o interesse pela agricultura e crie uma elite de rurais especializados nas práticas agro-pecuárias.

A formação profissional rural constitui a base específica para a modernização e progresso da agricultura, em harmonia com as novas exigências da produtividade, da rentabilidade, da industrialização e da concorrência dos mercados.

Sr. Presidente: o Sr. Secretário de Estado da Agricultura conquistou o coração de todos quantos em terras beiroas tiveram o prazer de apreciar o seu brilho, a sua simplicidade e a sua cativante simpatia.

Por isso a lavoura da Beira Baixa espera ter também conquistado o espírito esclarecido de S. Ex.ª no sentido de minorar a dor, a angústia e as desilusões que torturam não apenas a actividade agrária daquela região, mas exprimem os clamores e os desunimos de toda a agricultura nacional.

No sector da agricultura o «rumo ao futuro» só será esperançoso e confiante desde que se conceda ao homem do campo a justa compensação para o seu esforço e a indispensável sanidade económica para poder enfrentar as novas técnicas e receber com optimismo os grandes ordenamentos de ordem jurídica.

Está feito o diagnóstico dos males que atormentam aqueles que, a despeito de todas as desilusões, continuam dominados pela vida dura, mas aliciante, da terra.

Falta aplicar a terapêutica que dó vida e saúde à lavoura portuguesa, em defesa de um sector que é a base de toda a vida económica do País.

Mas, Sr. Presidente, para que se possam tornar mais eficientes os planeamentos de exploração, industrialização e comercialização dos produtos, no sentido do só melhorar a situação económica e financeira da lavoura, parece fundamental elevar-se o nível educacional e técnico do nosso empresário agrícola.

O Sr. Prof. André Navarro, com os vastos conhecimentos de distinto profissional e a autoridade de erudito professor de Agronomia, disse há pouco tempo nesta Câmara, com a clareza das suas ideias e o fulgor da sua palavra, que: «Há grande desproporção entre as disponibilidades de técnicos dos vários sectores, com existências mínimas nos ramos ligados à exploração agrícola e florestal».

É este um depoimento abalizado, que peço licença para invocar, em defesa da tese que me propus defender.

E termino fazendo a afirmação de que as reformas agrárias em curso, para poderem revestir-se do necessário êxito, é mister que se façam acompanhar das convenientes medidas político-económico-sociais capazes de fortalecerem as estruturas em que tem de apoiar-se toda a actividade da agricultura nacional.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Vamos passar à discussão na especialidade da proposta de lei sobre o arrendamento da propriedade rústica.