Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - País tão parcelarmente dividido por oceanos necessariamente que tem de ter nas suas forças navais uma base de resistência muito grande, não só para responder eficazmente ao inimigo em tempo de guerra, como para fazer sentir, em tempo de paz, a sua presença em visitas de cortesia e soberania nos mais distantes portos do litoral português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Rocha Cardoso: - Uma verdade!

O Orador: - Que seria de nós, nesta hora difícil, se não tivéssemos podido contar com uma marinha mercante devidamente apetrechada para levarmos aos nossos irmãos de além-mar os meios necessários para a sua defesa terrestre.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para um país marítimo como o nosso, com largos interesses ultramarinos espalhados pelo Mundo, não basta, porém, só a existência dessa marinha mercante. É preciso que ela sinta a protecção de uma marinha de guerra também apetrechada para poder cumprir a sua missão.

A liberdade de comunicações marítimas é absolutamente necessária para nós. E essa liberdade no mar só pode ser mantida com o apoio de uma eficiente marinha militar.

Devo aqui prestar as minhas homenagens à gloriosa Armada Portuguesa - a que me orgulho de pertencer -, pois, mesmo sem dispor dos meios necessários, tem conseguido, com elevado patriotismo e os maiores sacrifícios, levar a cabo a sua importante missão de vigilância e de defesa nas nossas províncias ultramarinas.

O Sr. Jorge Correia: - Haja em vista o que fez em Goa.

O Orador: - O que tem sido esse esforço só o podem avaliar aqueles que conhecem o que u marinha de guerra lhe é exigido com os meios de que ela dispõe. Por isso, maior é a nossa admiração por todos os que no ultramar se mostram dignos de usar o botão de âncora, glória dos nossos maiores de antanho.

Já por duas vezes, nestes últimos tempos, em que o Mundo esta entregue à arbitrariedade da violência e da intimidação, tivemos a prova do que vale e pode a marinha do guerra.

Primeiro, cortados os abastecimentos que recebíamos da União Indiana, foi notabilíssima a acção dos nossos navios de guerra no transporte de tudo o que os portugueses daquela nossa pequena parcela de território precisavam para vencer a crise imposta por essa desumana atitude.

Depois, já numa fase em que era difícil opor resistência à desproporcional luta provocada pela invasão das forças da União Indiana nos nossos territórios de Goa, Damão e Din, foram ainda os canhões do velho Afonso de Albuquerque que responderam ao inimigo, atingindo-o em resposta à sua brutalidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nessa luta que se impunha, perdemos o Afonso de Albuquerque, e a nossa marinha, que já não era rica em material e efectivos para cumprir o papel que lhe está destinado, mais enfraquecida ficou...

Sabemos que os recursos da Nação são limitados e só com muita dificuldade e sacrifício conseguimos ter um dia uma marinha à altura de uma nação, como a nossa, essencialmente ultramarina.

Impõe-se, todavia, uma urgente revisão dos problemas que há muito nos atormentam, de forma a, num futuro próximo, podei-mos dispor de material e pessoal suficientes para cumprirmos a nossa tarefa no mar.

Vozes: - Muito bem!