O Orador: - Como?

A casa arruinada, as finanças em ordem, definida uma política, não haverá já ideais que mobilizem a gente moça das escolas, das Universidades, das fábricas e dos campos?

Vamos buscar esses ideais aos novos conceitos de vida e acharemos forcas e virtudes até aí adormecidas a encherem de novo os corações da gente nova e a torná-los paladinos das novas cruzadas!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Façamos da nossa própria política um acto heróico e, assim, levemos à escola, à Universidade, à fábrica e ao campo a palavra esclarecida das reformas em marcha!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Expliquemos a todos o que pretendemos fazer no campo agrário.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mostremos, e já não é sem tempo, o que vamos fazer no campo da assistência, da previdência e da própria prestação do trabalho.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mostremos o que estamos fazendo no ultramar e deixemos que nessas explanações os rapazes digam, a quem os esclarecer, o que sentem e o que pensam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Levemo-los nas férias a trabalhar nos grandes empreendimentos nacionais, nos grandes povoamentos florestais, nas barragens, etc.

Levemo-los ao ultramar para que no sadio contacto da terra e das gentes se sintam verdadeiramente vinculados a uma pátria multirracial e pluricontinental, mas que o façam em pleno trabalho e consciência desde o arvorar da bandeira nacional às rezas da noite!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só assim poderão transmitir aos vindouros a mensagem de unidade e perenidade que queremos a Portugal!

Mostremos aos rapazes que somos capazes de realizar, dentro da ética do nosso Estado Corporativo, aquilo que outros povos já fizeram, ou estão também a realizar na esfera social, já que é precisamente na consecução da doutrina social cristã que reside, quanto a mim, a nova força anímica capaz de empolgar a mocidade e a única capaz de combater o comunismo!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esta será, com a luta pelo nosso ultramar, a mística que aglutinará e interessará, agora como então, a gente nova.

Temos de realizar mais e mais depressa, temos de dar ao nosso povo nestes anos mais próximos, custe o que custar, doa embora aos que, dizendo-se da Situação, a

ancilosam despudoradamente, as regalias no presente e no futuro e o bem-estar requerido pela época que vivemos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não protelemos problemas que fatalmente teremos de remover por se encontrarem no caminho do nosso tempo, a menos que queiramos confessar-nos incapazes de os resolver.

Vozes:- Muito bem!

O Orador: - Adiar nunca foi resolver, perdendo-se até as vantagens políticas da oportunidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Recuso-me a acreditar, em homenagem à nossa ética, ao nosso Chefe e ao fulgor do espírito latino, que não sejamos capazes do os resolver, se, não abandonando embora a tese do siso, dermos prioridade à tese da honra, mãe dos grandes empreendimentos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Fiéis à tese da honra, neste momento crucial da Nação e em que há fortes razões para a seguir, então sim, a mocidade interessar-se-á plenamente e verterá em epopeia o seu sangue quente e magnânimo, numa afirmação indelével de amor e indefectível patriotismo.

Não esqueçamos que a gente moça, generosa e franca, sempre aberta aos grandes ideais, será o que quiserem que seja aquelas que souberem falar-lhe ao coração!

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Marques Fernandes: - Sr. Presidente: quando a vida de um doente querido corre perigo, nunca são de mais os cuidados médicos e medicamentosos destinados a debelar os males da doença.

A tudo se recorre e tudo é proveitoso na medida em que, com mais ou menos eficácia, se vão restabelecendo forças perdidas.

A economia das populações rurais, designadamente do distrito da Guarda, encontra-se gravemente enferma.

Como representante desse distrito nesta Assembleia incumbe-me bater à porta de quem, de algum modo, possa contribuir para a cura dos achaques provocadores do mal-estar geral de que as suas populações vêm sofrendo.

Assim como o mau funcionamento de um dos órgãos do corpo humano tem repercussões, por vezes graves, noutros órgãos do mesmo corpo, também o estado deficitário em que vivem os nossos meios rurais se repercute noutras actividades.

Sobretudo o comércio sente os reflexos da falta de poder de compra dos que se encontram ligados ao cultivo da terra.

Do diagnóstico feito resulta como mal primário o baixo preço da venda dos produtos agrícolas, agravado com o custo elevado de tudo que o agricultor necessita para o cultivo das terras.