deremos assentar na análise especulativa das condições em que se desenvolve modernamente a economia agrária como nos resultados da experiência vivida frutuosamente em países que, dadas as condições gerais em que decorre a sua actividade agrícola e os princípios jurídicos e político-sociais que informam o seu estilo de vida, podem, seguramente, oferecer-nos sugestões aproveitáveis. A organização corporativa tem patrocinado e apoiado a constituição de cooperativas e suas uniões, pondo por tal via ao serviço da lavoura um magnífico instrumento de valorização da actividade agrícola.

E desta forma o surto do movimento cooperativo da lavoura é, no nosso país, inegável e proveitoso - como o atestam os lagares e adegas cooperativas, as cooperativas leiteiras, com suas federações e uniões, as cooperativas de produção de batata-semente, as cooperativas ovinas e apícolas, as mútuas seguradoras de gado, as associações de regantes e as caixas de crédito agrícola mútuo - e tantas outras associações agrícolas de base cooperativa que vêm prestando à lavoura inestimáveis serviços.

A Igreja tem apoiado o cooperativismo agrícola com tanto maior carinho quanto é certo que o vê ao serviço da pequena empresa familiar, que precisa de amparo para subsistir e fruir das vantagens técnicas de que gozam as empresas maiores.

Na verdade, como disse S. S. Pio XII , «a pequena e média propriedade agrícola ... devem ser garantidas e favorecidas e os vantagens próprias das grandes empresas advir-lhes-ão da união em cooperativas». (Alocução de 1 de Setembro de 1944; idem, na Alocução aos agricultarei da Itália, em 18 de Maio de 1955).

Também noutro momento o Soberano Pontífice teve ocasião de precisar este pensamento, ao dirigir-se, em 25 de Junho de 1956, aos beneficiários da reforma agrária: «... vós verificais também o especial interesse das cooperativas, que vos permitem, conservando as vossas pequenas propriedades, beneficiar de vantagens geralmente reservadas às grandes explorações: instrumentos modernos de trabalho, benfeitorias nas terras, sementes seleccionadas, possibilidades de compra e venda nas melhores condições ...».

Mais tarde, em 1957 (Carta ao Cardeal Siri, 18 de Agosto de 1957), Sua Santidade aborda o mesmo tema: «o nosso vivo desejo é que ... seja favorecida, em toda a parte onde é possível, a difusão da empresa agrícola familiar economicamente eficaz a qual, quando convenientemente apoiada pela organização cooperativa e defendida pela associação profissional, representa um baluarte de sã liberdade, um dique contra o perigo do urbanismo ...». A base XVI foi moldada dentro deste espírito - nos quadros de um movimento cooperativo cheio de possibilidades e inerentes limitações, mas que, conduzido e orientado dentro de sãos princípios e das melhores tradições de solidariedade da gente dos campos, se integra no ideal corporativo, actuando em domínios em que a associação profissional já não deve penetrar sem riscos de perigoso desvirtuamento de objectivos. A base XVII não carece de justificação. Nela se prevê a colaboração entre as Casas do Povo e a Junta de Colonização Interna na preparação de colonos e ainda a concessão de subsídios a instituições particulares que se dediquem à formação profissional dos trabalhadores rurais.

Secretaria, de Estado da Agricultura, 2 de Março de 1962. - O Secretário de Estado da Agricultura, João Mota Pereira de Campos.