A Bolívia, a Universidade de S. Francisco Xavier, de Sucre.

O Canadá, a Universidade Católica de Otava e as Faculdades de Teologia de Montreal e de Quebeque.

Os Estados Unidos, a Universidade Católica de Washington e os Estudos Teológicos de Boston, e de Emery, na Geórgia.

O Líbano, a Faculdade de Teologia de Beirute.

As Filipinas, a Universidade de S. Carlos.

A Nova Zelândia, a Faculdade de Teologia de Dumedin.

E Portugal? Neste aspecto, deixo que o silêncio articule uma resposta expressiva e eloquente, que dispensa supérfluos comentários.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não se diga que a Faculdade de Teologia, nos anos que precederam o seu desaparecimento, enfermava de certas máculas de laicismo que poderiam pôr em risco a ortodoxia do seu ensino.

O argumento improcede por excessiva candura.

Ninguém acreditará, por certo, que esse escrupuloso receio fosse a causa que determinou os políticos dessa época a fomentarem a sua extinção.

Além disso, não é admissível que, pela presumível sombra de alguns dias, se esqueçam muitos séculos do mais rútilo esplendor.

O mérito das instituições não se afere apenas pelos ecos da sua agonia, mas sim pela estrutura do seu conjunto na trajectória da sua existência, pelas repercussões dos seus impulsos doutrinais e pela longitude do clarão em que se move a galeria dos seus valores.

Hoje ninguém pensará restaurar uma Faculdade de Teologia cuja linha ascensional não seja demarcada, rigorosamente pelo alto magistério da Igreja Católica.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Poderá ainda dizer-se que a Faculdade de Teologia representará um óbice à criação de uma Universidade Católica, que, presentemente, constitui o sonho legítimo e dourado do nosso eminente Episcopado.

Não se descortina fundamento plausível para tal receio.

A Faculdade de Teologia não exclui, de forma alguma, a Universidade Católica, antes, pelo contrário, com ela se concilia, estimulando-lhe um ambiente mais propício, incentivando a sua marcha, coadjuvando-a nos seus labores de investigação.

E será demasiada ambição desejar para um país de muitos milhões de habitantes dispersos pela metrópole e pelo ultramar duas Faculdades de Teologia, uma patrocinada pelo Estado e outra pela Igreja?

Vozes: - Muito bem, muito bem?

O Orador: - Não tem o País três Faculdades de Medicina, três Faculdades de Letras, muitas Faculdades de Ciências e de Técnica e duas Faculdades de Direito? E a população nacional é constituída, na sua maioria esmagadora, por católicos.

O grande objectivo será: restauração imediata da Faculdade de Teologia na Universidade de Coimbra e criação, em momento que o nosso venerando Episcopado considerar oportuno, de um Instituto Universitário Católico.

São bem expressivas as palavras de S. E. o Sr. Cardeal-Patriarca, que foi aluno do último curso da Faculdade de Teologia, constantes dê uma entrevista concedida à revista Perspectivas, em Dezembro de 1961.

A restauração da Faculdade de Teologia seria para o antigo aluno e diplomado nela uma grande alegria; ele não se dispensaria de a saudar com lágrimas de saudade.

Mas não basta uma Faculdade de Teologia às exigências hodiernas da formação superior das elites católicas, eclesiásticas e secular. Não se pode prescindir de um Instituto Universitário que esteja presente e ilumine todo o campo da cultura.

Mas poderá aduzir-se, contra esta tese, uma possível insuficiência escolar para a Faculdade de Teologia e Instituto Católico.

Parece inaceitável tal argumento.

Com efeito, o valor de uma Faculdade deve dimensionar-se menos pela quantidade numérica dos seus alunos e mais pela excelência do ensino ministrado.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Depois, temos de convir que a população estudantil tem, nos últimos anos, alimentado de forma impressionante.

Acresce que a Faculdade de Teologia não ficará restrita a eclesiásticos, mas patente a todos os que se preocupam com os altos problemas do espírito.

Nem tão-pouco os seus diplomados leigos deverão preocupar-se com a futura colocação, pois esta ficar-lhes-á assegurada, além do mais, nos quadros do magistério.

Também não constituirá dificuldade o problema da sua instalação e da sua dotação orçamental.

A instalação provisória para o momento presente e a definitiva no conjunto universitário já foram devidamente ponderadas pelo magnífico reitor no seu esclarecido relatório pertinente ao transacto ano escolar.

A sua dotação não deve constituir dificuldade de grande monta.

Com efeito, será lícito argumentar com o magnífico reitor que, se Portugal é país de católicos, o dinheiro dos portugueses é dinheiro de católicos.

Ora é lógico e justo que do dinheiro dos católicos se retirem as verbas para servirem as suas instituições de cultura superior.

E neste estádio do pensamento humano, em que tanto se fala em justiça social, sempre se poderá dizer que esta é a maneira de a Igreja ser ressarcida dos bens de que o Estado se apoderou desde o advento do liberalismo, e que por ponderosas circunstâncias não pode restituir in totum.