gressos na energia nuclear e a existência de relativamente grandes disponibilidades de recursos hídricos susceptíveis de serem utilizados na produção de energia e em outros fins de relevo económico são factores que têm de ser cuidadosamente ponderados.

O programa do desenvolvimento dos recursos hídricos não seguiu a linha recomendada nestes pareceres, que é a da unidade, das bacias hidrográficas com o objectivo de fins múltiplos.

Preferiu-se repartir a produção por uma dezena de empresas que operam até nas mesmas bacias hidrográficas, numa produção que só atingirá 3000 x 106 Kw em 1961.

Os atritos que se levantaram ou podem levantar ainda na planificação dos recursos- de bacias hidrográficas vizinhas ou até distantes, as opiniões que de vez em quando sobem à superfície sobre se devem ser preferidos fios de água com apoio térmico ou reservas hídricas interanuais ou anuais, a própria substância dos financiamentos de empresas mistas que obtêm grande parte dos seus c apitais do Estado, de organismos sob sua égide, ou ainda de autofinanciamentos volumosos por ele consentidos, são circunstâncias que afectam o problema da energia.

E a pressa com que de vez em quando se iniciam obras ainda não completamente amadurecidas nos seus diversos elementos hídricos, geológicos, de interdependência hidrográfica e outros mais tarde reconhecidos insuficientes, com prejuízo para os escassos investimentos nacionais, toda uma série de pormenores de diversa natureza, dificultam a clara visão de um problema que necessitaria de ser resolvido em conjunto nos seus aspectos económicos e financeiros, de modo a obter custos de produção mais baixos do que os actuais e a aproveitar integralmente os recursos disponíveis.

De outro modo muitas indústrias não poderão gozar de condições de concorrência, ainda até no caso de melhorarem as suas condições de produtividade. Com pequenas alterações ainda se manteve em 1960 o sistema fiscal de anos anteriores.

O aumento de receitas ordinárias foi grande, e como o volume das despesas extraordinárias atingiu elevada cifra, vão muito para além do nível de 1959, que se aproximou de 9 778 000 contos, as receitas totais de 1960.

A diferença para mais avizinhou-se de 1 627 000 contos, o que é muito num curto prazo de tempo, e pode traduzir-se em prenúncio sério de dificuldades financeiras que, aliás, se fizeram já sentir em embaraços de financiamentos no fim do ano.

O grande acréscimo das despesas extraordinárias, que se elevaram a 3 558 000 contos, comparáveis a 2 398 000 contos em 1959, exigiu reforço considerável do recurso a empréstimos, que subiram a 1 559 000 contos, porque os excessos de receitas ordinárias não passaram de 1 812 000 contos.

Hão-de ler-se adiante, ao serem examinados os diversos capítulos orçamentais, as razões do aumento de despesa e a causa da necessidade de tão grande recurso a empréstimos.

Numa economia de circuito fechado, em que o movimento de capitais externos é limitado e os investimentos da mesma origem são muito resumidos, o recurso por parte do Estado ao mercado de capitais provoca, quando excessivo, perturbações de diversa natureza, que se reflectem na economia privada, em especial no que diz respeito a investimentos.

As exigências financeiras nos próximos anos provêm de diversas origens, mas duas ocupam posição fundamental.

Em primeiro lugar, um plano de fomento ambicioso, no que diz respeito a investimentos, considerada a relatividade do mercado nacional, está em pleno andamento. Iniciaram-se já obras, algumas insuficientemente orçamentadas, que terão de ser acabadas ainda que se lhes reconheça menor reprodutividade do que a inicialmente prevista. Talvez houvesse conveniência em rever cuidadosamente o Plano de Fomento. É até provável que a impossibilidade de financiamentos o imponha. Por outro lado, as circunstâncias internacionais, a que se alude noutro passo deste parecer, exigem o consumo de elevadas quantias na defesa nacional.

Já em 1960 se fizeram sentir os gastos com essa finalidade, que atingiram cerca de 3 000 000 de contos.

No horizonte político desenham-se nuvens sombrias nesta matéria e os consumos na defesa nacional hão-de certamente ultrapassar limites optimistas. O País deve estar preparado para enfrentar dificuldades sérias em matéria de financiamentos.

Estes pareceres têm vincado há muitos anos estas dificuldades e aconselhado o caminho para as reduzir ao mínimo. As receitas provêm de uma percentagem para o Estado do produto nacional. Só é possível aumentá-las em escala apreciável quando este melhore proporcionalmente.

A possibilidade do próprio recurso ao empréstimo depende da poupança interna que também é consequência, por sua vez, do rendimento nacional.

Todos os caminhos, seja qual for o ponto de partida, vão dar ao mesmo lugar - e esse lugar é, sem dúvida, aquele que implica maiores rendimentos.

Vincadamente, às vezes com ênfase angustiosa, se procurou chamar a atenção, através destes pareceres, para esta premente necessidade de olhar a sério o aumento da produtividade nacional e de orientar os investimentos para os fins mais reprodutivos.

Esperemos que as imposições de ordem nacional e internacional de defesa consigam fazer o que os pareceres ainda não conseguiram. As receitas totais atingiram 11 404 000 contos, e, destas, 9 590 400 contos são receitas ordinárias. Tiveram uni aumento sensível, da ordem dos 755 800 contos, em relação a 1959.

No último quadriénio as receitas ordinárias, em milhares de contos, foram as seguintes:

1960 ................. 9580,4