Além disso, esta inversão de posições foi acompanhada de uma redução do total, que se reflectiu na província de Angola, cujo saldo passou de 8679 para 3865, enquanto Moçambique acusava um acréscimo de cerca de 1 milhar.

Esta quebra de ritmo no povoamento de Angola é merecedora da maior atenção, pelas consequências que dela poderão advir para o desenvolvimento económico daquela província, caso venha a manifestar-se como tendência, o que se espera não aconteça. O considerável desenvolvimento das despesas ordinárias nos últimos anos dá aspecto novo à Conta Geral do Estado. Influi nela de duas maneiras: de um lado, o aumento de despesas extraordinárias implica o recurso ao empréstimo em escala cada vez maior e assim eleva o encargo da dívida pública que pesa nas despesas ordinárias; por outro lado, a influência do orçamento nos consumos, que já em 1960 se avizinha de 12 milhões de contos, torna a conjuntura mais dependente da política governamental.

O acréscimo das despesas extraordinárias provém de duas causas fundamentais: necessidades de financiamento do Plano de Fomento, que vão para além do que se estimara, e acontecimentos de natureza externa que obrigaram a gastos anormais na defesa nacional.

A questão do financiamento começou a ter acuidade em 1960, em dificuldades nas emissões de títulos, e ainda mais se fez sentir nos começos do ano seguinte. É problema que necessita de ser visto à luz das realidades e que implica desvios de despesas de obras menos reprodutivas, ou sem reprodução imediata, para outras em que a relação capital/produto seja o mais baixa possível. Todo um trabalho de selecção e prioridades precisa de ser ordenado rapidamente, de modo a evitar maiores dificuldades no futuro. Ainda foi possível cobrir com excessos de receitas ordinárias uma parcela substancial das despesas extraordinárias, mas, embora volumosa, essa parcela em percentagem está muito aquém da de há uns anos.

Assim, em 1960, os excessos de receitas ordinárias atingiram 1 812 800 contos, mais 326 700 contos do que em 1959. Esses excessos serviram para pagar um pouco menos de metade das despesas extraordinárias, enquanto nalguns anos a percentagem fora superior a 90. Ainda em 1958 os excessos de receitas ordinárias cobriram em 82,5 por cento as despesas extraordinárias.

A seguir indicam-se os excessos de receitas ordinárias nos últimos seis anos:

Embora neste aspecto seja satisfatório o comportamento das receitas ordinárias, o desenvolvimento excessivo das despesas extraordinárias exerce considerável

pressão sobre os recursos financeiros. Mas a subida das despesas extraordinárias foi muito superior a um milhão de contos, como se pode ver no quadro a seguir, que mostra as receitas e despesas extraordinárias nos últimos dois anos:

Querem as cifras dizer que foi preciso encontrar recursos que cobrissem 1 744 000 contos, além dos que provieram do excesso de receitas.

As receitas extraordinárias são formadas por empréstimos, saldos de anos económicos findos, e outras de diversa proveniência, estas últimas geralmente pequenas. Para ocorrer ao aumento dos gastos extraordinários foi necessário avolumar as receitas e recorrer a empréstimo em maior escala. O desenvolvimento das receitas extraordinárias consta do quadro que segue, onde se tenta actualizar o seu valor em termos constantes de escudos de 1938 e 1960 com o emprego do índice de preços por grosso de 1927: