Em 1959 compraram-se no exterior, para preencher o déficit do arquipélago, 38 483 contos de substâncias alimentícias, em grande parte em território nacional.
Em 1960 a importação destes produtos subiu para 87 805 contos.
Apesar dos esforços desenvolvidos para melhorar com a produção interna as condições de abastecimento de géneros agrícolas, parece que tudo indica ser impossível neutralizar as crises derivadas da falta de chuva.
Os pareceres têm advogado a necessidade de explorar as possibilidades de instalação de indústrias, visto não parecer virem a dar resultados satisfatórios os investimentos, que têm sido feitos em relativamente grande escala, ultimamente canalizados para o arquipélago.
Existem, segundo recentes estudos, elementos que permitem assegurar futuro razoável em certas actividades industriais, como a do peixe, das pozolanas, das derivadas do sal e outras.
A própria existência de um porto em posição geográfica conveniente para o tráfego marítimo entre as Américas, África e Europa sugere a possibilidade de actividades industriais ligadas com a sua exploração, como as indústrias de óleos e derivados. O futuro de Cabo Verde depende muito do vigor e originalidade com que forem solucionados os seus problemas económicos.
O auxílio da metrópole, sob a forma de empréstimo e subsídios reembolsáveis, ou não, tem amparado a província nos últimos anos. Ainda que fosse possível manter ininterruptamente esse auxílio, não parece que seja forma própria de existência. A instalação de todas as possíveis actividades económicas, como as já mencionadas, é condição de progresso provincial.
Comércio externo
Com efeito, há grandes importações para abastecimento da navegação que têm contrapartida nas exportações para idêntico fim. Não há coincidência entre o que entra e sai, e assim o saldo varia entre largos limites, que dependem justamente das entradas e saídas de combustível.
Em 1960 o saldo negativo da balança de comércio parece ter melhorado apreciavelmente, visto ser de 12 300 contos, que se compara com 59 300 contos em 1959 e 67200 contos em 1958. A realidade é outra, se se abstrair do comércio de óleos combustíveis, como se verificará mais adiante. Tal como mostra a estatística do comércio externo, as cifras são as que seguem:
No último ano o saldo negativo de 42 300 contos teve origem em menores importações (menos 30 100 contos). A baixa nas exportações aproximou-se de 13 100 contos em relação a 1959. Na importação incluem-se 162 116 contos de óleos combustíveis.
Nos 306 500 contos, números redondos, de exportações há 288 173 contos referentes também a óleos combustíveis. Assim, as exportações provenientes de actividades ou recursos, próprios da província limitaram-se a 18 300 contos, números redondos.
O déficit comercial, abstraindo as cifras do comércio de abastecimento à navegação, elevou-se em 1960 a 169 000 contos, contra 88 300 contos em 1959. A situação piorou consideràvelmente, em parte devido à falta de chuvas, às baixas produções agrícolas e, portanto, à necessidade de grandes importações para alimentação.
No quadro a seguir indicam-se as cifras da importação e exportação para certo número de anos: