O ano de 1960 não foi propício para a economia da Guiné. E caracterizado por grande baixa nas exportações, por acréscimo nas importações e por agravamento no déficit da balança do comércio. Se estão certas as cifras, o déficit atingiu 196 000 contos, o que é considerável para um pequeno território de economia reduzida.

Parece que os planos de fomento e o gasto de somas elevadas ainda não influem no comércio externo. Mantêm-se os déficit a, cada vez mais acentuados nos últimos anos.

Possivelmente a influência desses planos repercute-se na produção para consumo interno, e se assim for hão-de naturalmente ter melhorado o nível de vida. Mas não se possuem elementos para fazer esta afirmação.

Já se disse em pareceres anteriores que o mal de que enferma esta província é a sua dependência, em matéria de trocas externas, da exportação de dois produtos, ou talvez com mais propriedade se possa dizer de um único produto, que é o amendoim. E no que diz respeito a cons umos, a metrópole ocupa um lugar quase exclusivo. Mas o comércio importador é quase totalmente feito com o estrangeiro. De modo que a economia da Guiné, nas suas relações com a zona do escudo, é altamente deficitária.

A situação agravou-se muito este ano, como se verificará adiante.

Não haverá possibilidade de modificar este estado de coisas e melhorar o sentido das .trocas comerciais?

Parece que os planos de fomento deviam ser orientados num sentido de utilidade imediata, num sentido que procurasse aumentar a produção de géneros exportáveis, e que a importação se desviasse, na medida do possível, para a metrópole.

Comércio externo As cifras do comércio ainda não tomaram forma definitiva. O relator destes pareceres sabe que há necessidade de publicar todos os anos correcções de números fornecidos anteriormente, e nalguns casos as correcções são muito apreciáveis, como acontece este ano, em que o déficit da balança do comércio de 1959, que havia sido indicado como sendo de 22 046 contos, aparece corrigido para mais do dobro, ou 44 665 contos, devido ao erro da cifra da importação. Esta aparecera como sendo de 220 665 contos, e afinal foi corrigida para 243275 contos. Os serviços de economia que fornecem os números deveriam montar a colheita dos elementos de modo a não serem necessárias correcções tão volumosas.

Em 1960 aumentou o volume e o valor da importação de mercadorias, e diminuiu também em volume e valor a sua exportação. E os aumentos e diminuições são -muito grandes, o que trouxe um déficit que ultrapassa por muito os deficits de anos anteriores. Há qualquer coisa que não joga bem neste fenómeno de contínuo aumento de déficit e em proporção tão alta como em 1960, visto ter atingido 196 027 contos, no dizer da estatística. O déficit foi muito superior à exportação.

O quadro a seguir dá a súmula do comércio externo desde 1953, com os números corrigidos:

A situação começou a piorar em 1957. Desde então os deficits têm sido sempre superiores a 40 000 contos. Mas a subida para quase cinco vezes mais, ou 196 000 contos, números redondos, ultrapassa todas tis previsões. Também se não compreende bem o aumento de importações, que de 243 000 contos em 1959 passaram para 322 000 contos. A não ser que se tivesse dado um grande surto nos consumos ou importado apetrechamento industrial ou agrícola de relevo. O volume das importações subiu muito. A cifra de 1959, corrigida, passou de 30 727 t para 35 322 t. Desde 1955 o aumento anda à roda de 12 743 t. Este facto mostra progresso sensível, tanto mais que teve correspondência nos valores. Não foi, porém, acompanhado nas exportações.