As exportações também diminuíram, embora por soma relativamente baixa, cerca de 21 926 contos. Deve desde já indicar-se que esta menor valia nas exportações se verificou a despeito de ter aumentado muito o volume de mercadorias. Em 1960 exportaram-se mais 292 636 t do que em 1959, com um valor inferior ao daquele ano, como se viu acima.

Houve ligeiro declínio em produtos ricos, como o café, tanto no valor como no peso, e aumento na exportação de mercadorias pobres, como os minérios de ferro.

Estes dois factos conjugados levaram à redução do preço unitário em proporções maiores do que a verificada nas importações. Esse preço passou de 3613$ em 1959 para 2773$ em 1960.

E notável o aumento contínuo do volume das exportações de Angola, que já atingiu l 285 000 t, com um número-índice, em relação a 1939, da ordem dos 469. O ritmo ascensional mais rápido teve lugar a partir de 1950. Infelizmente, este incremento no volume não foi acompanhado pêlos' valores. O preço unitário .da mercadoria exportada declinou de 6052$ em 1954 para 2773$ em 1960, mais de 50 por cento.

A seguir inscrevem-se as quantidades exportadas, seus valores e preços unitários, com os respectivos números-índices na base de 1939 igual a 100: A análise pormenorizada das cifras revela-nos factos de interesse. Tomando como base de comparação os dois anos extremos do quadro - o de 1950 e o de 1960 -, verifica-se uma diferença de 765 965 t. A que atribuir tão rápido aumento na exportação em tonelagem sem correspondência adequada no valor?0

Não houve exportação de minérios de ferro em 1950 e em 1960 saíram de Angola 545 800 t. Deduzindo-as da exportação de 1960, obtém-se a cifra de 739 800 t, que representa n exportação da província, excluindo esses minérios: Esta é a cifra que deve ser comparada com os 519 639 t de 1950. O aumento de exportação nos últimos dez anos foi de apenas 220 100 t.

O aumento da tonelagem de minério exportado permitiu melhoria nos valores absolutos, mas o preço unitário flectiu apreciavelmente. O próprio valor da tonelada de ferro exportada se reduziu de 295$ para 278$, o que não é bom sinal.

Quanto ao valor unitário das mercadorias exportadas, sem os minérios, também houve a diminuição de 5320$ para 4615$. Quer dizer que o valor das mercadorias produzidas e exportadas de Angola tende a diminuir, em parte devido a mais baixas cotações, como no caso do café, e em parte devido à diversificação no que se produz, que atinge agora também produtos mais pobres, e menor preço relativo. O caso não é para lamentar, se houver o cuidado de apurar as qualidades da produção, com o fim de atingir índices de produtividade que assegurem concorrência, e de se produzir em quantidades substanciais. Há campo largo para actividades de produtos de maior valor, como na celulose e derivados da madeira, e transformação local de produtos agrícolas.

A seguir indicam-se as vicissitudes da exportação de alguns produtos angolanos:

Os números são expressos em milhares de toneladas. A ascensão do café foi quebrada em 1960 e espera-se que seja momentânea a quebra. A farinha de peixe continua em franco declínio e é já menos de metade do que foi há três anos. No açúcar e no sisal parece ter-se dado recuperação digna de registo.

Não há razão para que não se produza muito mais açúcar em Angola.

O surto de 1960 e a próxima entrada em vigor de produções na bacia do Cuanza devem melhorar esta exportação. O caso do sisal, previsto nestes pareceres, é de bom augúrio, embora haja concorrências de peso na sua ascensão.

Como se tem feito notar em pareceres anteriores, ainda persistem no quadro cifras que o escurecem, e algumas até lá não estão.