O progresso acentuado do tráfego ferroviário e portuário nos últimos anos, com especial incidência nas receitas da província e nas entradas de cambiais, tem impedido dificuldades na balança de pagamentos, que, no entretanto, apresenta saldos negativos nos últimos anos. Embora a posição do fundo cambial não seja de molde a causar apreensões, dado o volume dos seus saldos, o contínuo déficit da balança do comércio, em volume que ultrapassa limites de segurança, precisa de ser visto à luz de possibilidades no futuro.

Apesar dos esforços que parece terem-se realizado no sentido de produzir mais para consumo interno e para exportar, as cifras indicam relativamente pequeno aumento nas exportações dos últimos quatro anos. Pelo que respeita ao volume exportado, deu-se um decréscimo de mais de 100 000 t entre 1958 e 1960, embora o valor melhorasse em cerca de 70 000 contos. O ritmo das exportações precisa de ser avivado. Um considerável déficit, da ordem de l 500 000 contos, num total de exportações que mal ultrapassa 2 000 000 de contos, põe a economia da província numa posição instável, em equilíbrio precário, que depende da intensidade da vida económica de países vizinhos.

Não se pretende que Moçambique se baste a si próprio. Países novos, com as possibilidades agrícolas e até industriais deste território, não podem de um momento para o outro aspirar à autarquia económica. As importações volumosas de utensilagem mecânica e eléctrica, além do material para melhorar a situação dos transportes e comunicações, levarão sempre à necessidade de produtos de origem externa, mas não parece ser impossível tornar a província menos dependente das receitas dos serviços que presta a países vizinhos.

Um esforço no sentido de maiores produções internas, variando a gama das produções actuais e intensificando estos, como aliás aconteceu com algumas em 1960, é, no entender do relator das Contas, de urgência premente. Um dos obstáculos ao desenvolvimento de países novos, não apenas em territórios portugueses, residiu durante muitos anos na existência de poucas vias de comunicação, e mal conservadas na maior parte dos casos. Por isso, logo no início da publicação destes pareceres, em 1954, se pôs como uma das necessidades fundamentais a construção de uma rede de estradas quê interligasse as zonas de melhores possibilidades agrícolas com a rede ferroviária existente, hoje acrescida do caminho de ferro do Limpopo. E também então se recomendou o desvio do maior somatório possível de investimentos disponíveis para fins mais reprodutivos, e em especial para aqueles que tendessem à produção de géneros de exportação ou de consumo interno.

Considerou-se então que as comunicações e maior intensidade de povoamento europeu eram condições fundamentais de estabilidade e progresso.

O nível de produção de bens e serviços define o grau de prosperidade de todos os países. Elevar ao mais alto grau possível esse nível, até em detrimento de obras adiáveis ou de fraca reprodutividade, parece ser neste momento condição de progresso em Moçambique. A estabilização da sua balança de comércio exige um grande esforço no sentido de melhoria na exportação, já que não parece possível reduzir apreciavelmente o valor e as quantidades das mercadorias importadas.

Comércio externo A importação e a exportação de Moçambique em 1960 aumentaram por quantias sensivelmente iguais, apenas mais 877 contos na exportação. De modo que o saldo negativo de 1960 é idêntico ao de 1959, de cerca de l 547 000 contos.

O notável paralelismo entre os valores dos dois termos do comércio externo de 1959 e 1960 ressalta dos números que seguem:

A situação melhorou no que se refere à relação entre o déficit e o total das- exportações. Este aumentou, mantendo-se aquele. Assim, a relação entre um e outro desceu para 73,7 por cento, em vez de 81,3 por cento em 1959. O esforço na produção de géneros para exportar traduziu-se em perto de 200 000 contos a mais, apesar da baixa na tonelagem, o que equivale a dizer que houve sensível melhoria no valor unitário. Ponderando este último facto já as coisas não apresentam o aspecto optimista que derivaria de maiores valores na exportação. Os valores unitários na importação e exportação têm vindo a aumentar. As alterações em 1960 foram